Uma democracia inclusiva não se faz sem representação feminina

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O Brasil está perdendo uma valiosa oportunidade de ampliar a inclusão de mulheres na política nacional. As eleições municipais de 2024 atuam como um termômetro para a corrida eleitoral de 2026 e, com base nos dados atuais, podemos prever que a representação feminina continuará estagnada nos próximos anos.

Essa falta de diversidade não apenas limita a inovação nas gestões municipais em 2024, mas também impede a criação de políticas públicas mais inclusivas nas esferas estaduais e federais em 2026 e a construção de uma democracia verdadeiramente representativa.

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A inserção de cotas de gênero na política brasileira começou em 1995. Desde então, não apenas falhamos em alcançar uma representação significativa de mulheres em cargos políticos, como também temos assistido a um esforço sistemático dos partidos para contornar as leis de inclusão. Essa prática reforça o conceito do “secret garden of politics”, que se refere ao processo de seleção e nomeação de candidatos que perpetua mecanismos de exclusão, mantendo os partidos como “guardiões” das opções eleitorais.

Em 2024, as mulheres formam apenas 33,9% dos pedidos de registro para as eleições municipais. Esse crescimento é quase insignificante, considerando que, em 2020, a participação feminina já era de 33,5%. Essa estagnação representa uma perda significativa para a sociedade, pois limita a diversidade na política e reduz as oportunidades de diálogos e abordagens inovadoras.

Sem a inclusão feminina e de novos representantes de uma sociedade plural, as empresas continuarão a trilhar caminhos já conhecidos nas interações público-privadas. Assim, a promoção da representatividade se torna uma questão de justiça social e uma necessidade estratégica para o desenvolvimento do país.

Alcançar a igualdade de gênero na política vai além de simplesmente contabilizar o número de mulheres no parlamento e em cargos ministeriais; é essencial assegurar que mulheres em diversas situações e contextos possam impactar as políticas de forma construtiva.

Além disso, a maior participação feminina em posições políticas no Brasil pode criar ambientes mais seguros para muitas profissionais que atuam nas relações governamentais e institucionais. Pesquisa realizada em 2023 pela Coalizão de Educação e Combate ao Assédio em Relações Governamentais revelou que 80% das mulheres entrevistadas relataram ter vivido ou presenciado abordagens indevidas, classificadas como assédio moral ou sexual em suas atividades profissionais. A inclusão de mais mulheres na política não só enriquece a diversidade, mas também contribui para a criação de um ambiente de trabalho mais respeitoso e seguro.

Nesse contexto, o Instituto de Relações Governamentais (Irelgov), o primeiro think tank do Brasil dedicado à profissionalização da atividade de relações governamentais, acredita que o fortalecimento da democracia nacional depende de um debate público-privado mais inclusivo.

Ao ampliar a diversidade nas relações governamentais, no setor privado e no governo, podemos garantir que uma gama mais ampla de vozes e perspectivas seja considerada na formulação de políticas, enriquecendo assim a qualidade das decisões tomadas em benefício de toda a sociedade.

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