Corrupção verde é grande desafio daqui por diante, diz Claudia Sender, do B20

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Chair da Task Force B20 Brasil de Integridade e Compliance, a executiva Claudia Sender afirma que a corrupção verde é um grande desafio daqui para frente. Os investimentos trilionários previstos para este novo setor abrem caminho para as más práticas, e, quanto mais desalinhadas forem as métricas entre as nações, maiores as brechas para desvios. Mais uma razão para que o tema corrupção tenha destaque entre os países do G20 e seja visto para além das punições.

Uma das conclusões do grupo é a de que é preciso incentivar e premiar as empresas que promovem as boas práticas. Ex-vice-presidente para clientes do LATAM Airlines Group e ex-CEO da LATAM Brasil, Sender enumerou para o JOTA as recomendações que os integrantes do B20 aprovaram por consenso e encaminharam aos líderes do G20 para promover um ambiente mais ético e resiliente. Ela ressalta dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam que cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano devido à depressão e ansiedade, a custo de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade. Sender, que atualmente é parte dos conselhos da Telefônica, na Espanha, da Holcim, na Suíça, da Gerdau e da Embraer, no Brasil, afirma que o aumento dos investimentos em Inteligência Artificial (IA), previstos algo em torno de US$ 200 bilhões até 2025, torna o desenvolvimento e uso ético da tecnologia tema urgente.

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Confira a íntegra da entrevista:

O combate à corrupção tornou-se um grande tema do G20. O GT de integridade concluiu que não se pode combatê-la só com punições. Essa é uma demanda do setor privado também. Como o tema foi tratado no B20?

A gente sabia que não tinha como deixar de fora numa força tarefa de integridade e compliance, principalmente no Brasil, o tema de combate à corrupção. As velhas maneiras de combate à corrupção estão ficando ultrapassadas, e não necessariamente têm os resultados esperados. A gente continua vendo grandes escândalos, e uma das nossas preocupações é todo o tema da corrupção verde. A gente está vendo um aumento muito grande dos investimentos em ativos verdes, em certificações. Isso tem aberto espaço (para a corrupção). Hoje, a Interpol considera que a corrupção verde é a primeira ou a segunda maior fonte de corrupção. Por que? Porque há licenças, tem muitos sustaintability bonds, as dívidas que são emitidas vinculadas a temas de sustentabilidade… Tudo isso tem por trás uma oportunidade de ganho ilícito.

Trilhões de dólares devem ser investidos em sustentabilidade e transição energética. Ou seja, o foco da corrupção vai exatamente para onde o dinheiro está, não é?

Exatamente. E o foco da corrupção verde é muito amplo. Tem muita empresa querendo emitir dívidas ligadas à sustentabilidade. Tem empresas super sérias fazendo a coisa do jeito correto. Mas há empresas que vão pegando carona, e aí precisa de uma certificação. Isso tem muito a ver com a nossa segunda recomendação do documento do B20 de métricas. Quando você não tem métricas alinhadas globalmente, cada um usa a sua. Aí, você dá uma mexidinha aqui, outra ali, e isso abre espaço para que você tenha um desvio potencial de recursos de empresas ou iniciativas sérias para outras nem tanto. Começa na concessão de licenças de exploração, que levam ao desmatamento, ao uso indevido de água, de fontes de água limpa, e assim por diante. Até o report que tem que garantir que ele está idôneo. O approach antigo não conseguiu erradicar a corrupção, ou reduzi-la de maneira substancial. A nossa discussão foi como juntar a punição e o incentivo. Todas as políticas discutidas até o momento eram muito mais centradas em sanções, punições, eliminação de possibilidade de fornecimento para governo pelas empresas privadas, e não necessariamente estímulos. Dentro da nossa força tarefa no B20, a gente começou a entender melhor os países que fazem isso. Discutimos quem estaria disposto a embarcar numa jornada de estímulo e não só de punição. E aí a CGU veio com o que acho que é um dos temas centrais para eles no G20 esse ano, que é o tema de estímulo além da sanção.

