O mercado brasileiro tem crescido bastante nos últimos anos. De acordo com a B3, no final de 2023 a quantidade de investidores em renda variável girava em torno de 5 milhões. É uma alta considerável se comparado com a década passada. Agora, quando se pensa em Estados Unidos, esse número brasileiro representa um pouco mais de 3% do total de investidores americanos. Isso mesmo, são mais de 158 milhões de pessoas, ou 61% da população adulta, de acordo com a Gallup, consultoria americana.
No artigo de hoje o foco será auxiliar você a se juntar com os mais de 158 milhões, com um guia completo de investimentos no exterior, motivos para se internacionalizar, e sobre produtos disponíveis, seja renda variável, renda fixa ou fundos.
O que é investir no exterior?
Investir no exterior é basicamente aplicar recursos financeiros em ativos ou empresas situadas fora do seu país de origem. Essa prática abrange diversos tipos de ativos, tais como ações, títulos de renda fixa, fundos de investimento, imóveis, entre outros.
Como o mercado americano e o dólar são o maior mercado e moeda, respectivamente, será tratado como sinônimo investir no exterior e nos EUA. Lembrando que também é possível acessar ativos de outros países dentro do Estados Unidos, seja através de ADRs ou fundos.
Qual a diferença entre os mercados?
Começando pelo tamanho, o Brasil não representa 1% do mercado acionário global, enquanto os EUA são próximos de 50%, com mais de US$ 50 trilhões de capitalização. Quando se pensa em investir no exterior, não é apenas buscar produtos mais desenvolvidos, setores que revolucionam a sociedade, é também diversificar geograficamente seu patrimônio. O nosso estrategista chefe William Castro Alves trouxe 2 artigos que demonstram bastante essa importância: Risco-Brasil e a importância de diversificação (avenue.us) e Mais uma vez, o Risco-Brasil e seus impactos nos investimentos (avenue.us).
Pensando no dia a dia, é praticamente impossível passar um dia sem ter contato algum com um produto ou serviço fornecido por uma empresa estrangeira. Roupas, celulares, computadores e carros são alguns desses exemplos. Indo além, o café com pão na chapa, um café da manhã clássico brasileiro, ambas as matérias primas (café e trigo) são cotadas em dólar. Cada dia mais é difícil não ter uma ligação internacional no consumo. Se somos consumidores globais, por que investimos apenas de forma local?
Dólar vs Real
Quando se pensa no dólar, pode parecer que o valor próximo de R$5 é caro. Mas é preciso lembrar que ele estava caro quando bateu R$2, R$3, R$4, R$5 e por aí vai. Só nos últimos 10 anos, o dólar subiu quase 120%, isso dá praticamente 8,2% ao ano. O gráfico abaixo ilustra bem essa subida do dólar, do período de março de 2014 até março de 2024.
Fonte: Investing, elaboração própria
O câmbio é uma das variáveis mais difíceis de se prever, ainda mais no curto prazo. Agora, quando o longo prazo entra em cena, há uma teoria que explica a direção futura. A Paridade do Poder de Compra (PPP, em inglês) diz que a relação entre duas moedas distintas se dá pela diferença de inflação entre os países.
Como a inflação do Brasil é sistematicamente maior que a dos EUA, a tendência no longo prazo é que o real se desvalorize em relação ao dólar. Importante ressaltar que isso não é uma previsão para nenhum período, apenas uma ilustração de como funciona a teoria econômica que explica a taxa cambial entre duas moedas.
Quais investimentos existem nos EUA?
Após entender a importância de se investir no exterior, é preciso saber quais são os investimentos que existem fora. Alguns são bem parecidos com o Brasil, outros tem bastante diferença, existindo apenas fora de terras brasileiras.
