Brasil registra prêmio negativo para soja e milho em dois anos seguidos pela 1ª vez

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O Brasil terá, pela primeira vez, dois anos seguidos de prêmios negativos de exportação para soja e milho, por deficiência na cadeia logística do país. É o que revela um estudo encomendado pela Kepler Weber e divulgado durante a 39ª Agrishow, no interior de São Paulo.

“O levantamento impressiona porque demonstra o quanto custa a ineficiência no pós-colheita, desde as fazendas até o embarque nos portos do Brasil. São R$ 41,4 bilhões que o país perderá quando somados os anos de 2023 e 2024”, afirma Bernardo Nogueira, CEO da empresa.

Fatores que mexem com o prêmio

O prêmio de exportação dos grãos pode ser positivo ou negativo, e sua formação dependerá de algumas variáveis, como câmbio e, no caso da soja, por exemplo, do valor pago em Chicago (EUA) em comparação com o preço do grão ao chegar no navio (Free on board).

O prêmio leva em consideração a origem e o destino do produto exportado, a qualidade, a oportunidade, o frete marítimo, a demanda e a eficiência do porto exportador. O mercado monitora esses fatores e aplica esse prêmio à cotação da Bolsa de Chicago (CBOT).

Assim, se as condições são favoráveis no porto exportador, o prêmio recebe ágio. Já se forem desfavoráveis, será negativo, ou seja, com deságio. Durante a safra, oferta e demanda nos portos também impactam os custos.

Com um volume muito grande para escoar, o frete rodoviário fica mais caro, enquanto os prêmios de exportação podem sofrer depreciações. Além desta variação portuária, há a sazonalidade nos portos. As negociações do prêmio são contínuas ao longo do ano.

“Em grande parte, a origem deste problema é o fato de o Brasil conviver com um déficit de armazenagem superior a 100 milhões de toneladas, porque a falta de ter onde guardar o que produz impacta na formação dos prêmios para exportação”, destaca Nogueira.

Perdas na soja

Foto: R.R. Rufino/Embrapa

No caso da soja, as perdas somam R$ 20,1 bilhões em 2023 e 2024. Os prêmios negativos de exportação impactaram os resultados entre março e julho do ano passado e entre janeiro e maio deste ano, conforme o estudo da Kepler Weber.

“O investimento em armazenagem representa maior eficiência à cadeia do agronegócio, e, no fim do dia, é poder de decisão para o agricultor, de quando vender, escoar, e isso leva a melhores ganhos”, finaliza Nogueira.

Prêmio do milho

O levantamento mostra que as perdas acumuladas nos dois anos serão maiores no milho, totalizando R$ 21,2 bilhões.

No ano passado, os prêmios negativos impactaram os resultados da commodity entre maio e setembro. Já em 2024, o período negativo começou antes, projetado para ocorrer entre abril e setembro.

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