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Estamos em um momento ímpar na carreira de todos os profissionais da área tributária no Brasil. A reforma tributária sobre o consumo é a alteração mais relevante que as empresas – e os profissionais – já presenciaram desde a Constituição Federal de 1988, que delineou os contornos do que conhecemos hoje como Sistema Tributário Brasileiro.
Claro que tivemos diversas outras alterações significativas como a instituição da Lei Kandir em 1996, do Regime Não Cumulativo para as Contribuições ao PIS e à Cofins em 2002 e 2003 e, mais recentemente (mas não tão recentemente assim), a instituição do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) que, de fato, revolucionou o modo como as empresas registravam e declaravam as informações fiscais.
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Entretanto, as mudanças que estamos às vésperas de aprovar – se nada mudar – alteram substancialmente a forma como as empresas estão organizadas e como fazem negócios.
É neste cenário de extrema incerteza e mudanças estruturantes que os times tributários passaram a ter o protagonismo antes nunca visto. Nós, por muitos anos, fomos considerados áreas de backoffice ou meio – pouquíssimas empresas colocavam a área tributária no centro das discussões estratégicas do negócio e a veem como uma área de apuração de valores (e resultado, por que não?).
A grande maioria das empresas nos vê como responsáveis pelo compliance e por resolver tudo aquilo que deságua na apuração fiscal e na contabilidade – quem nunca se deparou com uma nota que foi emitida para o país errado, o mútuo sem contrato, uma despesa sem contrapartida?
Assim como em diversos outros países, onde o time tributário é demandado para definição da estratégia dos negócios, nós começamos a ter esse papel após o início das discussões da reforma tributária.
Isso porque são os times tributários que detêm o maior conhecimento sobre a malha operacional das empresas, onde estão os principais fornecedores e clientes, quais são os produtos mais representativos de créditos e débitos tributários, e muito mais.
Neste novo cenário, estas informações passam a valer ouro, pois toda a estratégia operacional muda de figura com o deslocamento da tributação para o destino, não mais na origem. Isso sem contar que toda a cadeia de precificação deverá considerar variáveis e controles jamais vistos até aqui. Além de algo que está sendo negligenciado pelas empresas: a necessidade de maior fluxo de caixa com a necessidade de comprovação do pagamento para tomada de créditos prevista com o split payment e os investimentos necessários para as adequações ao novo sistema, que serão muitas.
É nesse contexto que o time tributário renasce das cinzas e assume o papel estratégico para construir o futuro e garantir a subsistência das empresas.
Ainda hoje vejo profissionais de empresas comentando “Será que a reforma sai mesmo?”. Pois saiu! Já é uma realidade, e mesmo que o cronograma de implementação seja ajustado, a reforma tributária deve ser encarada como um projeto a partir de já, para que todos os envolvidas tenham tempo hábil para “colocar a escola na avenida”.
Você já colocou na conta que temos apenas 12 meses para realizar todas as etapas necessárias para implementação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) a partir de janeiro de 2026?
Esse é o momento que as empresas mais precisam de profissionais, consultorias, parceiros de negócios e, principalmente, a própria organização antenada e à frente das discussões sobre o tema. Só assim será possível criar mecanismos de controle dos riscos e necessidades implícitas a uma mudança como essa.
Sabe daquelas oportunidades que não podemos deixar passar porque não sabemos se teremos outra? Esta é uma delas. A implementação da reforma tributária do consumo dependerá de profissionais altamente qualificados no sistema tributário atual e, principalmente, no novo. É aqui que nos tornaremos, de fato, protagonistas dessa história.
Mas como? Te garanto que ser excelente tecnicamente não é suficiente.
Na minha análise, se engana quem acredita que as empresas devem ter profissionais extremamente técnicos. Pelo contrário, o momento exige profissionais ambidestros, tanto em relação ao sistema de tributação (conhecer ambos) quanto em relação às competências comportamentais, de estratégia e de negócio.
Os profissionais que direcionaram sua trajetória profissional para o desenvolvimento de hard skills são indispensáveis, mas é necessário mais. Precisam desenvolver competências de gestão estratégica de projetos (afinal, este é, certamente, o maior projeto que implementaremos nas empresas), tenham visão holística do negócio e não apenas das regras tributárias, tenham poder de comunicação, persuasão e convencimento – ou você acredita que convencer o c-level de que precisará de mais investimentos em fluxo de caixa, sistemas, consultorias e pessoas será simples?
Precisam de profissionais focados em tecnologias e no futuro da aplicação de recursos para automar atividades transacionais como a inteligência artificial. E, acima de tudo, profissionais que são líderes empáticos e inspiradores, para conseguirem conquistar todas as áreas (incluindo os times de tax) para entrar no barco e remar juntos para o futuro.
Estamos vivendo um oceano de oportunidades, como diz meu grande amigo Marcelo Brasil, e quem começar a nadar primeiro, certamente, conquistará melhores resultados antes.
A reforma tributária é apenas uma das grandes mudanças que estamos vivendo e viveremos nos próximos anos – e que bom! Oportunidade de sermos cada vez mais valorizados. Afinal, é a vez dos protagonistas em tax!