Pico do Cabugi: Como um vulcão (inativo) pode mudar a história do Brasil

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Onde o Brasil foi descoberto? Se você for curioso e jogar a pergunta no Google (ou gostar de História e puxar na memória), provavelmente topará com uma resposta que vá nesta linha: Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, em 22 de abril de 1500 – ano em que “descobriu” o Brasil. Mas há quem discorde da parte geográfica desta história, graças a um vulcão inativo.

Para quem tem pressa:

O Brasil foi “descoberto” por Pedro Álvares Cabral em 22 de abril de 1500, conforme a versão oficial baseada na carta de Pero Vaz de Caminha;
No entanto, historiadores e pesquisadores questionam essa versão, sugerindo que os portugueses avistaram o pico do Cabugi, pertencente geograficamente a cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, em vez do Monte Pascoal, na Bahia;Argumentos em favor do Cabugi incluem correntes marítimas favoráveis à chegada das embarcações de Cabral ao Rio Grande do Norte e a presença de lagoas de água doce, mencionadas por Pero Vaz de Caminha na carta;O marco mais antigo do Brasil, o Marco de Touros, também contribui para essa teoria, indicando uma distância consistente com a rota sugerida pelo Cabugi em relação ao segundo marco fincado pelos portugueses.

Antes, contexto: a “versão oficial” da história se baseia num documento considerado uma espécie de certidão de nascimento do Brasil: a carta escrita por Pero Vaz de Caminha (1450-1500), integrante da comitiva de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), para comunicar ao rei lusitano dom Manuel 1º (1469-1521) o “achamento” de novas terras, conforme publicado pela BBC Brasil.

Nesta carta, Pero Vaz de Caminha descreve um monte. A “versão oficial” considera que o tal monte é o Monte Pascoal, na Bahia. Mas diversos historiadores e pesquisadores afirmam que os portugueses avistaram, na verdade, o pico do Cabugi – único vulcão inativo no Brasil que conserva sua forma original, localizado perto do litoral do Rio Grande do Norte. “Toda a condição de vento no Atlântico é favorável à chegada das embarcações de Cabral aqui [Rio Grande do Norte]”, diz a professora de turismo Rosana Mazaro, em entrevista ao jornal O Globo.

“Terra à vista!”: mas qual terra?

O primeiro a cantar essa bola foi o historiador (potiguar, diga-se) Lenine Barros Pinto, nos livros Reinvenção do Descobrimento (1998) e Ainda a Questão do Descobrimento (2000). O pesquisador aponta que Cabugi é o Monte Pascoal e o município vizinho de Touros (RN) corresponde à Porto Seguro, onde os portugueses teriam desembarcado pela primeira vez no Brasil.

Os argumentos que questionam a “versão oficial” se escoram principalmente nas correntes marítimas do Atlântico. A professora de turismo, que também se diz “navegadora oceânica”, explica: “Depois de Cabo Verde, em oito graus de latitude Norte, você tem área de calmaria. Em seguida, o navegador encontra os ventos alísios e a corrente que cruza Fernando de Noronha, que o jogam violentamente para a costa do Rio Grande do Norte.”

Outros dois pontos são cruciais no questionamento à “versão oficial” da chegada de Cabral no Brasil: lagoas de água doce e o marco mais antigo do Brasil.

Em relação às lagoas, é assim: Pero Vaz de Caminha descreve, na carta, “a presença de aguada”, segundo Rosana. “O litoral potiguar é repleto de lagoas de água doce, que não é característica de Porto Seguro”;Sobre o marco mais antigo do Brasil (o Marco de Touros), fincado em 1501 na Praia do Marco, em Touros: “No mapa português, consta que eles navegaram duas mil léguas ao Sul do país para colocar o segundo marco. A distância é a mesma do Rio Grande do Norte a São Paulo. Se o primeiro marco estivesse em Porto Seguro, na Bahia, o segundo marco teria de ser colocado onde hoje é a Argentina.”

Revisando a história do Brasil

O engenheiro civil Manuel Oliveira Calvanti acolheu a tese do historiador Lenine Barros Pinto e partiu para Portugal para conhecer mais detalhes sobre a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, segundo o UOL.

Após a viagem (e dois anos de pesquisa), o engenheiro publicou o livro 1500: de Portugal ao saliente Potiguar (2018), no qual reforça a tese de Barros Pinto com dados baseados na interpretação de relatos dos portugueses.

Estive em Portugal, na Torre do Tombo, e averiguei dezenas e dezenas de livros, analisei as correntes marítimas, a plataforma continental, as correntes aéreas, e por aí segue todo o trabalho para demonstrar essa teoria.

Manuel Oliveira Calvanti, autor do livro “1500: de Portugal ao saliente Potiguar”

Tomando como embasamento todas estas possibilidades, os angicanos já começam a utilizar as redes sociais numa demonstração latente de apoio ao propósito de que, foi o Pico do Cabugi e não o Monte Pascoal que os portugueses avistaram ao chegar ao nosso país em meados do ano 1500.

Citamos como exemplo o depoimento consistente apresentado nas redes sociais pelo Empresário angicano Paulinho Loló, o qual iremos reproduzir na integra aqui nesta matéria, vivendo a expectativa de que outros angicanos, assim como ele, possam “comprar essa briga”, que traria muitos dividendos para o nosso município de Angicos, já que, o Pico do Cabugi, pertence a sua área geográfica.


Acompanhem a seguir a postagem via redes sociais publicada pelo Empresário angicano Paulinho Loló:

Olhem que coisa mais linda! Um site de nível nacional divulgando o que seria o ” redescobrimento ” do Brasil, um novo ponto de partida. O nosso estado tem um potencial turístico gigante, muito ainda a ser explorado. Digamos que esse seria o turismo da verdade a respeito do descobrimento. Sinceramente não sei o que está faltando para se comprar essa ideia, haja vista que só vejo benefícios para o nosso estado. Todos que estão lendo esse texto tem em mente que o nosso país foi descoberto em Porto Seguro/BA e foi avistado o Monte Pascoal, só que os livros de história terão que ser refeitos, constando Touros/RN e pico do Cabugi. A história sendo recontada e o nosso RN como protagonista. É algo promissor para um estado que ainda precisa pensar e muito no futuro, nunca esquecendo do seu passado! De Touros a Angicos, essa luta é de todos.

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