Por que usamos “cavalo” para medir a potência de um motor?

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Um motor V12 em exposição no Musée de l’Aventure Peugeot, em Montbéliard, França. Na placa, a informação da potência deste motor, descrita em “cavalo” Imagem por Axepas12 sob licença CC BY-SA 4.0 International (imagem remixada do original)

Medida é utilizada para aferir a potência do motor, mas poucos entendem o significado do nome.

Redação pecahoje.com.br

Artigo postado originalmente em 5 de novembro de 2019.

Quando falamos de automóveis, utilizamos diversos tipos de medidas: a velocidade é calculada em quilômetros por hora (km/h), enquanto as cilindradas são obtidas em centímetros cúbicos (cm3) e a relação peso/torque é calculada em quilograma-força-metro (kgfm), para citar alguns exemplos.

No entanto, ao falarmos de potência do motor, nos referimos ao valor com o nome “cavalo”, nomenclatura que soa bastante diferente dos termos matemáticos e técnicos usados nas outras aferências de um veículo.

A origem do nome “cavalo” em potência de motor

O nome dessa medida foi concebido pelo engenheiro escocês James Watt no século XVIII, que buscava uma maneira mais eficaz de divulgar a potência do motor a vapor que havia inventado. O produto foi capaz de reduzir o consumo de combustível em 75% comparado a um motor a vapor convencional.

Ao oferecer a criação aos donos de minas de carvão, Watt devia responder quantos cavalos o motor substituiria. Logo o inventor constatou que precisava de uma maneira rápida de fazer esse cálculo, portanto, concebeu uma medida que estimava que um cavalo poderia levantar 150 quilos por 30 metros em um minuto. 

Este cálculo é um tanto impreciso, já que acredita-se que Watt tenha utilizado cavalos muito jovens para fazer sua estimativa inicial. Outro problema deste valor é que não foi observado que estes animais não trabalham com esse mesmo desempenho durante todo o dia. Mas, para suprir a falta de uma métrica de potência na época, esta aferência era o suficiente – e afinal de contas, o motor inventado por James Watt teve um gigante impacto na Revolução Industrial, portanto, a homenagem é justa. O primeiro carro inventado, o Benz Patent-Motorwagen, não chegava a atingir um cavalo sequer.

Um Mustang GT500 sendo testado de maneira a obter a potência do motor que realmente é transmitida às rodas. Imagem por AdamNavrotny sob licença CC BY-SA 3.0 Unported (imagem remixada do original)

Como o cálculo é feito?

O valor pode ser aferido por um instrumento chamado dinamômetro. O processo consiste, inicialmente, em colocar o veículo inteiro no equipamento de maneira a verificar a potência que realmente é traduzida no movimento das rodas – a potência do motor é reduzida à medida que o carro faz movimentos mecânicos.

Posteriormente o teste é feito com o motor em bancada sob ambiente controlado, com variáveis como temperatura e pressão definidos conforme normas de padrões da indústria. Após os testes forem feitos em vários motores do mesmo modelo, uma média é feita a partir dos resultados obtidos.

Técnico avaliando a potência de um Tesla Roadster em um dinamômetro. Imagem por Argonne National Laboratory sob licença BY-NonCommercial-SA 2.0 Generic (imagem remixada do original)

A diferença do “cavalo” entre as regiões

É válido observar que o termo “cavalo” não é utilizado igualmente em todas as regiões do mundo, devido a diferença entre as medidas imperiais (com métricas como polegadasmilhas libras, utilizada em países como Estados Unidos e o Reino Unido) e as medidas métricas, conhecidas por nós.

Obviamente a tradução faz parte do processo de inclusão da medida em um país; seria inconveniente dizer “pounds” ao invés de “libras”. Porém, além da tradução, conversões foram feitas para atender essas diferenças de medidas, resultando em uma leve diferença no valor. Portanto, 1 HP (horsepower) não é o mesmo valor que 1 CV (cheval vapeur, literalmente “cavalo-vapor” em francês) ou 1 PS (do alemão pferdestärke).

No Brasil é comum utilizar a medida “CV”, já que o país utiliza as medições do sistema métrico – portanto, dentro do padrão SI. No entanto, é um erro bastante comum não fazer o conversão da medida americana (HP) para a medida internacional (CV). Isso faz diferença com cifras maiores, a exemplo da potência de um Effa JBC, que varia entre 101,9 HP ou 103,3 CV.

Ainda assim, a medida mais adequada para aferir potência é o watt (W). Esta medida está dentro dos padrões da SI e pode ser facilmente convertida para as métricas usadas para veículos – prática raramente vista na publicidade automotiva por todo o mundo, adotada apenas pelos catálogos alemães.

Mesmo que o cálculo feito por Watt não represente exatamente a potência exercida por um único cavalo, cobriu uma lacuna gigantesca no mundo matemático – ainda que exista um desentendimento por região.

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