A metodologia do buy and hold é uma estratégia de investimento focada exclusivamente no longo prazo, em que o investidor compra boas ações ou outros ativos e os mantém por um período prolongado, enquanto eles forem bons e mantiverem os fundamentos sólidos, independentemente das flutuações de curto prazo.
A ideia é obter ganhos com a valorização dos ativos ao longo do tempo, em vez de tentar acertar o momento certo de compra e venda.
No mercado financeiro, existem várias metodologias de investimentos, especialmente quando falamos da Bolsa de Valores. Contudo, isso não quer dizer que uma é necessariamente melhor do que a outra, mas apenas que visam objetivos diferentes.
Não existe fórmula mágica ou receita infalível quando se trata de um mercado de Renda Variável. Isso por que a Bolsa e as cotações dos ativos são regidos por expectativas sobre o futuro, que é desconhecido e imprevisível.
Neste artigo, você vai conhecer um dos métodos de investimento mais procurados pelos investidores de longo prazo, o buy and hold. Leia até o final e saiba o que é essa metodologia, como ela funciona, seus fundamentos e como fazer.
O que é buy and hold?
O ponto inicial sobre essa metodologia é compreender o que é o conceito de buy and hold. A ideia deste método é bastante simples e se baseia sobretudo na Análise Fundamentalista de ativos.
O buy and hold é uma metodologia de investimento de longo prazo que visa descobrir bons ativos pelo método fundamentalista e mantê-los na carteira enquanto eles forem bons e os fundamentos se sustentarem.
Em outras palavras, como no caso das ações, por exemplo, o buy & hold significa investir em boas empresas e permanecer sócio delas enquanto elas forem boas, independentemente do valor das cotações. O mesmo vale para Fundos Imobiliários, BDRs, ETFs, etc.
Antes de passar ao próximo tópico, assista a um vídeo especial com a nossa Analista, Stefany Oliveira sobre montagem de uma carteira de ações:
Qual é a tradução de buy and hold?
Buy and hold é um jargão do mercado financeiro que significa, em uma tradução livre, “comprar e segurar” – ou “comprar e manter” –, isto é, quando o investidor adquire ativos que levará por muitas décadas ou até mesmo para sempre.
O interesse maior de quem faz o buy and hold, também chamado de holder, é a construção e manutenção do seu patrimônio no longo prazo com os melhores ativos financeiros.
Então, o holder está interessado tanto na valorização dos ativos no futuro quanto no recebimento de renda passiva de seus investimentos sem a necessidade se desfazer dos ativos em troca de dinheiro.
Como funciona a estratégia buy and hold?
Agora que você compreende o conceito, já deve vislumbrar como funciona o método. Na prática, o buy and hold funciona da seguinte maneira:
O holder define os critérios e fundamentos para entrar em um investimento.
Então, o investidor adquire os ativos de acordo com seu perfil de risco e objetivos.
O holder monitora, diversifica e balanceia sua carteira e se os ativos mantém os fundamentos que ele estabeleceu.
Portanto, o holder não tem prazo de saída de um investimento e nem estabelece preço-alvo.
O objetivo dessa metodologia é se tornar sócio e se beneficiar do poder do tempo nos juros compostos. Então, o investidor vai carregar o investimento por muito tempo e sempre ficar de olho nos fundamentos que ele estabeleceu lá no começo.
Para descobrir qual será o seu patrimônio no futuro, apresentamos a você a calculadora de juros compostos da Mobills, uma ferramenta poderosa que permite visualizar o crescimento do seu investimento ao longo do tempo.
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Fundamentos do buy and hold e características de um holder
Afinal, quais são esses fundamentos que o holder define para escolher em quais ativos investir, especialmente quando não tem pretensão de vender, mesmo se estiver lucrando?
Não se guiar pela emoção: o holder não deve tomar decisões pela euforia ou pânico nos mercados.
Investir somente em bons ativos: empresas com prejuízos constantes e má governança são evitadas.
Desconsiderar totalmente o curto prazo: as oscilações e a volatilidade do curto prazo não desviam o holder do objetivo de longo prazo.
Fazer uma boa diversificação: uma carteira diversificada é o principal mecanismo de segurança adotado no buy and hold.
Não seguir o que está “na moda”: o holder adquire empresas pelos bons fundamentos e não porque a empresa está “na moda”.
