Tempo de Leitura: 10 minutos
Se preferir, ouça a narração deste artigo:
Se você já ouviu falar em cooperativa de crédito, mas não sabe muito bem do que se trata, veio ao lugar certo. Hoje vamos explicar como funciona esse sistema.
Na contramão dos bancos tradicionais e digitais, as cooperativas têm aberto novas agências de relacionamento. Ou seja: estão cada vez mais próximas das pessoas.
Além disso, uma instituição dessa natureza prevê participação democrática dos cooperados – e o dinheiro investido pode render mais. Parece bom, certo? Pois siga conosco e entenda os detalhes.
O que é uma cooperativa de crédito?
Cooperativa de crédito é uma associação de pessoas que buscam, através da ajuda mútua, uma melhor administração dos recursos financeiros. Hoje, ela é chamada de instituição financeira cooperativa pelo Banco Central, mas ainda é o mesmo tipo de sociedade.
Porém, há uma diferença significativa em relação ao sistema bancário: os cooperados são, ao mesmo tempo, clientes e donos do negócio. Em razão disso, eles podem decidir os rumos da organização.
Geralmente, as taxas de juros também são mais baixas. Isso facilita a inclusão de pessoas com recursos limitados – caso dos pequenos produtores rurais e microempreendedores, por exemplo.
Outro ponto de destaque é que as cooperativas de crédito não visam ao lucro. Todo o dinheiro que sobra é repartido entre os participantes ou, então, reinvestido na própria instituição. Ainda assim, as cooperativas fazem parte do Sistema Financeiro Nacional.
As regras para o funcionamento desse tipo de atividade constam na Lei Nº 5.764/1971, que define a Política Nacional de Cooperativismo, e em decisões posteriores, como a Resolução Nº 3.859/2009, do Banco Central, que consolida normas relativas ao cooperativismo de crédito.
Quais são os tipos de cooperativas de crédito?
A organização de uma cooperativa financeira está relacionada ao seu tamanho. À medida que o grupo cresce e se consolida, uma nova configuração é necessária, tanto para atender as necessidades legais quanto para fortalecer a própria atuação. Veja:
Singulares
São o primeiro nível de uma sociedade cooperativa. Para a instituição ser reconhecida como uma cooperativa de crédito singular, é necessário que tenha, no mínimo, 20 participantes.
Conforme a Resolução N° 4.434/2015, do Conselho Monetário Nacional (CMN), as cooperativas singulares podem ser segmentadas em três categorias, de acordo com as operações praticadas:
Plenas – em resumo, podem realizar todo tipo de operação financeira;
Clássicas – têm operações um pouco mais restritas, não podendo operar com moeda estrangeira nem com variação de câmbio;
De capital e empréstimo – atuam somente a partir do capital integralizado pelos cooperados, não podendo captar recursos de outras fontes e nem depósitos.
Centrais ou federações de cooperativas
Em um nível intermediário, institui-se uma central de cooperativas. Isso é possível a partir do momento em que haja pelo menos três cooperativas singulares filiadas. Na prática, as centrais funcionam como uma “cooperativa de cooperativas”.
Confederações de cooperativas centrais
Esse é o nível mais alto do sistema de cooperativas de crédito. Para tanto, é necessário unir, no mínimo, três cooperativas centrais ou federações de cooperativas.
Serviços oferecidos por uma cooperativa de crédito
Com atuação equivalente à das instituições financeiras tradicionais, as cooperativas de crédito oferecem soluções completas. Em outras palavras, tudo que você encontra em um banco público ou privado também está disponível em uma cooperativa.
Entre os produtos e serviços, estão aqueles que podem ser acessados por quem não é sócio, como pagamentos de títulos e boletos, além da contratação de seguros.
No entanto, a grande vantagem está em ser um cooperado. Afinal, fazendo parte da iniciativa, você tem acesso a um portfólio completo de soluções financeiras, como conta-corrente, aplicações, linhas de crédito e financiamentos, entre outras.
Quais são as diferenças entre um banco e uma cooperativa de crédito?
