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31 de maio é o Dia Mundial Sem Tabaco. Este ano, a campanha lança um alerta: proteger as crianças da interferência da indústria do tabaco.
Hoje o assunto é o cigarro, um tema que mexe com a saúde de milhões de pessoas, possui um gigantesco impacto econômico, social e ambiental no mundo e que move campanhas milionárias de marketing, cujo público-alvo está cada vez mais jovem.
31 de maio é o Dia Mundial Sem Tabaco, uma das campanhas de saúde mais importantes do ano, criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde, com ações realizadas em centenas de países e a colaboração de governos e da sociedade civil.
A cada ano, um tema é escolhido para uma discussão mais aprofundada. Em 2023, por exemplo, a campanha mostrou como a plantação de tabaco impacta negativamente a economia global, o meio ambiente e dificulta o combate à fome no mundo. Estima-se que 3.5 milhões de hectares são convertidos anualmente para o cultivo do tabaco, reduzindo as áreas em que alimentos podem ser produzidos.
O tabaco exige enormes áreas de plantio e piora o desmatamento no mundo, resultando em mais de 600 milhões de árvores derrubadas anualmente. Além disso, demanda uso intensivo de água e agrotóxicos, o que colabora com a degradação do meio ambiente.
Em 2024, a meta da campanha é ‘expor’ falácias sobre o cigarro que persistem na sociedade, patrocinadas pelos fabricantes.
Antes de falar sobre essas ‘fake news’ da indústria do tabaco, vamos relembrar o impacto de fumar na saúde, a partir de estudos científicos realizados nas últimas décadas.
Efeitos do cigarro na saúde
Dentre as drogas lícitas mais consumidas está o cigarro.
Estudos comparativos da saúde de centenas de milhares de pessoas, realizados com base em registros médicos de décadas, mostram o quanto o cigarro afeta a longevidade e o bem-estar, aumentando consideravelmente os riscos para diversas doenças:
Quem fuma tem…
25 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão
de 02 a 04 vezes mais chances de ter doença arterial coronariana e AVC
Risco elevado de desenvolver câncer, como os de:
Bexiga
Leucemia mielóide aguda
Colo do útero
Cólon e reto (colorretal)
Esôfago
Rim e ureter
Laringe
Fígado
Orofaringe
Estômago
Traqueia, brônquios e pulmão
Dia Mundial Sem Tabaco expõe o que a indústria do cigarro quer esconder
O consumo de cigarro é considerado uma epidemia de proporções globais.
Altamente viciante, profundamente danoso para o organismo e capaz de impactar a vida tanto de quem o fuma quanto das pessoas ao redor, o cigarro é um dos mais conhecidos ‘vilões’ da boa saúde.
Segundo a OMS, fumar mata mais de 08 milhões de pessoas todos os anos.
Como vimos acima, o tema da campanha Dia Mundial sem Tabaco de 2024 é ‘expor’ informações falsas patrocinadas pela indústria do tabaco. Para isso, a OMS preparou materiais de divulgação bastante persuasivos, focados primariamente em um público mais jovem. Afinal, de acordo com a entidade, os fabricantes de cigarro investem, em média, mais de 20 milhões de dólares todos os dias em publicidade e marketing, e grande parte desse investimento está focado em adolescentes e jovens adultos. Eles formariam a base dos “novos fumantes” – substituindo os adultos, que fumam cada vez menos.
Campanha global da OMS alerta para o marketing crescente focando no público mais jovem
De acordo com a OMS, o marketing do cigarro busca convencer as pessoas de que:
O cigarro não faz tão mal assim;
Métodos ‘alternativos’ de fumar, como vaping e cigarros eletrônicos, seriam ‘mais saudáveis’ e menos danosos à saúde;
E que a indústria está, cada vez mais, seguindo boas práticas ambientais, o que tornaria menos impactante ao meio ambiente a produção de cigarros.
Todas estas falácias precisam ser combatidas, segundo a OMS. Na verdade, a organização defende que a indústria do tabaco em nada mudou: os cigarros continuam gerando problemas sérios de saúde, as novas ‘modalidades’ em nada são saudáveis e o impacto econômico e ambiental do cigarro continua gigantesco.
Não é só o cigarro: alguns números nos ajudam a entender o gigantesco impacto das drogas no mundo
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) prepara relatórios periódicos sobre o consumo de drogas lícitas (como o cigarro) e que nos ajudam a compreender como as drogas afetam a população.
O relatório de 2020 mostrou que:
Mais de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de problemas de saúde decorrentes do consumo abusivo de drogas.
Apenas 01 em 08 pessoas que necessitam de tratamento de saúde relacionado ao uso de drogas recebe, de fato, ajuda médica.
Em 2018, cerca de 270 milhões de pessoas no mundo utilizaram algum tipo de droga ao menos uma vez no último ano;
Esse número representa um aumento de 30% em apenas uma década.
