Menos de 20% do público foi vacinado contra a dengue

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Pouco mais de um mês após o início da vacinação contra a dengue em Natal, o ritmo de aplicação das doses recebidas continua lento, de acordo com dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS Natal) com base nas informações disponíveis na plataforma LocalizaSUS. Até a manhã desta segunda-feira (25), 9.055 doses haviam sido aplicadas, o equivale a 19,46% do público-alvo a ser imunizado. A estimativa é vacinar 46.549 crianças e adolescentes, dos 10 aos 14 anos, na capital. A vacinação começou no dia 19 de fevereiro após o Município receber 18.806 doses do primeiro lote da Qdenga, imunizante distribuído pelo Ministério da Saúde.

A baixa procura se reflete nos pontos de vacinação da cidade. Na manhã de ontem, a TRIBUNA DO NORTE esteve em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Natal, mas não encontrou ninguém à procura do imunizante. Em uma delas, na UBS São João, no Tirol, uma dose havia sido aplicada, segundo a direção da Unidade. A média de aplicações da Qdenga por lá fica em torno de seis doses por dia, quantitativo considerado aquém pela UBS, uma vez que o atendimento no local é destinado à população de qualquer região da cidade e é feito na modalidade porta aberta (basta chegar e procurar a vacina).

Em outra Unidade, a de Brasília Teimosa, nenhuma dose havia sido aplicada por volta das 10h. Uma das responsáveis pela vacinação no local disse que a procura pela Qdenga na UBS oscila diariamente. “Há dias em que a gente aplica 10 doses e tem dias em que ninguém busca o imunizante”, comentou. A reportagem questionou a Secretaria Municipal de Saúde o que tem sido feito para aumentar o alcance da imunização. A pasta reconheceu que o índice de aplicações é baixo, mas não respondeu sobre as medidas para estimular a vacinação.

Em Natal, até a Semana Epidemiológica 11, encerrada no último dia 16, foram registrados 1.736 casos prováveis de dengue e 690 confirmações. A taxa de incidência é de 230,87 casos por 100 mil habitantes. O aumento de casos prováveis, na comparação com igual período de 2023, é de 301,2%. No início do mês, o prefeito Álvaro Dias decretou situação de emergência na cidade em virtude do aumento de registros da doença e do contexto de epidemia já vivenciado no Município.

A pouca adesão à vacinação contra a dengue chama atenção em um cenário já de baixa imunização frente ao número de doses recebidas pelo Município de Natal, uma vez que o quantitativo encaminhado à SMS só é suficiente para atender a 40,4% da população-alvo. O esquema vacinal da Qdenga é composto de duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Uma medida que poderia ampliar a imunização seria a aplicação da vacina em escolas, como pretendia o Ministério da Saúde (MS). Entretanto, o órgão voltou atrás após episódios de alergias nas unidades de ensino.

Com isso, o MS entendeu que a aplicação só deve ocorrer de forma assistida para acompanhamento de possíveis reações. A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), disse que segue a recomendação do Ministério da Saúde e, portanto, a vacina não será aplicada nas escolas. Em todo o Rio Grande do Norte, até a Semana Epidemiológica 12, concluída no último dia 23, foram notificados 8.791 casos, dos quais 1.403 foram confirmados. Não foram contabilizados óbitos até o momento. Os dados são da Sesap.

Instituto busca voluntários para antiviral

O Instituto Atena de Pesquisa Clínica está buscando voluntários no Rio Grande do Norte para participar da terceira fase de um estudo clínico, o Sunrise-3, que vai avaliar a capacidade de um antiviral criado para reduzir os casos graves de covid-19. A ideia é que o medicamento, ainda sem nome definido, possa ser utilizado por pessoas que não se imunizaram contra a doença ou que, mesmo vacinadas, não conseguiram eficácia em razão de questão intrínsecas ao próprio organismo.

A droga foi desenvolvida por um laboratório americano com centro em Natal. Hugo Diógenes, diretor técnico do Instituto Atena e investigador principal do estudo no RN, explica os critérios para se tornar um voluntário. “Estar com covid-19 é o principal. Depois e dependendo da faixa etária, a gente considera o perfil da população. Dos 18 aos 50 anos, serão escolhidas pessoas com doenças específicas (câncer em tratamento, portadores de demência de qualquer grau e portadores de anemia falciforme), além de idosos que vivem em casas geriátricas”, enumera.

“Acima de 50 até 70 anos é preciso ter alguma doença que não seja, necessariamente, muito grave: pressão alta, diabetes, doenças pulmonares ou obesidade. Também serão escolhidas pessoas que fazem uso de corticoides dentre dessa faixa”, acrescenta o médico. Hugo Diógenes diz que as pessoas podem procurar a testagem de forma gratuita no Instituto. Se detectada a doença e ela optar por ser voluntária, um médico vai avaliar se a participação é segura, a partir de questões relacionadas a prováveis efeitos colaterais. “É preciso assinar um termo para participar do estudo. Tudo será feito com muito detalhe”, afirma Diógenes.

A primeira consulta, no âmbito do Sunrise-3, será feita obrigatoriamente no Instituto Atena. Nela, o paciente já recebe a primeira dose do antiviral. “Ele fará uso do medicamento por cinco dias, mas o acompanhamento ocorrerá por dois meses, onde serão avaliados processos de variados estudos de covid – para além deste que está em curso. Além disso, são feitos exames de sangue em todas as consultas para avaliar se o paciente está melhor da doença, se apareceu alguma outra disfunção ou reação ao remédio”, detalha.

O estudo para o desenvolvimento da droga está na terceira fase. A primeira foi testada em animais e em seres humanos saudáveis. A segunda foi aplicada em pessoas com covid, só que em um número bem menor de voluntários. “Isso foi necessário para saber a eficácia do remédio, cujo nível foi razoável. Agora, esta terceira fase vai determinar, a partir dos testes em um número bem maior de pessoas, o quão potente o medicamento é”, disse Diógenes, sem revelar detalhes sobre os níveis atingidos pela droga até o momento.

Ao todo, nesta fase, o estudo quer alcançar 2,5 mil voluntários. No RN, já são 30 pessoas em acompanhamento, de Natal, Região Metropolitana e interior do Estado. A expectativa, segundo ele, é que a partir de julho os dados passem a ser analisados. “Depois dos 60 dias de acompanhamento, o estudo se fecha para avaliação. Então, vários comitês – do próprio fabricante, de agências regulatórias e de comitês independentes – vão se debruçar sobre os dados para avaliar a eficácia.

No Rio Grande do Norte, de acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado, foram registrados 3.331 casos confirmados de covid-19 em 2024 até a Semana Epidemiológica 11, encerrada no dia 16 de março. Foram 42 óbitos provocados pela doença somente neste ano.

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