Não fazer operações constantes: o investidor deste método não está interessando em trades, mas sim em se tornar sócio das melhores empresas.
Reinvestir os dividendos: a ideia é usar os proventos recebidos para rebalancear a carteira e potencializar os juros compostos.
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Com quais ativos posso fazer buy and hold?
Prioritariamente, o buy and hold pode ser aplicado àqueles ativos em que não há prazo para terminar o investimento, tais como:
Ações: investir com a mentalidade de se tornar sócio das empresas e permanecer enquanto elas forem boas.
Fundos Imobiliários (FIIs): construir uma carteira com os melhores FIIs em termos de fundamentos, ou seja, baixa vacância, boa gestão, boa remuneração de cotistas, bons imóveis, etc.
BDRs: vale a mesma metodologia das ações nacionais, mas estendendo esse conceito para empresas estrangeiras.
ETFs: os Exchange Traded Funds são excelentes maneiras de ganhar com a valorização geral do mercado ao longo de muitas décadas.
Títulos de longo prazo: os títulos públicos de longo prazo, especialmente aqueles que seguem a inflação, também podem fazer parte da estratégia.
O buy and hold é uma boa estratégia?
Como dissemos anteriormente, o intuito do buy and hold é manter os ativos em carteira pelo máximo de tempo possível para potencializar os juros compostos e os ganhos no longo prazo.
Então, podemos elencar as principais vantagens do buy and hold como:
Juros compostos: os juros compostos tem um efeito maior quanto maior for o tempo de investimento.
Demanda menos tempo: como o holder foca no longo prazo, não há necessidade de acompanhar o mercado todos os dias e pode reavaliar os investimentos a cada 6 ou 12 meses.
Menores custos: como há menos giro do patrimônio, há menores custos com taxas, impostos e tarifas.
Dividendos constantes: ao manter as empresas e FIIs, o fluxo de dividendos se torna mais constante e previsível.
Valorização no longo prazo: ganhar com a apreciação nas cotações no decorrer de décadas.
Por falar em valorização de longo prazo, confira o gráfico na imagem a seguir, elaborado pelo autor Jeremy Siegel no seu livro Stocks for the long run (Ações para o longo prazo, em português), que ajuda a demonstrar o poder do buy and hold quando executado por muitas décadas.
O autor compara o desempenho de vários tipos de investimentos desde 1802, ou seja, o que aconteceria com US$ 1 aplicado lá e o resultado 200 anos depois
Perceba que as ações (stocks) ganham de lavada sobre todos os outros ativos, demonstrando o poder de valorização no longo prazo.
Neste meio tempo, o mercado passou por várias crises, mas a linha de tendência foi sempre positiva.
Fonte: Stocks for the long run – Jeremy J. Siegel
É claro que ninguém conseguirá investir por 200 anos, mas a ilustração serve como exemplo didático para compreender a importância do longo prazo para o buy and hold.
Veja também a valorização do Ibovespa, que em 2000 saiu de 15 mil pontos para 119 mil em 2020, apenas 20 anos depois. Alguns dos demais índices relevantes para a Bolsa também podem ser visualizados no gráfico a seguir.
Como fazer buy and hold?
Enfim, como fazer o buy and hold na prática? Há alguns fatores e passos a considerar, mas tenha em mente que o objetivo é escolher os ativos pelos fundamentos que os diferenciam dos outros e não pelas cotações.
Em linhas gerais, para fazer o buy and hold, é preciso:
Escolher bons ativos: escolher ações, BDRs e Fundos por fundamentos, isto é, lucratividade, rentabilidade, boa administração, bons diferenciais, boas margens, bom market share, controle de dívidas, boa reputação, crescimento, etc.
Estudar cuidadosamente: cada escolha deve ser caprichosamente estudada de acordo com os fundamentos e potencial do setor.
Valorizar a governança: aspectos de governança e ESG também devem ser levados a sério na escolha dos ativos.
Diversificar: uma carteira de buy and hold completa está diversificada em vários setores, tipos de ativos e geograficamente.
Crescimento x dividendos: investir tanto em empresas em crescimento (micro e Small Caps) quanto em empresas já consolidadas no mercado.