Apesar das semelhanças práticas, os bancos e as cooperativas de crédito têm diferenças significativas. Entre elas, podemos destacar:
Organização hierárquica
O cooperativismo parte da premissa da democracia. Isso significa que todos os cooperados têm participação ativa, seja em cargos do Conselho de Administração ou Fiscal, seja por meio do voto na assembleia. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco.
Taxas reduzidas
Como cooperativas não visam ao lucro, há isenção de alguns impostos. Assim, os cooperados geralmente têm acesso a taxas mais justas em linhas de crédito e financiamentos. Com as opções de investimento, a lógica é a mesma: a rentabilidade das cooperativas financeiras está acima da média dos bancos.
Desenvolvimento da comunidade
Em um contexto amplo, uma cooperativa de crédito impacta diretamente o desenvolvimento local. Isso porque o dinheiro investido permanece na região, retroalimentando o crescimento de pequenos negócios. Já os bancos seguem uma política diferente, na qual os ganhos são centralizados em grandes polos.
Princípios que regem o cooperativismo
Antes de compreender ainda mais a fundo como funciona a gestão de uma cooperativa financeira, vale a pena conhecer os princípios do cooperativismo. São sete itens que compõem a doutrina por trás de todas as organizações. Acompanhe:
1. Adesão livre e voluntária
Qualquer pessoa que queira participar da cooperativa pode se tornar um membro. Não há distinção de gênero, estrato social, etnia, religião ou ideologia política.
2. Gestão democrática
Todos os participantes são sócios da organização. Sendo assim, podem – e devem – participar ativamente das tomadas de decisão. Os representantes do grupo são escolhidos em eleições.
3. Participação econômica dos sócios
O controle do capital também é exercido de maneira democrática. Parte desse montante é de uso comum, destinada a pagar as despesas operacionais. As sobras, por sua vez, são rateadas entre os cooperados ao fim de cada ano.
4. Autonomia e independência
Uma cooperativa é uma organização autônoma. Mesmo quando houver participação financeira de um agente externo, como o governo, o controle democrático feito pelos sócios deve ser preservado.
5. Educação, formação e informação
As cooperativas contribuem para o crescimento pessoal e profissional dos cooperados. Fazem isso por meio de palestras, cursos etc. Em paralelo, devem informar ao público geral sobre suas ações, como forma de divulgar os benefícios do cooperativismo.
6. Intercooperação
O movimento cooperativista acredita na união. Ainda que um grupo de cooperados defenda seus interesses locais, o trabalho para o fortalecimento desse modelo de negócio pode envolver estruturas regionais, nacionais e até internacionais.
7. Interesse pela comunidade
As políticas aprovadas pelos membros da cooperativa buscam o desenvolvimento sustentável de sua comunidade. Deve-se pensar na geração de emprego e na qualificação, fatores importantes para a prosperidade de um lugar.
Como funciona uma cooperativa de crédito
Agora que listamos os princípios cooperativistas, fica fácil entender o funcionamento de uma cooperativa de crédito. Tudo se baseia em decisões de interesse comum.
Primeiro, a pessoa decide associar-se à instituição e adquire cotas da cooperativa – uma quantia simbólica, apenas para demonstrar que há participação no negócio.
A partir daí, ela pode usufruir dos serviços. Em uma instituição financeira cooperativa, é possível abrir conta, obter cartão de crédito, fazer pagamentos ou depósitos e, ainda, aplicar dinheiro em algum fundo de renda fixa.
Em acréscimo, há as assembleias. Essas são as ocasiões em que todos os cooperados se reúnem para definir o futuro da entidade. Eles elegem seus representantes, decidem onde alocar os recursos coletivos e realizam outras deliberações.
No fim do ano, se ocorrer superávit, as sobras do exercício podem ser repartidas entre os cooperados. Outra possibilidade é reinvestir o montante para expandir as atividades da cooperativa de crédito.
Vale a pena aderir a uma cooperativa de crédito?
Somos suspeitos para falar, mas afirmamos que sim. O cooperativismo é uma excelente porta de entrada ao sistema financeiro.
Como dissemos anteriormente, uma das principais vantagens das cooperativas são as taxas reduzidas. Muitas associações não cobram tarifas para os serviços bancários básicos e, quando cobram, praticam valores inferiores aos do mercado.
