Offshore: o que é e como funciona esse tipo de empresa?

Nos últimos anos, o termo “offshore” tem ganhado destaque nos debates sobre economia global, tributação e transparência financeira.

Com origem no vocabulário marítimo para descrever atividades realizadas “além da costa”, o termo evoca diferentes práticas financeiras, desde a criação de empresas em paraísos fiscais até o estabelecimento de contas bancárias em jurisdições estrangeiras.

Empresas e pessoas recorrem a estruturas offshore por várias razões, que vão desde a busca por vantagens tributárias até a proteção de ativos e a confidencialidade financeira.

Porém, o uso de offshores também tem sido associado a preocupações com evasão fiscal, lavagem de dinheiro e falta de transparência, mesmo sendo uma prática lícita.

Neste artigo, vamos mostrar o que é uma empresa offshore, como ela funciona, as diferenças entre onshore e offshore e muito mais. Acompanhe a leitura!

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O que é uma empresa offshore?

Uma empresa offshore é uma empresa registrada em um país diferente daquele em que realiza a maior parte de suas operações ou onde estão localizados seus principais proprietários.

Essas empresas são normalmente usadas para fins de planejamento tributário, proteção de ativos e privacidade financeira.

Em resumo, uma empresa offshore existe quando o proprietário da conta ou empresa mora em um país, mas realiza negócios em outros.

Tais negócios podem ter diferentes origens, como investimentos no mercado financeiro, imobiliário, atividades operacionais de empresas, entre outras opções.

Mas afinal, como funciona esse tipo de empresa? Veja a seguir.

Como ela funciona?

Uma empresa offshore funciona registrando-se em um país estrangeiro com leis e regulamentos favoráveis, geralmente com baixas taxas de imposto ou com total isenção fiscal.

Ela pode ser utilizada para diversos propósitos, como:

Proteção de ativos.

Redução de impostos.

Diversificação de investimentos.

Confidencialidade financeira.

As operações comerciais são conduzidas por meio dessa empresa, que pode possuir contas bancárias, investir em ativos e realizar transações comerciais em nome dos seus proprietários ou clientes.

Contudo, é primordial respeitar as leis e regulamentações tanto no país de registro quanto nos países onde são realizadas as operações comerciais.

Em teoria, é possível abrir uma empresa offshore em qualquer país, porém, o mais comum é encontrar esse tipo de empreendimento em locais chamados de “paraísos fiscais”, isto é, que têm algum tipo de tributação mais favorecida ou vantajosa.

Os territórios que são mais conhecidos como paraísos fiscais são:

Suíça.

Ilhas Cayman.

Bahamas.

Hong Kong.

Panamá.

Vale ainda ressaltar que apesar de ser associada a práticas ilegais, abrir uma empresa offshore é uma prática lícita, desde que sejam respeitadas as normas regulatórias e legislação vigente.

O que é Fundo offshore?

Um Fundo offshore é um Fundo de Investimento registrado e operado em uma jurisdição estrangeira, fora do país de residência dos investidores.

Da mesma forma que as empresas offshore, eles são estabelecidos em jurisdições conhecidas como paraísos fiscais ou centros financeiros offshore, que oferecem vantagens como baixa tributação, confidencialidade e flexibilidade regulatória.

Investidores podem participar de Fundos offshore para diversos propósitos, incluindo diversificação de investimentos, proteção de ativos, planejamento tributário e acesso a oportunidades de investimento em mercados internacionais.

Esses Fundos podem investir em uma ampla variedade de ativos, incluindo ações, títulos, imóveis, commodities, moedas estrangeiras e outros instrumentos financeiros.

É importante ressaltar que muitos investidores e instituições financeiras utilizam Fundos offshore de forma legítima para aproveitar as vantagens oferecidas por essas jurisdições.

Contudo, eles também podem ser associados a preocupações com evasão fiscal, lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas, o que levou a uma maior escrutínio regulatório em muitas jurisdições ao redor do mundo.