No comunicado do B20 vocês falam que hoje somente 7% dos países do grupo têm algum tipo de incentivo. E a meta é passar a 99% até 2030. Isso é possível?

Precisa de muita vontade. As boas práticas já existem. O selo Proética é uma boa prática que o governo brasileiro implementou e que não deveria ser tão difícil de ser replicada nos países do G20. A gente acredita no compartilhamento de boas práticas.

O G20 defende que o combate à corrupção é fonte de recursos para financiar as trilionários demandas globais. Estima-se que os subornos variem de US$ 1,2 trilhão a US$ 1,5 trilhão por ano, ou 2% do PIB. Esse número pode ser ainda maior com a corrupção verde?

Exatamente. Você pode ter uma migração. Os corruptos estão sempre um passo à frente, porque pensam nisso todo dia, em como se beneficiar do sistema o dia inteiro. Procuram brechas, alternativas. Quando você cria padrões, as empresas, as agências, já começam a procurar o que é certo. E aí, as sanções entraram na hora que alguma coisa dá errado. Quando você nasce direito, cria uma política com os caminhos, os mecanismos, as políticas corretas, de alguma forma mitiga essa a possibilidade de desvios. A gente nunca vai se livrar das sanções, das punições e dos remédios. Nunca vai existir uma política 100% blindada. O que você tem que fazer é garantir políticas que previnam o máximo possível.

Esse custo também confere valor agregado à empresa, a chancela de seriedade.

Você matou a charada. Então é assim: se você não tem esse incentivo muitas empresas vão falar ‘poxa, mas eu preciso sobreviver, não consigo arcar com esse custo’. Pense em pequenas e médias empresas…

Pois é, e como elas se encaixam nisso?

Por isso você tem que os padrões super claros de comportamento, ações coletivas, normas, documentos que sejam fáceis, inclusive para as pequenas e médias empresas — que são mais de 90% da totalidade de empresas do mundo, e, na América Latina, 99%. É muito mais difícil para elas aderir a políticas complexas, fazer relatórios que custam uma fortuna.

E não é só no Brasil. Acontece exatamente a mesma coisa na Europa, no resto da América Latina. Nem vou te falar dos países da Ásia. Há práticas muito disseminadas de tentar enganar as pessoas e fraudar os pequenos, que têm muito menos conhecimento, estrutura e recursos disponíveis para entrar numa antifraude ou numa política de certificar toda a sua cadeia de valor.

Quando a gente fala em políticas de governos para privilegiar o acesso às empresas que têm práticas éticas, tem que ter um manual simples, com recomendações, guidelines, padrões de comportamento que sejam simples de provar que estão sendo aplicados para que elas não fiquem de fora. Quando a gente fala na convergência das métricas de sustentabilidade, de toda a parte ESG, é outra questão. Hoje existem mais de 600 métricas diferentes dentro do mundo ESG. Os padrões são super difíceis de se acompanhar. Estou no conselho de empresas grandes, tanto no Brasil quanto na Europa. Tem empresa em que a gente gasta mais medindo e auditando do que efetivamente reduzindo emissões.
Quando você cria essa multiplicidade de medições, quesitos, normativas, é um nível de complexidade para as empresas pequenas, médias, que muitas morrem na praia. E aí, quando você pega as grandes empresas que têm uma cadeia de valor, uma cadeia de suprimentos com fornecedores menores, uma empresa europeia, por exemplo, que eu acho que é hoje, onde a gente tem os requisitos de recorte mais rígidos e tudo o que ela tem que reportar… Nossa, eu tenho um fornecedor local que é uma pequena empreendedora que fornece refeições. Se eu precisar exigir dela o mesmo nível de reporte, que ela me diga que não vende frango com hormônio, de onde vem a soja que alimenta o frango, você elimina a possibilidade dela participar da cadeia.