Tempo não é tudo: além do longo prazo, é preciso considerar a rentabilidade vinda tanto pelos dividendos quanto pela valorização das cotações.
Dividendo é consequência: o holder encara os proventos como consequência da boa atuação e produtos da empresa e não como “prêmios” ao acionista.
Aportes contantes: para potencializar os ganhos no futuro, é fundamental realizar aportes constantes e reaplicar os dividendos.
Por fim, como dissemos, é essencial ter tanto empresas pagadoras de dividendos quanto empresas de crescimento (Small Caps) na sua carteira.
Quando vender ativos no buy and hold?
Como vimos, o holder não determina um prazo nem preço-alvo para vender seus ativos. Então, isso quer dizer que não existe venda no buy and hold? Não é bem assim!
Uma vez que o investidor estabelece os fundamentos para investir em determinados ativos, ele só vai vendê-los se tais fundamentos se perderem para o longo prazo.
Por exemplo, uma empresa deixou de ser lucrativa, um Fundo Imobiliário que teve seus imóveis desvalorizados e outras situações que podem ocorrer.
Contudo, é preciso que esses fundamentos sejam realmente alterados e não sejam apenas uma variação de curto prazo. Afinal, uma empresa pode ter prejuízo em um trimestre e fechar o ano com lucro recorde, por exemplo.
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A cotação importa no buy and hold?
Então, se são os fundamentos que mandam no buy and hold, não faz sentido acompanhar a cotação diária de seus ativos.
O investidor desta metodologia deve focar no valor intrínseco dos ativos e não nos seus preços nominais (aquele mostrado na tela de cotações).
O holder considera que a valorização da cotação vai fundamentalmente acompanhar a curva de lucro líquido das empresas no longo prazo.
Outro motivo pelo qual não vale a pena acompanhar a cotação se dá pelo fato de o holder investir para o longuíssimo prazo, então, as variações de curto prazo (dias, meses ou poucos anos) não fazem diferença.
Portanto, é quase uma espécie de casamento entre o investidor e os ativos, em que a relação somente será quebrada se os fundamentos que levaram o holder a entrar em uma aplicação não existirem mais.
6 mitos sobre o buy and hold
Como toda estratégia de investimentos, o buy and hold pode vir cercado de alguns mitos que não se mostram verdadeiros na prática, tais como:
É uma estratégia sem monitoramento: embora o conceito principal seja manter investimentos por longos períodos, isso não significa ignorar completamente a carteira. Uma abordagem bem-sucedida geralmente envolve avaliações regulares e ajustes conforme necessário.
Não requer análise: a estratégia não exclui a análise inicial e contínua dos ativos. A escolha de bons investimentos inicialmente é crucial para o sucesso da estratégia.
É infalível: essa estratégia não é imune a perdas. A performance dos ativos ainda pode ser afetada por mudanças no mercado, na economia e na empresa em questão.
É apenas para ações: embora associado frequentemente a ações, o buy and hold pode ser aplicado a outros ativos, como títulos e fundos, mas a escolha depende dos objetivos do investidor.
Significa nunca vender: apesar da ênfase na retenção, vender pode ser justificado em certas situações, como mudanças fundamentais na empresa ou na economia.
Serve para todos os investidores: a adequação dessa estratégia varia com o perfil do investidor. Alguns podem preferir estratégias mais ativas ou têm necessidades que exigem maior liquidez.
Bolsa em queda: o que acontece com o buy and hold?
Também dissemos no decorrer do texto que o holder ignora as euforias e pânicos do mercado. Então, os movimentos de queda acentuada não afetam a sua metodologia, pois ele está de olho nos fundamentos e não nas cotações.
Quando houver quedas generalizadas no mercado, o investidor pode adotar duas posturas: reforçar as posições da sua carteira ou rebalancear a diversificação dos seus ativos caso algum tenha se valorizado/desvalorizado demais.
Portanto, o holder encara os momentos de queda do mercado com naturalidade, uma vez que entende que, na curva de longo prazo elas tendem a ser amenizadas. Como observamos nos gráficos acima.
Além disso, quem investe com a mentalidade de se tornar sócio, deve ficar feliz em comprar os ativos em preços cada vez mais caros.
Isso é um sinal de que seus ativos estão se valorizando e sendo cobiçados no mercado pelos bons resultados.
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