Por Claudio Prandoni

“Por que os video games não podem ser a própria mídia pela qual contamos a história dos video games?”

É essa a pergunta que Chris Kohler, diretor editorial da Digital Eclipse, faz em um excelente artigo do Gizmodo sobre preservação de jogos eletrônicos.

E a própria Digital Eclipse tem buscado oferecer a resposta com a linha Gold Master Series, compilações digitais e interativas que exploram a história de títulos marcantes – começou com Karateka, passou pela excêntrica história de Jeff Minter e agora chegou no maravilhoso Tetris.

Tetris Forever é uma delícia, um mergulho envolvente e provocante pela história, impacto cultura e legado do clássico puzzle russo criado por Alexey Pajitnov no meio dos anos 80.

A coletânea se organiza em capítulos que mostram uma linha do tempo povoada por vídeos de entrevistas exclusivas feitas para a coleção, fotos em alta definição e jogos. Sim, em certos pontos a peça histórica para apreciar é o jogo em si, sobre o qual acabamos de ver e ouvir mais detalhes, então nada mais natural do que de fato jogar ele.

O pacote inclui mais de uma dúzia de versões diferentes, incluindo o novíssimo Tetris Warp, feito para esta coleção, que promove passeios pelo túnel do tempo, mudando as regras e visual das pecinhas para encarnações antigas de Tetris no meio da partida.

Tenho um carinho gigante por Tetris! Sou fã do quebra-cabeça desde que joguei pela primeira vez no Game Boy tijolão (e tinha que dividir o tempo no aparelho com meu pai e meu irmão, que também amaram o jogo).

Pirei no Tetris de Nintendo DS, tive o privilégio de conhecer pessoalmente Pajitnov na PAX em 2014, fiz dezenas de horas de live jogando Tetris 99, sonho com o dia que Tetris vai virar esporte olímpico e passo até um paninho pro filme da Apple TV+, estrelado pelo Taron Egerton – é bem fantasia estilo Sessão da Tarde, mas tem muitos fatos curiosos e preciosos ali!

Ou seja, tenho curtido MUITO a experiência de explorar e jogar aos poucos tudo de Tetris Forever. A Gold Master Series é preciosa e promove resgate e preservação histórica dos games por meio dos próprios jogos com o impacto único que a mídia propicia – aliás, acho que Smash Bros. Ultimate também faz isso de forma muito particular, mas isso é papo para outro dia…

Pra fechar, é uma pena que Tetris Forever não tenha menus e legendas em português, uma peça tão única, interativa e educativa como essa merecia e deveriar estar mais facilmente disponível para as mais de 250 milhões de pessoas que falam o idioma pelo mundo. Quem sabe uma atualização não resolva isso ou a Digital Eclipse ao menos resolva isso para os próximos lançamentos.