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Prezado presidente Lula,
não é com surpresa que recebo a notícia de sua entrevista para a Rede TV! de que prefere não “remoer as consequências do golpe de 64”, tendo em vista a abordagem pragmática de seu governo para lidar com as situações econômicas prementes com foco exclusivamente econômicos da sociedade hegemônica, em detrimento de causas ligadas às pautas de direitos humanos, sobretudo das sociedades tradicionais e causas ambientais em seus mandatos.
Contudo, como sua eleitora, me sinto na necessidade de esclarecer as falácias dessas diretrizes adotadas e como “remoer as consequências do golpe de 64” pode ser o ponto de inflexão para a reestrutura da sociedade.
Primeiramente, é necessário reconhecer que a história, por si só, não é um elemento estático, mas sim um campo de estudo dinâmico, inerentemente ligado à maneira como entendemos nossas identidades, nossos valores e nossa sociedade. O golpe de 1964, seguido por anos de ditadura, deixou cicatrizes profundas na sociedade brasileira, moldando a política, a economia e as relações sociais do país que vem afetando gerações até os dias atuais. Esquivar-se do diálogo sobre estes eventos não contribui para a cura ou para o entendimento coletivo necessário para avançarmos como nação.
Além disso, é essencial destacar a importância da memória para a construção de um futuro democrático sólido. A memória coletiva dos anos de ditadura, dos abusos de direitos humanos, da censura e da repressão não serve apenas como lembrança das atrocidades cometidas, mas também como um mecanismo de prevenção contra a repetição desses erros. Através da educação e da conscientização, podemos salvaguardar nossa sociedade contra os perigos do autoritarismo latente e que batem às nossas portas ainda nos dias atuais e reafirmar nosso compromisso com a democracia, a liberdade e o respeito mútuo.
É também uma questão de justiça. As famílias das vítimas da ditadura militar – sejam elas desaparecidas, torturadas ou mortas – merecem reconhecimento e reparação. Não apenas as vítimas da classe média urbana, mas, inclusive, as sociedades indígenas que sofrem as consequências desses atos até os dias atuais. Ignorar ou minimizar o debate sobre o golpe e seus impactos significaria negar a dor e o sofrimento vividos por tantos brasileiros, além de impedir que verdade e justiça sejam plenamente alcançadas.
Stanley Cohen, em seu livro States of Denial (Estado de negação), aborda como muitas vezes governantes negam ou minimizam crimes do passado, mesmo quando existe evidência clara dessas atrocidades e analisa como essa negação pode perpetuar injustiças e impedir a reconciliação e o progresso. Em 2022, tive a oportunidade de organizar o livro Direitos Humanos sob a perspectiva do direito à vida, da Antropologia Forense e da Justiça, que debate como no Brasil as violações de direitos humanos, especialmente aquelas que culminam na retirada do direito mais essencial, o direito à vida, se sustentam justamente por meio do negacionismo de crimes do passado, clamado pelos seus governantes, e sustentado pelo apoio de parte da sociedade civil.
Não há como reestruturar a economia de um país, com igualdade e justiça para todos, se não houver um processo de justiça de transição que reconheça e trace estratégias para novas políticas de respeito aos direitos coletivos. Reconhecer e abordar as consequências do passado, como o golpe de 1964 e os anos de ditadura que se seguiram, é essencial para promover a cura e a reconciliação na sociedade brasileira.
Ao confrontar e discutir abertamente esses eventos traumáticos, podemos criar as bases para uma sociedade mais inclusiva, democrática e justa. O diálogo sobre o passado não apenas ajuda a compreender a história e suas consequências, mas também serve como um farol para evitar a repetição de injustiças e abusos no futuro. A memória coletiva e o reconhecimento das vítimas são fundamentais para construir uma sociedade que valoriza a verdade, a justiça e o respeito pelos direitos humanos.
Em conclusão, discordamos da posição de que o golpe de 1964 e a ditadura militar sejam tópicos que devemos deixar no passado. Pelo contrário, é pela compreensão profunda e pelo diálogo contínuo sobre esses eventos que podemos assegurar uma democracia mais forte e inclusiva para o futuro do Brasil. Ignorar e deixar no passado discussões acerca dos 60 anos do golpe de 1964 é aceitar a tentativa de golpe de janeiro e aplaudi-la!
COHEN, S. States of Denial: Knowing About Atrocities and Suffering. Cambridge, UK: Polity Press, 2001.
Plens, C. R. (org.). Direitos Humanos sob a perspectiva do direito à vida, da antropologia forense e da justiça no caso de violações. São Paulo: Annablume, 2022.