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Isso afeta mais as mulheres, já que são mais numerosas no universo de pequenas e microempresas?

Exatamente. E uma coisa é o custo e o que você cria na cadeia de valor, outra é o quanto você abre de espaço e porta para manipular os números, ao, de alguma forma, reportar o número como é melhor para você. Vamos falar agora de uma Blackrock, do Fundo Soberano da Noruega, que fala: ‘eu quero investir em empresas sustentáveis’. Aí pega lá um analista que tem que analisar empresas florestais de 15 países diferentes. Como é que consegue ter uma paridade de avaliações, a partir da qual entenda quem realmente é melhor e merece ter um investimento, se os padrões são totalmente diferentes?

A ética acaba costurando as boas práticas. Como executiva como você vê a tendência do ESG hoje?

Infelizmente, quando você olha para o cenário global, mais do que o cenário Brasil, a gente viu durante a pandemia, principalmente, o pêndulo ir muito para um extremo, onde se jogou uma luz muito grande para os temas ESG. E ESG são três letras que estão relacionadas, mas não necessariamente falam das mesmas temáticas. Fala da parte ambiental, da parte social, de governança. Acho que a governança é soberana, porque, se você tem uma empresa com boa governança, ou entidades públicas com boa governança, com bons padrões e regulamentações, ela ajuda a reger os outros pilares. Mas nem sempre eles vão juntos e, dependendo da empresa que você está falando, tem temáticas mais fortes em um e no outro. Durante a pandemia, a gente teve esse tema super exacerbado, quando começou a falar do capitalismo de stakeholder, não só do capitalismo de shareholder. Isso abriu espaço para os advogados do contrário. Então, a gente vê, principalmente nos Estados Unidos, hoje em dia, tendências de, por exemplo, fundos que representam os pensionistas de alguns estados que proíbem o investimento em empresas que falam sobre ESG. Você vê alguns grandes fundos, como Blackrock, que foi o primeiro a falar que só ia investir em empresas que tinham os seus critérios ESG super claros, voltando atrás. Tenho esperança de que a gente encontre um caminho do meio. Até porque muitas empresas e países fizeram compromissos que estão vendo agora que serão mais complicados do que esperavam para atender.

Ou que usam o ESG para fazer o greenwashing.

Esse é o pior dos mundos, usar ESG como narrativa de greenwashing, porque acaba com a credibilidade das empresas, dos compromissos e assim por diante. Então, empresas que assumiram compromissos lá atrás falaram: ‘não, 2050 vou ser carbono zero’. Mas não têm a menor ideia de como vai chegar lá tecnologicamente, ou do ponto de vista do investimento. Isso acaba fazendo um desserviço para aquelas que efetivamente têm um plano, que estão trabalhando para isso.

E acaba vira barreira para outras que ficam fora do mercado porque, de cara, dizem não ter meios de fazer.

Exatamente. A gente vai viver agora um pouco dessa mudança do pêndulo para a volta de um caminho do meio com uma interação melhor entre governos e setor privado. Porque é que eu digo isso? Porque muitos dos compromissos feitos pelos países, não necessariamente estavam alinhados com o setor privado. Então você teve o exemplo do gás na Rússia. A Alemanha precisou voltar a usar carvão. Tem combustível mais poluente do que esse? Foi assumido um compromisso. E quando a gente fala em limitar o aumento da temperatura em 1.5°, não é o que vai acontecer em 2050, é o que vai acontecendo até lá.

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E a terceira police action do B20?

Para mim, é algo super inovador. É a gente buscar resiliência, olhar para um mundo em que o planeta se torna mais resiliente e as pessoas vão junto no processo. Todas elas. Outro dia eu estava ouvindo uma palestra superinteressante sobre inteligência artificial, em que o cara falava assim: ‘todo mundo diz que o mundo só melhorou dentro das revoluções. A revolução industrial ia ser ruim para os cavalos, mas os cavalos estão aí até agora. A gente achou que ia ser ruim para as pessoas, mas houve um crescimento populacional, aumento de produtividade. Mas aí ele fala: ‘pois é, mas a população de cavalos foi de 30 milhões para 3 milhões’. E as pessoas que hoje dizem que a revolução industrial foi boa são aquelas que sobreviveram a ela. Não se fala em que pereceram no processo, ficaram pelo caminho.

