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Em um balanço do primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o governo federal publicou uma avaliação de que o Brasil reencontrou o mundo e seu protagonismo na política internacional. A posição faz parte do mote defendido pelo presidente desde sua eleição, de que “o Brasil voltou”, e da “doutrina Lula”, uma tentativa de recuperar a imagem internacional do país. Trata-se de um claro movimento para retomar uma tradição histórica de aspiração brasileira interrompida brevemente pelo flerte bolsonarista com a transformação do país em um pária.
O Brasil sempre quis ter um lugar de destaque na política internacional e se tornar uma das maiores potências do mundo. Isso está bem exemplificado pela candidatura a se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Pesquisas realizadas na primeira década dos anos 2000 revelaram uma crença consolidada no potencial de o país ser uma potência global.
Os estudos, chamados de “A agenda internacional do Brasil”, ouviram a comunidade de política externa no país e mostraram que, para mais de 90% dos entrevistados, o Brasil deveria ter uma voz mais ativa em grandes questões globais.
Mas, em política internacional, querer nem sempre é poder.
Por mais que Lula fale em “volta” do país ao mundo e que o governo declare ter um protagonismo internacional, faltou “combinar com os russos” – e com os americanos, os chineses, os ingleses e os franceses (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, grandes potências estabelecidas).
Isso porque a aspiração do Brasil por prestígio e a ambição por ter uma voz ativa nas grandes questões dependem totalmente de um reconhecimento externo sobre esta posição do país na hierarquia global. O status só existe quando é atribuído por atores externos, especialmente por aqueles que já possuam alto nível de prestígio. O Brasil precisaria convencer as nações mais poderosas do mundo a reconhecê-lo como um par, um igual. E isso nunca aconteceu.
Apesar de haver um consenso histórico sobre o que o Brasil quer ser e o lugar que quer ocupar no mundo, até recentemente pouco se sabia sobre o outro lado dessa equação. Além de anedotas, estudos sobre a imagem internacional do país e pesquisas sobre a política externa brasileira, era difícil saber como a agenda internacional do Brasil era vista de fora e qual o real reconhecimento atingido pelo país.
Para entender o lugar ocupado pelo Brasil no mundo, desenvolvi entre 2017 e 2022 uma pesquisa no King’s College London para entender o nível de prestígio do país. Em vez de perguntar a brasileiros qual eles achavam que era o status do país, decidi entrevistar membros da comunidade de política externa dos países que já são reconhecidos como potências globais: EUA, China, Rússia, Reino Unido e França. E saber deles qual a percepção externa sobre o status do Brasil.
Durante pouco mais de um ano, entrevistei 94 diplomatas, políticos, empresários, líderes de think tanks, acadêmicos e jornalistas desses países para tentar entender o papel que eles acreditam que o Brasil tem no mundo. O resultado dessas pesquisas mostrou que há uma grande lacuna entre o nível de prestígio que o Brasil historicamente acredita ter e aquele que é realmente percebido pelas grandes potências.
Este é um dos pontos centrais do livro “Brazil’s International Status and Recognition as an Emerging Power: Inconsistencies and Complexities”, recém-publicado em inglês pela editora Palgrave Macmillan. A obra reúne os principais achados da pesquisa desenvolvida durante o doutorado em Londres, analisando a longa aspiração brasileira por alto status internacional em contraste com a percepção externa sobre o papel que o Brasil pode desempenhar no mundo.
O estudo mostra que o Brasil não conseguiu convencer as grandes potências a reconhecê-lo como um igual. A percepção externa é que o país não alcançou o status que busca, o que indica que há uma inconsistência entre o que o Brasil acredita que deveria ser o seu lugar no mundo e o papel que é atribuído a ele pelas potências.
Apesar de o Brasil ter claros atributos de poder, com território, população e mesmo uma economia importante, além do soft power, os poderosos acreditam que o potencial é limitado por problemas internos que devem ser enfrentados para que o país possa se projetar no mundo com mais chances de obter reconhecimento.
O Brasil é visto como um mero “peão” no tabuleiro da geopolítica global. De acordo com a percepção das potências, o país está longe do foco das grandes questões internacionais, geograficamente isolado em uma região que não é central para a política global.
Ao mesmo tempo, não atrai muita atenção das nações poderosas, que não gastam muito tempo pensando sobre o país. Mais do que isso, o Brasil não é visto como uma nação séria na geopolítica global e não é particularmente importante. A imagem externa é de um país irrelevante em grandes questões globais e incapaz de influenciar seriamente os rumos da política internacional.
Curiosamente, apesar de não ser visto como importante, as nações poderosas querem ter o Brasil ao seu lado, como aliado. Por mais que as potências rejeitem a aspiração brasileira a ter alto status, elas o veem como uma possível força para contrabalançar os seus rivais e concorrentes, como um possível parceiro estratégico. Mais do que isso, os membros permanentes do Conselho de Segurança não querem ver o Brasil alinhado com países vistos como rivais. O estudo propõe, então, a ideia de que o país tem o status de um “peão cobiçado”.
O fracasso do Brasil em aumentar o seu status oferece pistas sobre as estratégias que se pode adotar para reduzir as lacunas entre o que o país quer e o que ele alcança na política global. Ao oferecer um reflexo da agenda internacional, a pesquisa pode ajudar o país a entender melhor o seu lugar no mundo.
A partir disso, o Brasil teria pelo menos duas opções: poderia se acomodar no status de “potência média”, ajustar suas ambições ao reconhecimento externo e desistir de buscar um alto status global, aceitando o julgamento externo de que ele não é tão importante assim. Ou pode entender onde sua política externa não está sendo suficientemente eficiente e trabalhar estratégias para aumentar o seu prestígio entre as grandes potências.
Neste caso, se a decisão do Brasil é continuar a buscar o reconhecimento como um ator importante na política mundial, o estudo sugere quatro estratégias que parecem mais adequadas à busca por status com base nas percepções das grandes potências:
o Brasil pode apostar no crescimento econômico como um meio de acumular riqueza como forma de poder, que aumentaria o seu status aos olhos dos poderosos;
também pode se concentrar em melhorar sua situação doméstica e esperar que o reconhecimento venha do sucesso da política (e da economia) interna, fazendo o país se tornar um exemplo para o mundo;
uma terceira opção (mais arriscada) seria optar por alinhar-se com uma ou mais grandes potências e tentar subir na hierarquia global ao abraçar um dos lados das disputas internacionais (EUA ou China, particularmente);
ou poderia focar nos seus pontos fortes e tentar ganhar prestígio gradualmente, tornando-se um líder na sua região e em áreas onde pode oferecer contribuições importantes para a governança global, como as políticas ambientais.
Independentemente do caminho a ser escolhido, o mais importante é que esta pesquisa oferece subsídios concretos sobre a forma como a política externa brasileira é percebida pelas grandes potências. Isso pode servir como referência para repensar as estratégias do país, modular suas ambições e tentar construir um lugar para o Brasil no mundo com foco no que pode realmente ser alcançado e como fazê-lo.