Paulo Gonet quer ‘estrangular crime organizado’ à frente do Ministério Público

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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, elencou como uma de suas metas o combate ao crime organizado no Brasil. À frente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), planeja estrangular as organizações criminosas do país, começando por onde dói mais, no bolso.

A primeira etapa já está em andamento. O que se pretende é a coleta de informações para a criação de um ambiente de rede do qual participam todos os atores com dados de organizações criminosas. Essa base será então usada para a formulação de uma política de combate ao crime organizado.

Quem esclarece a importância da fase de mineração de dados é o secretário-geral do CNMP, Carlos Vinícius Ribeiro, que falou ao JOTA. As administrações penitenciárias, por exemplo, têm informações dos presos, sabe se fazem parte de facção, quando entraram e em que dia vão sair.

“O problema é que as informações ficam ilhadas. É preciso que essas ilhas tornem-se arquipélagos, com um centro de comando interinstitucional, envolvendo, portanto, todas as instituições que são responsáveis por combater crime organizado”, ilustrou Ribeiro.

“Não é possível fazer uma política de atuação do Ministério Público no combate ao crime organizado sem dados estruturados e confiáveis”, concluiu o secretário-geral do CNMP. “Não dá para fazer nenhuma política pública bem construída sem dados.”

Os principais atores envolvidos na articulação são Paulo Gonet, presidente do CNMP; Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP); e Mario Luiz Sarrubbo, secretário Nacional de Segurança Pública, cargo vinculado ao MJSP.

Uma das principais preocupações do procurador-geral da República é a situação de quem já cumpriu pena e não deveria mais estar preso. Segundo Ribeiro, esse pode ser um dos primeiros passos de uma política voltada à população carcerária.

Passado o estágio de garantia de direitos humanos, é possível avançar para uma apuração sobre a existência de organizações criminosas nos presídios. Averiguar se há celulares e armas nas prisões, retirá-los de lá e descobrir como eles entraram.

O secretário-geral do CNMP não detalhou como é feita mineração de dados nem de que maneira será conduzido o estrangulamento financeiro das organizações criminosas. De acordo com o secretário, tudo é feito com cautela, e o eventual vazamento da informação pode comprometer a estratégia.

Mas o objetivo parece bem delimitado. “Paz para trabalhar, diminuição da violência e direitos humanos respeitados. O que a gente mais quer é que a Constituição seja cumprida, (…) para que as pessoas tenham dignidade na vida, meios de prosperar sem as mazelas, as externalidades do crime organizado”, diz.

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