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A inspiração de São Francisco de Assis no movimento escoteiro e os valores cavaleirescos
O escotismo é o maior movimento jovem já estabelecido, tendo sido criado pelo nobre Lord Banden Powell, Barão de Gilwell, com o objetivo de prover uma solução aos crescentes males causados pela modernidade e desestruturação dos valores familiares e educacionais da Inglaterra no final do século XIX e início do século XX.
A fundação do escotismo e seus primeiros valores
Com o intuito de estruturar o movimento escoteiro, Baden Powell buscou inspiração em valores e princípios que, na percepção dele, eram evidentemente necessários aos jovens. Isso porque muitos deles vinham de famílias em que os pais, envolvidos em longas e extenuantes horas de trabalho, e as escolas, focadas apenas na instrução secular, sem preocupação com a formação moral, não conseguiam oferecer o suporte necessário.
São Jorge: o primeiro padroeiro do escotismo
Nesta construção, BP, como é carinhosamente apelidado pelos membros do movimento escoteiro, escolheu São Jorge como padroeiro do escotismo, pois, em suas palavras, este “fez o melhor que pode e conseguiu superar uma dificuldade que ninguém ousara enfrentar”. Essa frase se refere à narrativa na qual o santo, como um cavaleiro destemido, libertou pessoas inocentes da tirania de um dragão.
A expansão do escotismo e a criação dos lobinhos
Entretanto, com o crescimento do movimento escoteiro, originalmente idealizado para garotos entre 9 e 17 anos, tornou-se necessário expandir sua atuação, dividindo melhor os jovens em suas faixas etárias e abrindo caminho para a inclusão das meninas. Nesse ínterim, surgiram os lobinhos, crianças entre 7 e 11 anos de idade, e com eles foi escolhido um segundo padroeiro para os escoteiros. Igualmente permeado por valores cavaleirescos, coerente com a promessa e os ideais que o escotismo, busca inspirar nos jovens, foi escolhido São Francisco de Assis.
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São Francisco e as virtudes cavaleirescas
São Francisco de Assis, nascido em uma família burguesa na Baixa Idade Média, aproximadamente 1181-82 D.C., foi originalmente batizado como Giovanni di Pietro di Bernardone. Este cresceu em meio às histórias e a literatura cavalheirescas, que o cativaram e influenciaram por toda a vida. Mostra disso se deu quando alistou-se, planejando alcançar fama e heroísmo. Entre guerras, doença e desilusões, encontrou por fim o caminho de conversão, que o conduziu a um apostolado voltado à caridade, aos necessitados e marginalizados.
O cavaleirismo e o legado apostólico de São Francisco de Assis
Em seu legado apostólico, é possível encontrar elementos das virtudes cavaleirescas, pois um cavaleiro era, acima de tudo, um servo que executava a vontade de seu senhor. Essas virtudes, que constituíam código social, moral e religioso de conduta, podem ser resumidas em: coragem, honra e serviço. O exemplo de São Francisco, em seu testemunho e legado, expressam essas virtudes em abundância, tendo tido a coragem para renunciar aos bens materiais e ao conforto, dedicando-se a servir aos pobres e necessitados sem reservas e buscando honrar a Deus em todas as coisas.
São Francisco de Assis: novo padroeiro dos lobinhos
A promessa escoteira é igualmente inspirada nas virtudes cavaleirescas, o que é expresso em seu três pilares: Deus, pátria e próximo. Para os escoteiros, essa promessa e a lei escoteira são os dois principais pilares da prática do escotismo. Os lobinhos seguem uma versão simplificada, entretanto, igualmente imbuída dos mesmos valores, em especial o de ouvir os mais velhos, obedecendo-os e aprendendo com eles.
São Francisco e o Lobo de Gúbio
Por fim, a história de São Francisco e o Lobo de Gúbio, sanguinário animal que aterrorizava uma localidade na Úmbria, região da Itália, reforça ainda mais a figura de São Francisco como um padroeiro ideal. Visto que nesta ele não só conseguiu salvar a cidade, mas também transformou a vida do lobo, que de predador se tornou companheiro, mostrando que há um caminho de redenção. Além disso, mostra-nos o ideal pelo qual o homem, à luz do Evangelho, deve buscar reconciliar-se com a criação, entendendo seu papel e responsabilidade. Isso vai ao encontro dos ideais de BP.
Apesar de o Ramo Lobinho ter sua inspiração na história de Mogli, o menino que foi criado por lobos, é evidente a importância da figura de São Francisco de Assis como seu padroeiro, reforçando os valores almejados pelo Movimento Escoteiro na formação dos valores de pessoas e cidadãos melhores, sempre alertas para ajudar ao próximo e toda e qualquer ocasião.
Jonatas Passos é natural de Cruzeiro (SP), marido, pai e colaborador da Fundação João Paulo II. Formado em Tecnologia, Informática e História. Pós-Graduado em Jornalismo e História do Brasil, com extensão em História da Religião.
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