No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

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Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Demissões dão fôlego a Nísia Trindade, mas enfraquecem Ministério da Saúde

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A exoneração do secretário de Atenção Especializada, Helvécio Miranda, e do diretor do Departamento de Gestão Hospitalar, Alexandre Telles, dá fôlego para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, mas, a depender dos próximos passos, pode enfraquecer o ministério.

A conclusão pode parecer paradoxal. O fato, no entanto, é que Miranda exercia um papel importante na secretaria que conduzia. Já havia sido secretário no ministério e conhece profundamente o Sistema Único de Saúde (SUS). Sob seu comando estavam estratégias importantes, como o programa de redução de filas. O êxito nessa estratégia é considerado fundamental para tentar melhorar a imagem da Saúde, hoje apontada como uma das grandes preocupações do brasileiro.

A escolha do nome que vai ficar a frente da pasta será essencial para o futuro de Nísia, que desde o início do ano voltou a ser pressionada.

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Além das críticas usuais de parlamentares, que se queixam da demora no repasse das emendas e de critérios tendenciosos na distribuição dos recursos, Nísia passou a ser alvo fácil em virtude da escalada da dengue e da pouca quantidade de vacinas disponíveis para combater a doença.

Embora a dengue não seja problema exclusivo do ministério (o combate ao mosquito vetor passa por ações conhecidas de outras áreas de infraestrutura, como melhoria do saneamento e coleta de lixo) e a baixa oferta da vacina esteja relacionada com a capacidade da fabricante, a crítica acaba colando na imagem do ministério. Mesmo que, em alguma medida, de forma injusta.

Há um pedido para que ela reforce a comunicação sobre sua atuação no primeiro ano de governo, como a ampliação do Mais Médicos e dos recursos repassados para o Samu.

Nísia tem se esforçado para mostrar a atuação da equipe diante da epidemia de dengue. Mas a percepção é de que não é de seu feitio participar destas atividades. Ela se mostra pouco à vontade.

Ao mesmo tempo, diante das pressões, ela resiste em se relacionar, por exemplo, com parlamentares. A ministra tem demorado a responder pedidos de audiências no Congresso. Esta semana, por exemplo, ela adiou mais uma vez seu comparecimento na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.

A leitura que se faz é de que ela gostaria de se resguardar de ataques que poderiam ser feitos em virtude da crise de hospitais do Rio. O receio é de que, quanto mais adiar a sua ida, mais acirrados fiquem os ânimos

Entre simpatizantes do governo, a percepção é a de que há necessidade ainda maior de se fazer um cordão de proteção em torno da ministra. O problema, contudo, é que o empenho também vai se reduzindo.

A crise nos hospitais federais do Rio foi desencadeada por uma decisão de centralizar a gestão das instituições. Embora a medida seja considerada essencial — haja vista as condições de atendimento dos pacientes, a precarização da força de trabalho —, ela foi adotada sem que um debate fosse feito.

A maneira abrupta da decisão foi estopim para críticas de todos os lados. Desde pessoas que poderiam ter interesses prejudicados até grupos que avaliam que o diálogo é primordial para ações de governo.

Depois da matéria divulgada no Fantástico, ficou claro que alguém teria de ser demitido para preservar a imagem de Nísia. Isso foi feito. Mas há também a percepção de que ela falha na condução da sua equipe.

A situação dos hospitais do Rio não é nova. Há tempos sabe-se que a gestão de institutos e dos hospitais federais vem se degradando. Denúncias sobre compras superfaturadas e problemas provocados por uma administração errática ocorrem muito antes da gestão de Nísia.

Mesmo que a situação tenha sido herdada, o que se destaca, agora, é que nada foi feito em um ano e três meses de governo. A inércia é, sim, um problema. E, ao tomar a atitude de se modificar a gestão sem alinhamento político ou um processo gradual, o ministério chamou para si a atenção de um problema, irritou adversários e aumentou sua fragilidade.

A saída de Miranda pode reduzir em parte a pressão. Foi considerado por muitos como um mal necessário para tentar descolar Nísia da crise do Rio. Mas o impacto que isso teria para a gestão da ministra, que há um mês e depois de muito desgaste decidiu pela exoneração de Nésio Fernandes do posto de secretário de Atenção Primária, somente o tempo poderá dizer.

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