Por Alexei Barros

Depois de comemorar os 45 anos de banda em 2023 com a participação de Masato Honda, o T-Square passou por um período estranho. Pela primeira vez em sua história, o grupo não lançou pelo menos um álbum com músicas inéditas em um ano e, assim, 2024 passou em branco.

Era evidente que essa formação com apenas duas pessoas após a saída de Masahiro Andoh não teria muito futuro, ainda mais porque apenas Satoshi Bandoh é o mais prolífico. Embora Takeshi Itoh seja bom compositor, ele faz algo como uma composição inédita a cada dez álbuns.

O caminho mais habitual seria efetivar como integrantes os músicos que vinham participando do T-Square, como Akito Shirai (teclado) e Kazuma Sotozono (guitarra), que se envolveram com mais regularidade, mas também participaram figuras como Keiji Matsumoto (teclado, sendo que ele já fez parte do T-Square) e Yuma Hara (guitarra). Ou então sair em busca de nomes consolidados – já cheguei a sonhar com o genial Yuya Komoguchi na guitarra (ex-Trix), porém, nada feito.

Em vez disso, o T-Square olhou para a década de 1980, quando nomes como Mitsuru Sutoh, Hiroyuki Noritake e Toyoyuki Tanaka entraram para a banda como estudantes universitários e acabaram se tornando instrumentistas consagrados de J-Fusion. Foi realizado um concurso para encontrar novos talentos, e os dois finalistas foram: Shuya Kameyama (guitarra) e Yuichi Hasegawa (teclado). Curiosamente, a formação de ambos não é musical; Kameyama está matriculado na Departamento de Engenharia de Sistemas Mecânicos da Faculdade de Ciências e Engenharia na Universidade Doshisha, ao passo que Hasegawa estuda na Faculdade de Informática na Universidade de Nagoya com especialização em Ciência da Computação.

O caso mais curioso dos dois é de Kameyama. Ele fazia parte de uma banda cover chamada P-Square no qual já é possível atestar o seu talento ao reproduzir com perfeição os timbres de Masahiro Andoh, como nessa versão da “A Dream in a Daydream”. É como se Andoh tivesse rejuvenescido 50 anos.

Antes mesmo de ser oficializado como novo guitarrista, Kameyama fez vários shows com o T-Square que mostram como ele parece estudado bastante o repertório da banda, interagindo com músicos mais experientes como neste vídeo da “Victory”. Estou para ver mais de Hasegawa.

Detalhe é que o saxofonista do P-Square, Reo Soneda, também chegou a participar de um show do T-Square na companhia do Takeshi Itoh e Masato Honda. Ele já me parece ser o mais indicado para ocupar a vaga de Itoh, que é o único remanescente da formação original e atualmente está com 71 anos.

Apesar da iniciativa de injetar sangue novo na banda, Shingo Tanaka, que toca baixo como instrumentista suporte desde 2005 do T-Square, foi finalmente oficializado como integrante. Muito justo. Com isso, o T-Square voltou à formação com cinco membros, o que não acontecia desde 2003, quando Mitsuru Sutoh, Hiroyuki Noritake e Hirotaka Izumi voltaram temporariamente para a banda a fim de celebrar os 25 anos.

O próximo álbum, intitulado Turn the Page!, será lançado no dia 4 de junho, e o aspecto que mais me chamou a atenção é que os dois novatos já chegaram participando como compositores: Kameyama assinou três músicas e Hasegawa fez duas faixas. As quatro restantes são de Satoshi Bandoh. Vamos ver no que vai dar.

[via T-Square, @ Staff]