Adolescentes e jovens adultos representavam a maior parcela desse grupo.
270 milhões de pessoas usando algum tipo de droga equivalia, em 2018, a 5.4% da população global entre 15 e 40 anos, ou 01 em cada 19 pessoas.
Vale notar que esta é uma estimativa: o número real pode chegar a até 370 milhões de pessoas.
Contra-argumentando a propaganda do cigarro
“Nós passamos por muita coisa (nos últimos anos). Todo tipo de crise climática, uma pandemia global e 03 recessões econômicas. Isso é uma loucura”, diz, olhando profundamente para a câmera, uma jovem, em vídeo produzido pela OMS para o Dia Mundial sem Tabaco deste ano.
“Sabe o que mais é uma loucura? Que, enquanto milhões de pessoas estavam perdendo suas casas, suas vidas e seus meios de sobreviver, tinha gente lucrando em cima de toda essa miséria e sofrimento: a indústria do tabaco. Eu estou irritada, e você deveria estar também”, continua o vídeo.
Cigarro verde?
De acordo com a campanha, a indústria do tabaco afirma estar realizando melhorias ambientais, como proteção de áreas verdes. Porém, estas atividades são, no fundo, esforços mínimos, que mal fazem diferença em um contexto global de destruição ambiental e de mudanças climáticas, contra-argumenta a OMS. Produzir cigarros gera 84 milhões de toneladas de CO2 todos os anos.
Cigarro social?
Outro argumento utilizado pela indústria é que ela está ajudando, economicamente, as pessoas. Mais uma mentira, segundo a OMS: quem planta tabaco são grupos vulneráveis, que recebem pouquíssimo e ainda têm a saúde comprometida pelo contato constante com a planta, que possui potencial tóxico. O lucro fica, de fato, com a indústria.
Cigarro é muito legal?
Talvez uma das mais danosas estratégias dos fabricantes de cigarros é tentar convencer os mais jovens de que fumar é ‘legal’, especialmente se feito em cigarros eletrônicos ou na forma de vaping, narguilé e similares. Milhões de dólares são investidos na promoção do hábito de fumar em mídias (especialmente no cinema e na televisão) e nas redes sociais, em que “influencers” recebem polpudos patrocínios para que usem cigarros tradicionais e eletrônicos em suas postagens. A mensagem é propaganda, buscando tornar os mais jovens e influenciáveis em novas vítimas do vício no tabaco.
Para ilustrar esse ponto, a OMS usa um dos seriados de maior sucesso dos últimos anos. Em Stranger Things, série voltada majoritariamente ao público jovem, há mais de 180 cenas com cigarros – isso é mais que o dobro do que aparece no seriado The Walking Dead, por exemplo, este focado no público adulto e mais velho.
Dia Mundial Sem Tabaco: ‘Stop the lies’
Neste Dia Mundial sem Tabaco, o foco das campanhas de conscientização é estar atento, especialmente se for mais jovem. Há muito dinheiro investido buscando convencer as pessoas de que o cigarro “não é tão ruim assim” – o problema é que os fatos contam uma história bem diferente.
Se, por um lado, o número de fumantes tem caído constantemente ao longo das últimas décadas, inclusive no Brasil, por outro é de se esperar que quem vende cigarros esteja buscando ativamente um novo público consumidor. Com isso, até mesmo crianças e adolescentes acabam se tornando alvos de campanhas publicitárias. Como sabemos, quanto antes se começa a fumar, mais facilmente o vício se instala, e tanto pior será para a saúde imediata e de longo prazo.
A campanha da OMS busca, portanto, alertar as pessoas de que, apesar do discurso ‘positivo’ que a indústria do tabaco tenta construir, a realidade não muda: cigarros fazem mal à saúde, ao planeta e à economia. Afetam negativamente o presente e também o futuro. Apesar da compra de influência, da promoção de narrativas enganosas e do uso de marketing pesado a fim de promover o uso do cigarro, não haverá estratégia de sucesso da indústria caso a população esteja bem informada sobre os impactos reais do tabaco. E este é um objetivo renovado a cada ano por campanhas como esta do dia 31.
Aqui no Blog do HOSPITAL VERA CRUZ, você poderá encontrar referências sobre o tema, como nos textos a seguir:
Uma breve história da luta contra o fumo: da regra à exceção
Brasil: cada vez menos fumantes e exemplo mundial no combate ao tabaco
Vaping e cigarros eletrônicos: mais saudáveis que o cigarro normal?
Para saber mais
Campanha do Dia Mundial sem Tabaco 2024, da OMS: https://www.who.int/campaigns/world-no-tobacco-day/2024
O post 31/05 (Dia Mundial Sem Tabaco): o mundo se une contra o cigarro! apareceu primeiro em Blog – Hospital Vera Cruz.