Os juros dos empréstimos também são mais baixos. Desse modo, os cooperados conseguem obter crédito pagando parcelas que caibam no seu bolso.
Além disso, dá para ganhar mais dinheiro. Uma cooperativa de crédito é uma associação sem fins lucrativos, então há isenção tributária em situações como o depósito a prazo. Esse detalhe pode garantir uma reserva financeira com rendimentos maiores. Sem falar no rateio das sobras do exercício.
Por fim, tem o propósito. Sendo cliente e sócio ao mesmo tempo, você participará de uma instituição que respeita suas necessidades individuais. Lembre-se: a comunidade só ganha quando cada cooperado prospera junto.
Como entrar em uma cooperativa de crédito?
Depois de conhecer o funcionamento e as vantagens das cooperativas de crédito, nada mais justo que saber o passo a passo para associar-se, certo? Pensando nisso, organizamos uma lista com os principais pontos que você deve levar em consideração. Acompanhe abaixo e prepare-se para reforçar essa corrente!
1. Analise o estatuto
O Estatuto Social é o documento que rege o funcionamento da cooperativa de crédito. Nele estão descritos o objetivo da organização, os direitos dos cooperados e outros pormenores.
Antes de juntar-se ao grupo, vale a pena analisar o material para ter certeza de que o cooperativismo é para você.
2. Conheça os serviços
Cooperativas podem oferecer diferentes benefícios aos participantes. No ramo do crédito, é comum encontrar opções como financiamento, empréstimo, conta corrente e aplicações financeiras.
Procure entender quais são as taxas e as contrapartidas desses produtos. Afinal, elas devem ser vantajosas ao cooperado.
3. Saiba se a organização é confiável
As cooperativas de crédito são monitoradas pelo Banco Central do Brasil. Convém investigar, junto ao órgão, se existe alguma irregularidade ou reclamação.
Em paralelo, você pode se informar com pessoas que já participem do movimento para assegurar-se de que seu dinheiro será investido numa organização idônea.
4. Verifique os requisitos para participar
Seguindo os princípios do cooperativismo, qualquer pessoa é livre para aderir a uma associação desse tipo, contanto que esteja alinhada à filosofia e aos objetivos da instituição.
Você se encaixa no perfil? Então basta reunir a documentação solicitada: documento oficial com foto, comprovante de residência e comprovante de renda.
5. Procure uma agência
O próximo passo é seguir à agência mais próxima da cooperativa de crédito escolhida.
O procedimento para a abertura da conta costuma ser bem simples, sem grandes burocracias. Contudo, pode haver análise de sua renda, procedimento para aferir a capacidade de arcar com os compromissos financeiros.
6. Deposite a cota parte
Cooperados são clientes e sócios da cooperativa de crédito ao mesmo tempo, como já dissemos. Sendo assim, precisam injetar capital no negócio para ter acesso aos serviços disponibilizados.
A cota-parte corresponde ao valor mínimo para depósito, suficiente para cobrir as despesas operacionais. Ela varia conforme definido pelo Estatuto Social. Você pode adquirir quantas cotas quiser.
7. Participe das assembleias
As assembleias são reuniões nas quais os participantes da cooperativa de crédito decidem o futuro da organização. É importante estar presente nesses encontros para fazer valer sua responsabilidade enquanto associado.
Ah, cabe ressaltar que todo cooperado tem direito a um único voto nas decisões coletivas, independentemente do número de cotas-partes adquiridas.
Panorama do cooperativismo de crédito no Brasil
O cooperativismo nasceu na Europa. Mais precisamente, em Rochdale, na Inglaterra, durante o século XIX. A partir de então, o modelo foi exportado para outros países e chegou à América Latina pouco tempo depois.
O responsável por esse cruzamento de oceano foi o padre jesuíta Theodor Amstad. Nascido na Suíça, ele desembarcou no Brasil para atuar nas colônias de imigrantes alemães do Rio Grande do Sul.
Enquanto celebrava as cerimônias pelas capelas do interior, o religioso também ia percebendo como as comunidades ainda viviam em situação precária. Decidiu, portanto, apresentar uma solução que fomentasse a prosperidade daquelas famílias. Sim, essa solução era uma cooperativa de crédito.
