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Se há pouco espaço para o debate de propostas nas campanhas municipais, muitas vezes marcadas pela intensa troca de acusações, menor ainda é o tempo usado pelos candidatos para tratar da máquina que precisa funcionar para a prestação de serviços públicos.
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A invisibilidade de cerca de 6,5 milhões de servidores das cidades (60% do total de servidores públicos do país), além de outros milhões que prestam algum tipo de serviço às prefeituras, chama a atenção de especialistas, justamente pelo papel essencial dessa força de trabalho para concr0300etizar promessas do período eleitoral, afirmam especialistas.
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A pesquisadora e professora da Escola de Administração de Empresas da FGV/EAESP Cibele Franzese, que também integra o Movimento Pessoas à Frente, identifica uma espécie de armadilha no debate sobre a gestão municipal: muito se fala sobre números e dinheiro, mas pouco se discute a qualificação das pessoas que tocam as ações administrativas.
“Temas como a qualificação das lideranças e do processo de recrutamento não aparecem na campanha, mas revelam que o RH das prefeituras deve ser visto com uma potência para melhorar os serviços públicos. É preciso desenvolver uma cultura de planejamento e treinamento, com a implementação da gestão estratégica de pessoas”, afirma a pesquisadora.
A pesquisadora considera essencial a discussão sobre a gestão de pessoas em áreas como Saúde, Educação e Assistência Social, segmentos críticos das administrações municipais. E destaca, por exemplo, como a introdução das provas práticas pode significar um salto qualitativo no recrutamento de professores e na melhoria do serviço de Educação.
Aliás, não custa lembrar que os secretários municipais de Saúde são os ordenadores diretos de 15% dos recursos do bilionário Fundo Nacional de Saúde, mas isso não aparece na campanha.
Embora reconheça que seja difícil contagiar a campanha com essa temática e que ainda são poucos os municípios que cuidam bem da gestão de pessoas, Cibele Franzese salienta que há uma compreensão crescente de prefeituras que procuram atacar o tema como prioridade, normalmente, com bons resultados.
Um dos principais desafios é a ocupação puramente política dos cargos de gestão e de assessoramento, que ocorre com frequência e, com mais intensidade, nas administrações de municípios com menos de 5 mil habitantes. Na avaliação da professora da FGV, o RH deve procurar o equilíbrio entre ocupação política e técnicas.
Confrontada com o fato de que as secretarias municipais muitas vezes são loteadas a partir do cumprimento de acordos eleitorais, a pesquisadora vê alguns caminhos que podem ser percorridos para profissionalizar a máquina.
Um deles é “ir comendo pelas beiradas”, permitindo que o RH atue sempre quando possível em áreas típicas de atendimento à população. Ou, ao admitir que as secretarias são cargos de natureza política, fortalecer as iniciativas de planejamento da ocupação de funções de segundo e terceiro escalões.