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Entre olhares que revelam profundas incertezas e manifestações de apreensão, representantes dos setores público e privado em Washington – um dos bastiões democratas dos EUA – optaram por não fazer grandes previsões sobre o desfecho das eleições presidenciais em conversas com profissionais brasileiros durante a 6ª Missão Internacional do Instituto de Relações Governamentais (Irelgov).
Essa cautela reflete não apenas a complexidade do cenário político atual, mas também o reconhecimento da imprevisibilidade que permeia o processo eleitoral no país.
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Kamala Harris fundamenta seu discurso na ideia de “virada de página” e na luta contra aqueles que buscam restringir os direitos dos cidadãos americanos. No entanto, ela tem adotado posturas mais centristas em relação à temas-chave para angariar mais eleitores. Em contrapartida, o discurso de Donald Trump ressoa fortemente entre os que acreditam que um maior protecionismo é a chave para o próximo governo, valorizando a nostalgia das grandes eras americanas.
Embora pareça improvável que essa retórica mude, há um consenso entre os habitantes de Washington: espere o inesperado do candidato republicano. Essa imprevisibilidade torna o cenário político ainda mais intrigante e desafiador à medida que as eleições se aproximam.
Dados da recente pesquisa Pulse do Public Affairs Council revelam um cenário alarmante para esta eleição. Quase metade (49%) dos americanos prevê protestos violentos caso Trump perca a disputa. Além disso, mais de dois terços da população (68%) acreditam que a desinformação influenciará o resultado das eleições, um aumento em relação aos 63% da eleição anterior.
Para as empresas brasileiras atuando em setores de interesse do governo americano, como tecnologia, transição energética e segurança alimentar, será crucial não apenas acompanhar o desfecho das eleições nos EUA, mas também se preparar para os possíveis impactos da política internacional.
Enquanto as equipes técnicas do governo americano se preparam para lidar com os efeitos de um possível realinhamento ideológico de suas lideranças, assegurando a continuidade de pautas relevantes para a agenda bilateral com o Brasil, cabe às empresas brasileiras fortalecerem a relação público-privada em nível nacional e apresentarem para o governo brasileiro suas prioridades em relação aos EUA.
Em um cenário onde ambos os candidatos buscam reduzir a dependência das cadeias de suprimento americanas em relação à China, a diferença estará em “como” o vencedor fará isso. Diante desse panorama, cabe ao Brasil agir proativamente para se posicionar de forma estratégica no contexto internacional, garantindo que a agenda bilateral não perca impulso.
Embora a incerteza em torno das eleições em Washington seja palpável, há um consenso local de que o Brasil não está entre as prioridades da agenda bilateral dos EUA. Essa situação reflete, em grande parte, preocupações com a política internacional do Brasil e seus posicionamentos globais.
Nesse contexto, o setor privado brasileiro tem um papel fundamental a desempenhar ao aproveitar este novo momento político para fortalecer laços e influenciar de maneira legítima, ética e transparente as decisões que impactam as relações entre Brasil e EUA, especialmente considerando que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil.
Investir em uma agenda proativa e colaborativa pode abrir portas para oportunidades que beneficiem ambas as nações, promovendo um ambiente de crescimento econômico e cooperação mútua que vá além de vieses ideológicos das lideranças políticas.