Um acordo para implementar a agricultura regenerativa na América Latina

Spread the love

A agricultura regenerativa é uma prática agrícola que vai além da produção de alimentos, focando na restauração e melhoria da saúde dos ecossistemas agrícolas. Diferente das abordagens convencionais, que muitas vezes priorizam a produtividade imediata, a agricultura regenerativa busca, a longo prazo, aumentar a resiliência do solo, promover a biodiversidade e capturar carbono da atmosfera.

Essa prática envolve diversas técnicas, como a rotação de culturas, que alterna diferentes plantas em uma área para evitar o esgotamento dos nutrientes do solo e combater pragas e doenças de forma natural. A compostagem é outro elemento chave, no qual a matéria orgânica decomposta é adicionada ao solo para melhorar sua estrutura e fertilidade.

O objetivo central da agricultura regenerativa é criar um sistema agrícola sustentável que seja economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado. Na agricultura moderna, algumas práticas regenerativas já estão sendo adotadas: a redução do tratamento mecânico do solo, a ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), o uso responsável de fertilizantes e defensivos, entre outras práticas.

Com esta visão, o Reg.IA, primeiro Consórcio de Agricultura Regenerativa da América Latina, foi criado, fruto da colaboração entre Agrivalle, Bayer, BRF, GAPES e Produzindo Certo. Além de, simbolicamente, fazer referência à ornamental planta amazônica, Reg.IA representa a junção das palavras “regenerativa”, “inclusiva” e “agricultura”, reforçando o propósito do grupo.

A escolha do modelo de Consórcio traz consigo o objetivo de tornar possível a união de esforços de diferentes atores do setor, promovendo uma maior troca de conhecimentos, experiências e recursos para potencializar os resultados das iniciativas de agricultura regenerativa.

O Reg.IA conta com a colaboração de diversos atores para a validação do protocolo que será construído, como empresas, universidades e entidades de pesquisa. Além de garantir a execução das ações junto aos produtores, a plataforma Produzindo Certo é responsável por integrá-los aos parceiros. A tecnologia é uma aliada do Consórcio, já que os produtores também terão acesso a uma ferramenta de recomendação guiada com base em IA (Inteligência Artificial).

Durante os primeiros anos de evolução do protocolo, haverá indicação, aprovação e adesão de novos membros. Atualmente, 30 fazendas aderiram ao Consórcio, e o número tende a aumentar. Um dos entregáveis refere-se à definição ou identificação de um protocolo de agricultura regenerativa que tenha aplicabilidade prática, aceitação por parte dos produtores e reconhecimento da indústria e sociedade.

O protocolo é composto por duas fases iniciais: Ano 1 e 2, com a inclusão de práticas mandatórias e opcionais aos produtores participantes.

A prática mandatória inclui o plantio direto de qualidade, com cultura de cobertura – que é a plantação entre as safras, impedindo que o solo fique exposto. Entre as práticas opcionais, estão a adubação orgânica, com pelo menos 20% do volume de fertilizante proveniente de fonte orgânica; o uso de biológicos (insumos de origem natural para controle de pragas e outros benefícios ao plantio), com pelo menos uma aplicação de biológicos na lavoura; a redução de uso de pesticidas químicos, abaixo de 20% da média nacional; e a rotação de culturas. A evolução do protocolo ocorrerá nos anos iniciais, a partir das decisões do comitê técnico.

A linha do tempo do primeiro ano inclui a formalização do Reg.IA, com a participação de empresas líderes em setores como: consultoria técnico-agronômica, bioinsumos, defensivos e mercado financeiro, instituições de pesquisa e produtores rurais. A colheita regenerativa culminará em um evento de Resultados Regenerativos, com a meta de 200 mil toneladas de soja regenerativa, para promover um ciclo sustentável de agendas de impacto ao produtor.

Os impactos esperados das iniciativas incluem mais de 30 fazendas beneficiadas, mais de 200 mil toneladas de soja regenerativa verificadas, mais de 50 mil hectares transformados, e 10 artigos publicados sobre agricultura regenerativa. O produtor que entrar para o Consórcio receberá um selo de verificação de soja regenerativa, podendo escolher se o selo de verificação será para toda a área plantada ou para um talhão (unidade mínima de cultivo de uma propriedade) específico.

A aplicação da agricultura regenerativa no Brasil e na América Latina tem o potencial de causar impactos profundos e transformadores na sustentabilidade agrícola da região. Implantar técnicas regenerativas contribuirá significativamente para a restauração e preservação da saúde do solo, aumentando sua capacidade de retenção de água e sua fertilidade natural.

Ainda, a implementação de práticas que reduzem o uso de pesticidas químicos abaixo da média nacional e promovem a rotação de culturas ajudará a diminuir a dependência de insumos artificiais, resultando em uma agricultura mais sustentável e menos prejudicial ao meio ambiente.

A regeneração dos solos e a adoção de práticas como a cobertura do solo e o pastoreio rotacional também poderão aumentar a captura de carbono, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas na região. A integração de árvores e a diversidade de culturas nas práticas agrícolas contribuirão para o aumento da biodiversidade, criando habitats para diferentes espécies e promovendo um ecossistema agrícola mais equilibrado.

A criação de um sistema agrícola mais sustentável e justo contribuirá para a melhoria das condições de vida dos agricultores, promovendo práticas de trabalho justas e garantindo uma maior valorização dos produtos no mercado.

O Reg.IA tem o potencial de expandir essas práticas para um número crescente de fazendas, aumentando a escala e o impacto dessas iniciativas.

A introdução de um selo de verificação para soja regenerativa permitirá que os produtores certifiquem suas práticas sustentáveis, valorizando seus produtos no mercado e oferecendo aos consumidores a opção de escolher produtos que contribuem para a regeneração ambiental.

A colaboração entre empresas líderes, instituições de pesquisa e produtores rurais dentro do consórcio facilitará a troca de conhecimentos e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, acelerando a adoção de práticas regenerativas.

Com mais de 50 mil hectares já transformados e a meta de impactar ainda mais áreas, o Consórcio está em uma posição única para liderar a transformação das paisagens agrícolas na região, criando ecossistemas mais resilientes e produtivos.

Esses impactos refletem a capacidade da agricultura regenerativa de não apenas melhorar a produção agrícola, mas também de promover uma relação mais harmoniosa entre a agricultura e os ecossistemas naturais, com benefícios a longo prazo para a sustentabilidade ambiental, a economia agrícola e as comunidades rurais em toda a América Latina.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *