Uma cidade que não valoriza seus cidadãos eméritos

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Luiz Henrique da Silveira. Foto: Câmara dos Deputados

Na próxima semana, o prefeito de Porto União vai inaugurar uma nova UBS (Unidade Básica de Saúde) na Rua Abílio Heiss, bairro São Francisco. O nome do novo equipamento é uma homenagem a Marco Tebaldi, ex-prefeito de Joinville, ex-secretário estadual de educação e ex-deputado federal. Na cidade onde construiu sua vida pública e a administrou, Tebaldi não tem uma homenagem semelhante a esta na distante Porto União. Por decisão da diretoria, o Serrana F.C. denominou seu estádio como Marco Tebaldi, uma justa homenagem para o prefeito que foi decisivo para que a comunidade do Iririú e região tivesse uma área de lazer. Até quando Joinville vai deixar de homenagear à altura seus eméritos cidadãos?

Hans Dieter Schmidt. Foto: Arquivo familiar

Homenagem a uma empresa falida

Um dos maiores empresários de Joinville só teve seu nome homenageado no Hospital Regional de Joinville porque ele cedeu o amplo terreno – de propriedade da família Schmidt – para o Estado. É também homenageado com seu nome em uma escola, mas é muito pouco. Dieter transformou a TUPY numa das maiores empregadoras de Joinville e idealizador de um bairro. O loteamento que originou o atual bairro Comasa foi iniciativa sua como presidente da Tupy para contemplar seus funcionários. Ao invés do bairro ter seu nome, a Câmara de Vereadores há décadas o denominou de Comasa, nome da empresa paranaense que construiu as casas e antes de concluí-las faliu.

Wittich Freitag. Foto: Amunesc

Homenagem a um ditador

O prefeito Nilson Bender (1966-1970) conseguiu recursos federais para outro grande loteamento na região Norte de Joinville na década de 60. Hoje, aquele distante loteamento se transformou em um dos bairros mais valorizados de Joinville e o terceiro mais populoso com 32.179 (estimativa de Joinville em dados, 2022). O homenageado não foi Bender e sim o presidente do Regime Militar da época, Marechal Costa e Silva. O ex-prefeito é homenageado em uma escola municipal.

João Hansen Júnior. Foto: Arquivo Tigre SA

Empresários esquecidos

João Hansen Júnior fundou a Tigre e introduziu no Brasil a tubulação em PVC. Hoje uma multinacional, a empresa foi responsável pela vinda para Joinville de centenas de famílias que muito contribuíram para Joinville ser o maior pólo sul-americano da indústria de transformação do PVC (Tigre, Krona e Amanco). Única homenagem: o simplório viaduto na BR-101 com a Ottokar Doerffel. Outro grande empresário que muito contribuiu para transformar Joinville no terceiro polo industrial da região Sul é homenageado em um dos trechos de uma avenida que ninguém sabe onde começa e termina, além de uma escola. É Wittich Freitag, ex-prefeito e cofundador da Consul (julho de 1950) e da Embraco (março de 1971), hoje Whirlpool e Nidec, respectivamente. E temos um bairro chamado América onde a Consul foi fundada.

Esquecido

Luiz Henrique da Silveira é o político de maior expressão da história de Joinville e de Santa Catarina (governador reeleito, deputado federal com cinco mandatos, ministro de Estado, presidente nacional do PMDB). Florianópolis o homenageou com um centreventos em Canavieiras. E Joinville? A maior homenagem é uma escola municipal.

Lembrados

Muitos ex-prefeitos e empresários foram lembrados com justiça pelos legisladores da época. No bairro Boa Vista as duas principais ruas são em homenagem ao ex-prefeito Helmuth Fallgatter (1961-1966) e Albano Schmidt, cofundador da Tupy (1938). No centro, a Rua João Colin homenageia o ex-prefeito (1947-1950) dos anos 50. Ainda no centro temos a homenagem ao ex-prefeito e seu primo Max Colin (1934-1936) em outra importante via pública. O principal acesso ao bairro Espinheiros tem o nome do ex-prefeito e empresário Baltazar Buschle (1958-1961). Já a principal entrada da cidade homenageia um dos mais ilustres imigrantes, Ottokar Doerffel, fundador do Kolonie-Zeitung e ex-prefeito de Joinville (1874-1877) , também ex-prefeito de sua cidade natal Glauchau, na Saxônia.

Revisão

Os vereadores precisam rever as leis que impedem a mudança de nomes de bairros, ruas, avenidas e equipamentos públicos. É preciso contemplar ilustres joinvilenses para preservar nossa história. Problemas para as empresas? Com registro de endereços? Uma das mais antigas ruas de Joinville, a Princesa Isabel já foi chamada de Obere Hafenstrasse (Rua do Porto de Cima) e depois Cachoeirasstrasse. A Rua da Loja (referência à primeira loja maçônica de Joinville) mudou para Rua Blumenau por exigência do Estado Novo.

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