Stocks
No Brasil elas são chamadas de ações, e nada mais são do que uma fração do capital social de uma empresa. Quando o investidor compra uma stock, ele se torna sócia dessa empresa, e tem direito aos lucros futuros distribuídos em forma de dividendos. Dentro do blog da Avenue tem um artigo detalhado explicando as stocks, aprofundando bastante nesse assunto: Stocks: saiba tudo sobre o mercado de ações dos EUA (avenue.us)
ETFs
Os Exchange Traded Funds (ETFs) são fundos de investimentos que possuem suas cotas negociadas em bolsas de valores, igual acontece com as stocks. Existem mais de 3000 ETFs dentro do mercado americano, dos mais diversos temas, tamanhos e estratégias. Nesse link é possível conferir o artigo completo sobre esses ativos: ETFs (Exchange Traded Fuo): Guia completo sobre fundos de índices (avenue.us)
REITs
Conhecidos como os primos dos fundos imobiliários no Brasil, os Real State Investment Trust são empresas que investem no mercado imobiliário, seja de forma direta, comprando imóveis e recebendo os aluguéis deles, ou de forma indireta, investindo em títulos lastreados em hipotecas. A Juliana Benvenuto fez um guia completo sobre REITs: REITs: O que é Real Estate Investment Trust e como funciona? [Guia completo] (avenue.us)
ADRs
American Depositary Receipts (ADRs) são certificados de recibos de ações estrangeiras negociados nos EUA. Para deixar mais claro, imagine uma empresa japonesa que tem capital aberto na bolsa do Japão. Caso ela queira negociar suas ações nos EUA, por exemplo, um banco depositário vai comprar as ações no país de origem, fazer a custódia deles e criar um recibo referente a essas ações. Esse recibo vai ser negociado nos EUA, e é chamado de ADR, ampliando a gama de empresas que o investidor estrangeiro consegue acessar, sem ter que abrir uma conta em uma corretora no país de origem. A Julia Severo fez um guia sobre esse ativo: ADRs: o que são American Depositary Receipts? (avenue.us)
Bonds
É o principal título de renda fixa nos EUA. Engloba tanto títulos de empresas, os corporate bonds, comparáveis com as debêntures no Brasil, como os Treasury Bonds, os títulos de dívida dos Governo Americano. Eles são majoritariamente prefixados, ou seja, oferecem uma remuneração que não é atrelada a nenhum índice diretamente. É possível conferir de forma mais detalhada os bonds neste artigo abaixo: Bonds: o que são e como investir nos títulos americanos? (avenue.us)
CDs
Os Certificados de Depósito são muito similares aos CDBs que existem no Brasil: São títulos de renda fixa emitidos por empresas financeiras com prazos curtos e médios. Assim como os bonds, são prefixados, e temos um artigo que aprofunda mais sobre esse ativo CDs (Certificados de Depósito): Conheça os “CDBs dos EUA” (avenue.us)
Fundos
Conhecidos por Mutual Funds, são os fundos de investimentos no exterior, podendo ser de ações, multimercado, renda fixa, entre outras dezenas de estratégias. Assim como no Brasil, eles possuem um gestor e uma taxa de administração. A principal diferença fica pela não existência do come-cotas, o adiantamento de imposto cobrado em boa parte dos fundos brasileiros, uma vez que esse imposto não existe internacionalmente. Os mutual funds são abordados mais detalhadamente nesse artigo: Mutual Funds (ou Fundos Mútuos): O que são e como funciona? (avenue.us)
Como investir diretamente no exterior?
O primeiro passo para investir no exterior é abrir uma conta em uma corretora americana, como a Avenue, por exemplo. Após a abertura da conta, basta enviar seu dinheiro em reais, fazer o câmbio para o dólar e selecionar algum produto, sempre levando em consideração seu perfil de risco e objetivo.
Valores mínimos para cada produto
Para ativos negociados em bolsa, como Stocks, ETFs, REITs e ADRs, o valor de uma ordem mínima é de US$ 5, dado que é possível fracionar um ativo em até 4 casas decimais.
Para Bonds e CDs o mínimo hoje é em torno de US$ 5.000, a depender do título.
Para fundos, o mínimo é de US$ 1.000.
Considerações Finais
Investir no exterior é uma maneira de você proteger seu patrimônio, visto os motivos elencados no decorrer deste texto. É possível você diversificar seu patrimônio, não apenas em ativos específicos e classes de ativos, que só existem no exterior, mas também geograficamente. A construção de uma carteira de investimentos internacional deve conversar com a sua carteira nacional, não para substitui-la, mas sim com a intenção de complementar, deixando-a mais sólida e preparada para o futuro.
Referências:
Número de investidores em renda fixa alcança 17 milhões de pessoas em 2023 na B3 | B3
How Many Americans Own Stock? More Than You Think | The Motley Fool
The World’s Biggest Stock Markets, by Country (visualcapitalist.com)
Mapped: The Largest Stock Exchanges in the World (visualcapitalist.com)
Disclaimers:
A situação de cada investidor é única e você deve considerar seus objetivos de investimento, tolerância ao risco e horizonte de tempo antes de fazer qualquer investimento. Investir envolve risco e você pode incorrer em um lucro ou perda, independentemente da estratégia selecionada. O conteúdo acima não é uma recomendação para comprar ou vender qualquer ativo individual ou qualquer combinação de ativos.
Qualquer informação não é um resumo completo ou declaração de todos os dados disponíveis necessários para tomar uma decisão de investimento e não constitui uma recomendação. Os investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os investidores.
Todo tipo de investimento, incluindo fundos, envolve risco. Risco refere-se à possibilidade de que você perderá dinheiro (tanto principal quanto qualquer ganho) ou não consiga ganhar dinheiro com um investimento. A mudança das condições do mercado pode criar flutuações no valor de um investimento em fundos. Além disso, existem taxas e despesas associadas ao investimento em fundos que geralmente não ocorrem na compra de ativos individuais diretamente
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