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Em um mundo cada vez mais conectado, a inclusão digital emerge como um dos pilares fundamentais para a promoção da equidade social e do desenvolvimento econômico. Em 2024, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) consolidou um modelo inovador e responsivo de regulação, priorizando a conversão de multas em obrigações de fazer (ODFs).
Essa abordagem transformadora permitiu direcionar mais de R$ 64 milhões que seriam aplicados em multas para investimentos que estão mudando a realidade de milhares de brasileiros em situação de vulnerabilidade.
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O papel das obrigações de fazer na regulação responsiva
A ODF é um instrumento regulatório que tem ganhado protagonismo na atuação da Anatel. Trata-se de uma modalidade de sanção que pode ser aplicada em substituição às multas financeiras, desde que haja clara vantagem para o interesse público.
Em vez de ser sancionada a recolher um valor em dinheiro para os cofres públicos, o que já se provou pouco efetivo, frente à quantidade de recursos e judicializações, as empresas são obrigadas a investir diretamente em projetos que beneficiem diretamente a sociedade.
Desde 2019, essa ferramenta tem sido utilizada pela Anatel como uma alternativa eficaz à aplicação de multas, especialmente quando os valores envolvidos são significativos. Em 2024, 11 processos deliberados pelo Conselho Diretor da Anatel resultaram na conversão de multas em projetos voltados à inclusão digital.
Essas iniciativas incluem a expansão do 4G em localidades remotas, a conectividade de escolas públicas e a ampliação da infraestrutura de fibra ótica em comunidades indígenas e quilombolas.
Além de promover melhorias tangíveis na infraestrutura de telecomunicações, a ODF também reflete uma abordagem regulatória mais moderna, alinhada ao Programa Resolve, instituído pelo Decreto 12.091/2024. Este programa reforça o uso de soluções consensuais e eficientes em diversas esferas da administração pública, promovendo maior eficácia nas decisões regulatórias e reduzindo a litigiosidade.
Impacto social: inclusão digital e cidadania
A inclusão digital é mais do que oferecer acesso à internet. Ela representa uma oportunidade de transformar vidas, ampliar horizontes e fortalecer a cidadania. Entre as iniciativas de maior impacto em 2024, destacam-se os projetos voltados à capacitação digital de mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo migrantes, refugiadas e vítimas de violência doméstica.
Essas mulheres agora terão acesso a programas de qualificação profissional que, além de incluí-las no mundo digital, oferecerão perspectivas concretas de integração social e econômica. Essa ação está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial o ODS 5 (Igualdade de Gênero) e o ODS 10 (Redução das Desigualdades).
Outro destaque é o impacto da inclusão digital nas comunidades indígenas e quilombolas, que agora contarão com infraestrutura de fibra ótica e tecnologia 4G. Para essas comunidades, o acesso à internet não é apenas um meio de comunicação, mas uma ferramenta para o exercício de direitos fundamentais, como a educação, a saúde e a preservação cultural.
Conectividade para a educação
A conectividade das escolas públicas é outro pilar essencial das obrigações de fazer implementadas pela Anatel. Em um país com grandes desigualdades regionais, garantir que as escolas tenham acesso à internet de qualidade é um passo crucial para promover a equidade educacional.
Com a implementação desses projetos, milhares de estudantes em regiões remotas terão acesso a recursos educacionais digitais, promovendo a melhoria do aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para o futuro. A inclusão digital nas escolas públicas também contribui para o fortalecimento da cidadania, permitindo que os jovens se tornem protagonistas em um mundo cada vez mais conectado.
Um modelo de regulação orientado para resultados
A experiência da Anatel com as obrigações de fazer demonstra que a regulação responsiva é um caminho viável e eficaz para atender às necessidades reais da sociedade. Ao priorizar o diálogo com as empresas reguladas, a Anatel conseguiu implementar projetos que atendem aos interesses de ambas as partes, reduzindo conflitos e garantindo maior eficácia na execução das medidas.
É importante destacar que a ODF não se constitui em um instrumento negocial. Trata-se de uma prerrogativa regulatória que busca a melhor solução para o interesse público, sempre respeitando a discricionariedade da agência. No entanto, ao estabelecer um diálogo prévio com as empresas sancionadas, a Anatel assegura maior aderência e compromisso na implementação dos projetos.
Essa abordagem também está alinhada ao Plano Estratégico 2023-2027 da Anatel, que estabelece a inclusão digital como uma prioridade estratégica. Além disso, as medidas adotadas refletem o compromisso da agência com os princípios de inovação e eficiência previstos na legislação brasileira e nos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.
Perspectivas para 2025
O sucesso das iniciativas implementadas em 2024 reforça a importância de manter e expandir o modelo de regulação responsiva nos próximos anos. Em 2025, a Anatel continuará a acompanhar de perto a execução dos projetos, garantindo que os recursos sejam utilizados de forma eficaz e que os objetivos de inclusão digital sejam plenamente alcançados.
Entre as prioridades para o próximo ano, destaca-se o fortalecimento das parcerias com outros órgãos governamentais, empresas e organizações da sociedade civil, ampliando o alcance das obrigações de fazer e promovendo maior impacto social. Além disso, a Anatel seguirá aprimorando seus mecanismos de monitoramento e avaliação, assegurando que as medidas adotadas sejam sustentáveis e alinhadas às metas de desenvolvimento do país.
Conclusão
Em 2024, a Anatel deu um passo significativo para transformar a inclusão digital em uma realidade para milhares de brasileiros em situação de vulnerabilidade. Ao converter multas em investimentos sociais, a agência não apenas promoveu melhorias na infraestrutura de telecomunicações, mas também fortaleceu a cidadania e abriu novas perspectivas para populações historicamente excluídas.
Essas ações demonstram que a regulação pode e deve ser um instrumento de transformação social, capaz de alinhar os interesses do setor privado com as necessidades da sociedade. À medida que avançamos para 2025, a Anatel reafirma seu compromisso com a inclusão digital como um pilar do desenvolvimento sustentável, mostrando que a conectividade pode ser um poderoso motor para a construção de um Brasil mais justo e igualitário.