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Na coluna anterior manifestei meu azedume em relação à propalada tentativa do PL catarinense de lançar como candidata a prefeita de Blumenau a ex-governadora e agora Deputada Federal Daniela Reinehr, do Oeste catarinense, ou a também Deputada Federal pelo Sul do Estado, Julia Zanatta. A ideia foi abandonada, mas ainda valeu uma reflexão. Ela me levou a evocar a candidatura de Vilson Kleinubing na mesma cidade, em 1988. Ele, nascido no Rio Grande do Sul, criado em Videira e, na época, residente em Florianópolis, teve um triunfo memorável na eleição para prefeito de Blumenau. Os dois casos, como já relatei, são muito diferentes.
Missão: descobrir um candidato a Prefeito de Blumenau
Em 1987, ano anterior à eleição dos prefeitos, alguns dos principais empresários blumenauenses tomaram uma iniciativa de caráter político: ajudar a eleger um candidato que tivesse a condição de renovar a administração da cidade. Desde o final do mandato, em 1970, de Carlos Curt Zadrozny, um dos donos da Artex, a Prefeitura vinha sendo, ininterruptamente, comandada por políticos do MDB. Não havia reclamações concretas em relação ao trabalho realizado por Evelásio Vieira, Felix Theiss e Renato Vianna. Mas, por diversas circunstâncias e principalmente devido a indefinições sobre os rumos urbanísticos da cidade após as grandes enchentes de 1983 e 1984, a administração daquele momento, de Dalto dos Reis, desagradava aquelas pessoas e também a opinião pública em geral. A incapacidade do poder público de fornecer água para vários bairros da cidade agravava essa sensação. Por outro lado, havia certa nostalgia da empreendedora gestão de Curt, época em que foi construída a Avenida Beira Rio e criada a FURB, Fundação Universidade de Blumenau. E ainda pairava a decepção pela injustiça que impediu o empresário Ingo Hering de disputar o cargo em 1969.
Como resultado desse conjunto de avaliações e expectativas, foi formado um grupo do qual fiz parte e que incluiu, entre outros, o Presidente do Sindicado da Indústria Têxtil Ulrich Kuhn. A nós foi dada a incumbência de elaborar uma possível lista de pré-candidatos e de encomendar e analisar pesquisas que indicassem o potencial de votos dos então relacionados, se comparados com possíveis outros concorrentes.
“Se a eleição fosse hoje, em quem você votaria?”
A tarefa se revelou, inicialmente, bastante complicada. Qualquer dos nomes que incluíamos nas nossas pesquisas internas, fossem eles empresários ou políticos, tinha intenção de voto bem inferior aos políticos mais conhecidos do eleitorado, como o ex-prefeito Renato Vianna e o Professor Victor Sasse. Em conversas com jornalistas, analistas políticos e pessoas em geral, transparecia o escasso entusiasmo em relação a praticamente todos eles. Foi à esta altura dos acontecimentos que, verificando uma pesquisa aberta, não induzida, sem nomes, percebi um aspecto intrigante. Ante a simples e direta pergunta “se as eleições para prefeito fossem hoje, em quem você votaria?” muitos eleitores de Blumenau indicavam, por iniciativa própria, o nome de Vilson Kleinubing – que não era incluído nas pesquisas induzidas, aquelas que relacionam os nomes dos possíveis candidatos, pela singela razão de que ele não era eleitor na cidade e, portanto, não se cogitava de sua candidatura. Embora apenas mediana, em números, a lembrança espontânea dos eleitores era muito sintomática por ter aparecido de baixo para cima. Da população, por sua escolha.
Fomos então fazer o teste conclusivo: introduzimos o nome de Kleinubing como um dos possíveis candidatos na pesquisa seguinte, já no bloco da pergunta induzida, ou seja, aquela em que são listados diversos concorrentes com a pergunta “se estes fossem os candidatos, em quem você votaria para Prefeito de Blumenau”?
Quando saiu o resultado, foi uma surpresa: numa lista de sete ou oito eventuais candidatos, Vilson aparecia em terceiro lugar, atrás apenas de Vianna e Sasse – um que já fora prefeito e outro que disputara eleições anteriores – com uma diferença pequena em relação a eles. E grande em relação aos demais. Pronto. “Temos candidato” disse eu. Só faltava combinar com ele. E, como constatamos depois, precisávamos acertar também com outros dois personagens muito importantes: Jorge Bornhausen e Esperidião Amin.
Antes de partir para a primeira e mais urgente dessas conversas, fizemos ainda mais duas ou três pesquisas, de institutos diferentes, para confirmar como indiscutível o fenômeno que acontecia na nossa Blumenau.
Até o próximo capítulo. As conversas com Vilson, Jorge e Esperidião, e o prosseguimento da costura do projeto, vou relatar na próxima segunda feira. Até lá!