Quais as diferenças entre onshore e offshore?

As diferenças entre onshore e offshore estão relacionadas à localização e ao contexto em que são utilizadas.

Veja as principais diferenças no quadro a seguir:

OnshoreOffshoreRefere-se a atividades, empresas ou investimentos realizados dentro do território nacional de um país. Por exemplo, uma empresa que opera em uma fábrica localizada no país onde está registrada é considerada uma empresa onshore.Refere-se a atividades, empresas ou investimentos realizados fora do território nacional de um país. Uma empresa registrada em um país estrangeiro e que opera principalmente fora do país de registro é considerada uma empresa offshore.Está sujeito às leis, regulamentações e impostos do país onde as atividades são realizadas. Isso pode incluir impostos sobre renda, vendas, propriedade, entre outros.Está sujeito às leis, regulamentações e impostos do país onde está registrada, que podem ser mais favoráveis em termos de tributação e regulamentação.Pode ser utilizado para diversos fins, incluindo operações comerciais, investimentos, propriedade de imóveis, entre outros, dentro do país onde está localizado.Geralmente é utilizado para objetivos específicos, como planejamento tributário, proteção de ativos, confidencialidade financeira e diversificação de investimentos, aproveitando as vantagens oferecidas pelas jurisdições offshore.É mais associado à transparência, conformidade regulatória e contribuição para a economia nacional.É associado com frequência a preocupações com sigilo bancário, evasão fiscal, lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas devido à confidencialidade oferecida pelas jurisdições offshore.

Em resumo, enquanto o termo “onshore” se refere a atividades dentro do país de origem, o termo “offshore” se refere a atividades realizadas em jurisdições estrangeiras.

Como abrir uma empresa offshore?

Agora que você sabe o que é e como funciona uma empresa que opera atividades “além da costa”, vamos mostrar como é possível abrir uma offshore e quais são os principais passos a serem seguidos.

1. Pesquisa e planejamento

Antes de começar, é importante fazer uma pesquisa detalhada sobre as jurisdições offshore disponíveis e identificar aquela que melhor atende às suas necessidades.

Considere fatores como impostos, regulamentação, estabilidade política, custos de manutenção e reputação internacional.

2. Escolha da jurisdição

Selecione a jurisdição que melhor se adapte aos seus objetivos comerciais e necessidades.

Alguns dos principais centros offshore incluem Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas, Panamá, Belize, Seychelles, entre outros que citamos anteriormente.

3. Nome da empresa

Escolha um nome para a sua empresa que esteja disponível e em conformidade com as regras e regulamentos da jurisdição escolhida.

4. Contratação de serviços profissionais

É recomendável contratar os serviços de um consultor jurídico especializado em direito internacional e em empresas offshore.

Esses profissionais podem fornecer orientações no processo de registro e garantir que todas as etapas sejam realizadas corretamente.

5. Registro da empresa

Prepare a documentação necessária para registrar a empresa offshore, que pode incluir um memorando e estatutos da empresa, certificado de incorporação, identificação dos diretores e acionistas, entre outros documentos.

Esses documentos serão submetidos ao órgão regulador ou autoridade competente na jurisdição offshore escolhida.

6. Nomeação de diretores e acionistas

Nomeie os diretores e acionistas da empresa de acordo com os requisitos legais da jurisdição offshore.

7. Abertura de conta bancária

Após registrar a empresa, abra uma conta bancária em nome da empresa offshore. Escolha um banco que opere na jurisdição offshore escolhida e que atenda às suas necessidades.

8. Conformidade legal e fiscal

Esse é o passo mais importante: certifique-se de cumprir todas as obrigações legais e fiscais da jurisdição offshore, incluindo a apresentação de relatórios anuais, pagamento de taxas e impostos, conforme aplicável.