Junto a outras 19 lideranças comunitárias, o padre construiu a Caixa de Economias e Empréstimos Amstad, que mais tarde seria rebatizada de Sicredi Pioneira RS. A sede da entidade situava-se na localidade de Linha Imperial, município de Nova Petrópolis. O ano era 1902 – e a associação continua operante até os dias atuais.
Avancemos aos anos 1920. Nessa fase, cooperativas gaúchas já tinham se unido para constituir a primeira central brasileira do setor, denominada Central das Caixas Rurais da União Popular do Estado do Rio Grande do Sul, Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada. Porém, a ditadura militar trouxe mudanças na legislação que restringiram as condições de funcionamento do cooperativismo de crédito.
A consequência disso foi que o movimento minguou entre os anos 1960 e 1980. Somente após a abertura política e econômica do país começou a reestruturação do sistema cooperativista. Na Região Sul, um dos que encabeçaram essa mudança foi Mário Kruel Guimarães.
Desde a década de 1980, as cooperativas de crédito vêm se consolidando como uma alternativa viável aos pequenos produtores. Houve programas governamentais que ajudaram nesse aspecto, mas também teve instabilidade dos planos econômicos, troca de moeda, hiperinflação e vários outros percalços pelo caminho.
Ainda assim, as instituições autônomas e democráticas transformaram-se numa grande ferramenta para a inclusão econômica e social de seus membros. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro, hoje há 728 cooperativas de crédito no Brasil. São mais de 15,5 milhões de cooperados.
Em muitos municípios, essas são as únicas instituições financeiras com sede ou posto de atendimento presencial. Isso mesmo: o modelo cooperativista contempla inclusive as populações que não têm acesso aos grandes bancos.
Os indicadores de desempenho são igualmente positivos. No último ano, o ativo total das cooperativas financeiras ficou em R$ 518,8 bilhões. Já as sobras de exercício chegaram a R$ 12,8 bilhões – dinheiro que, em muitos casos, foi repartido entre os cooperados, em quantidade proporcional às cotas-partes de cada um.
Leia também: Cooperativismo e empreendedorismo têm tudo a ver
Perguntas comuns sobre cooperativa de crédito
Uma cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada por pessoas que se unem para prestar serviços financeiros a si mesmas e a outras pessoas. As cooperativas de crédito são diferentes dos bancos tradicionais porque são propriedade de seus membros, que são os únicos que decidem como a cooperativa é administrada.
As cooperativas de crédito oferecem uma série de benefícios aos seus membros, incluindo:
Taxas de juros mais baixas: As cooperativa financeiras geralmente oferecem taxas de juros mais baixas do que os bancos tradicionais.
Menos taxas: As cooperativas de crédito costumam cobrar menos taxas do que outras instituições financeiras.
Mais serviços: Geralmente oferecem uma gama mais ampla de serviços.
Mais controle: Os membros das cooperativas de crédito têm voz ativa nas decisões tomadas.
As cooperativas de crédito oferecem uma variedade de serviços financeiros, incluindo:
contas corrente e poupança, empréstimos, cartões de crédito e seguros.
As cooperativas de crédito e os bancos tradicionais são ambas instituições financeiras, mas existem algumas diferenças importantes entre elas. As cooperativas de crédito geralmente oferecem taxas de juros mais baixas e menos taxas do que os bancos tradicionais. Os cooperados têm mais controle sobre a as decisões tomadas pela cooperativa do que os clientes dos bancos tradicionais.
Você pode encontrar cooperativas de crédito em todo o Brasil. Localize a agência da Cresol mais próxima de você nesse link.
Conte com as soluções financeiras da Cresol
E então, quer crescer junto conosco? Venha para a Cresol você também.
No nosso sistema, cada cooperado é atendido de forma individualizada. Oferecemos crédito com flexibilidade no pagamento, além de diversas opções para você investir seu dinheiro. Acesse o site e conheça nossas soluções.
Aproveite, ainda, para conferir as atualizações deste blog. Temos vários artigos sobre educação financeira que podem ser de seu interesse. Boa leitura!
O post Cooperativa de crédito: o que é e como funciona foi publicado por primeiro em Blog da Cresol.