O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, está enfrentando um dos piores desempenhos entre as bolsas mundiais em 2024. Em termos de dólares e considerando os rendimentos totais, o índice recuou 20,3% no ano, caracterizando-se como o pior desempenho global. Esse declínio é explicado por uma combinação de fatores internos e externos.
Fatores Externos
Juros Altos nos EUA
Uma das principais razões para a queda do Ibovespa é o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos. A política monetária restritiva do Federal Reserve (Fed) tem mantido a atratividade dos títulos de renda fixa americanos, influenciando negativamente o fluxo de capital para ativos de risco e mercados emergentes, como o Brasil.
Incerteza Sobre o Fed
Em 2024, há uma grande incerteza em relação ao ciclo de queda de juros do Fed. Inicialmente, esperava-se que o Fed realizasse quatro cortes nas taxas, mas dados econômicos mais robustos nos últimos meses sugerem que podem ocorrer apenas dois cortes, no melhor dos cenários. Com os juros altos nos EUA, os investidores preferem a segurança dos títulos do Tesouro americano, diminuindo a atratividade da Bolsa brasileira.
Economia Chinesa Fraca
A fraca economia chinesa também impacta negativamente o Ibovespa. A China é o maior consumidor de commodities do mundo, e dados econômicos fracos do gigante asiático reduzem o otimismo com o Brasil, um grande exportador de commodities. A queda nos preços de commodities, como o minério de ferro, afeta diretamente a performance da Bolsa brasileira.
Desempenho das Bolsas de Países Desenvolvidos
O bom desempenho das bolsas de países desenvolvidos, especialmente dos Estados Unidos, diminui os investimentos no Brasil. Com os ativos de risco performando bem no exterior, impulsionados por setores como inteligência artificial, a Bolsa brasileira perde atratividade. Até junho, investidores estrangeiros retiraram R$ 34,6 bilhões da Bolsa brasileira.
Fatores Internos
Problemas Políticos e Fiscais
Os problemas internos também desempenham um papel crucial na queda do Ibovespa. As questões políticas e fiscais, incluindo a mudança das metas fiscais do Governo Federal menos de um ano após a aprovação do novo arcabouço, minaram a credibilidade do governo. Os gastos acima do esperado e a dificuldade em compor receita aumentam o risco fiscal, elevando as taxas de juros locais e provocando aversão ao risco.
Insegurança Jurídica
A insegurança jurídica criada por iniciativas como a MP das Compensações e a “PEC das Blusinhas” também afasta investidores. Discursos e ações de pessoas ligadas ao comando do país, geram ruídos e assimetria informacional, aumentando significativamente o risco de investir na Bolsa brasileira. Casos envolvendo Petrobras, Vale e Eletrobras são exemplos de como esses ruídos impactam negativamente o mercado.
Saída de Investidores
A combinação desses fatores levou à saída de investidores estrangeiros e institucionais brasileiros da B3. Os juros locais mais altos, que acompanham os americanos e tentam compensar o maior risco interno, tornam a renda fixa brasileira mais atrativa, enfraquecendo o fluxo de capital para a Bolsa. Assim, enquanto outros mercados emergentes, com menores problemas internos, conseguem performar melhor, o Brasil não se beneficia da mesma forma.
O fraco desempenho do Ibovespa é resultado de uma complexa teia de fatores internos e externos. A política monetária dos Estados Unidos, a economia chinesa fraca, problemas políticos e fiscais internos e a insegurança jurídica contribuem para a queda do índice. Para que o cenário melhore, será necessário um ambiente político e econômico mais estável e previsível, tanto no Brasil quanto no exterior.
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