É importante lembrar que as leis e regulamentações relacionadas a empresas offshore podem variar de uma jurisdição para outra.

Então, é recomendado buscar orientação profissional e garantir que todas as atividades sejam realizadas em conformidade com as leis locais e internacionais.

Quais são os principais tipos de offshore?

Existem alguns tipos de estruturas offshore que podem ser utilizadas para diferentes propósitos. As mais comuns são:

Trusts

Estruturas legais que permitem a transferência de ativos para um administrador (trustee) para beneficiar terceiros (beneficiários).

Os trusts offshore são frequentemente utilizados para proteção de ativos, planejamento sucessório e confidencialidade financeira.

Limited Liability Company (LLC)

Uma Limited Liability Company (LLC), ou Sociedade de Responsabilidade Limitada, é uma estrutura empresarial que combina características de sociedades de responsabilidade limitada e parcerias.

Ela oferece aos proprietários (membros) responsabilidade limitada pelos débitos e obrigações da empresa, semelhante às sociedades de responsabilidade limitada, enquanto também proporciona flexibilidade na gestão e tributação, como ocorre em parcerias.

International Business Company (IBC)

Uma International Business Company (IBC) é uma forma de empresa utilizada para conduzir negócios internacionais em jurisdições offshore, que são estabelecidas em países com leis e regulamentos favoráveis para empresas estrangeiras, como paraísos fiscais.

Elas são mais populares devido à sua estrutura flexível, benefícios fiscais, privacidade financeira e baixo custo de manutenção.

Por que empresas offshore são relacionadas com fatos polêmicos e escândalos financeiros?

Apesar de ser uma prática legalizada, as offshores são relacionadas com frequência a escândalos financeiros.

Isso acontece porque muitas jurisdições offshore oferecem sigilo bancário e confidencialidade, o que pode facilitar a ocultação de ativos e transações financeiras.

Mesmo que isso possa ser utilizado de forma legítima, também abre espaço para atividades ilegais, como lavagem de dinheiro, evasão fiscal e corrupção.

Outro motivo é o pagamento de impostos. O uso de offshores pode permitir que empresas ou pessoas evitem pagar impostos em seus países de origem, transferindo fundos para jurisdições com baixas taxas ou isenções fiscais. Essa prática pode ser considerada abusiva e antiética, especialmente quando utilizada para evitar obrigações tributárias legítimas.

Além disso, algumas jurisdições offshore têm regulamentações mais flexíveis e menos rigorosas em relação ao registro e operação de empresas. Isso facilita a criação de empresas de fachada ou “empresas fantasmas”, que podem ser utilizadas para atividades fraudulentas, como esquemas de pirâmide, fraudes e lavagem de dinheiro.

Offshore e mercado financeiro: qual é a relação?

Até agora, você aprendeu sobre as empresas offshore, seu funcionamento e os principais tipos existentes. Contudo, qual é exatamente a relação delas com o mercado financeiro?

Empreendedores e investidores brasileiros têm a opção de estabelecer uma offshore em outros territórios para se beneficiar de diferentes formas, incluindo:

Acesso a mercados globais e investimentos em diferentes moedas estrangeiras.

Diversificação de investimentos em distintos países e economias.

Mais facilidade para realizar operações de câmbio.

Vantagens fiscais, tais como isenções de impostos.

Ao realizar investimentos por meio de uma offshore no exterior, apenas a tributação local (se aplicável) será devida. Nesse caso, os impostos brasileiros só serão cobrados quando você trouxer o dinheiro de volta ao país.

Porém, criar uma offshore não é o único meio de internacionalizar parte do seu portfólio. Existem algumas opções de investimento no Brasil que oferecem essa possibilidade, como:

BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

ETFs (Exchange Traded Funds).

Fundos de Investimento.

Por meio dessas alternativas, é possível investir em mercados internacionais sem necessidade de ter uma conta ou empresa no exterior.

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