Então eu acho que hoje, quando você fala de corrupção, quem sofre, são aqueles que precisam dos recursos do governo para a saúde, para alimentação, para a empregabilidade de qualidade. Quando se fala em temas ambientais, quem sofre são os mais vulneráveis, são as populações ribeirinhas que dependem do Rio para pescar. Os que têm recursos, os que têm riqueza, para de alguma se adaptar, vão sobreviver muito melhor do que aqueles que não têm.

Aí entra a nossa terceira recomendação. Ela foi muito focada num tema que tem ganhado visibilidade desde a pandemia da COVID, e que hoje é uma crise global, que é o tema de saúde mental. Quando a gente começou a discutir todos os temas de integridade, de estimular o comportamento correto, quais são as seções, os estímulos, o que a gente mede e que não mede, chegou-se à conclusão de que sempre será impossível prever tudo o que pode dar errado. Mas que se a gente estimular uma liderança ética e justa dentro dos ambientes de trabalho, que seja livre de assédio, livre de discriminação, a gente começa a trilhar um caminho onde ser justo, ético e fazer as coisas corretamente trazem sustentabilidade, trazem resiliência para os negócios. A gente fala muito da crise de credibilidade, que os consumidores querem privilegiar as empresas que fazem a coisa correta. Mas na hora que o bicho pega, se a Alemanha precisar de energia, vai queimar carvão. O consumidor das empresas que vendem produtos, aqui no Brasil, que não pagavam impostos, não vou nem falar da lei da blusinha, empresas que usam mão de obra análoga ao trabalho escravo, que está comprando a blusinha do e-commerce chinês, não sabe como está sendo feito.

Ele quer é pagar menos.

Comprar o orgânico, de quem valoriza a mão de obra empreendedora feminina, vai custar três vezes mais, ainda que ele tenha um extra para gastar. Nosso paper, saiu um pouquinho antes do que aconteceu com a Anielle, que é o ministro Silvio. Fica tão claro que isso não é só do setor privado. O tema de saúde mental custa hoje para as empresas mais de um US$ 1 trilhão por ano, por conta de dias de trabalho perdidos, de perda de produtividade. Mais de 23% das pessoas hoje em dia dizem ter sido vítimas de assédio, moral ou sexual no seu trabalho. Se a gente for fazer um recorte mais detalhado, vai ver que está muito mais concentrado em mulheres, pretas, pardas, de classe social mais baixa. É sempre o mais vulnerável. Estabelecer de alguma forma um privilégio a liderança éticas e justas para que o nosso ambiente de trabalho consiga florescer no setor público e no setor privado, de maneira que traga resiliência para as populações e para o planeta, para as empresas ao longo do tempo, é algo que a gente achou que fazia super sentido, que é super contemporâneo, que nunca tinha entrado nos papers.

Esse é um ponto que talvez amarre todos os outros de uma maneira que não aconteceu no G20.

Eu ouso dizer que só uma mulher liderando uma força tarefa teria empenho de colocar isso. Quando se fala de inclusão, é de todos. Você tem muitos países onde esses temas ainda estão sendo olhados de outra maneira, onde mulheres estão começando a poder dirigir… Começar a falar desse tipo de ação é super inovador. Teve muitas discussões acaloradas, mas foi algo que acabou muito bem aceito. Foi muito bacana conseguir incluir isso e um tema que não necessariamente é da nossa força tarefa que é o da IA, que é tão ampla. Como encaixá-lo em integridade? E aí a gente podia falar desde o viés na programação até a forma como a IA vai impactar de maneira muito diferencial os diferentes tipos de trabalho. Os trabalhos de menor remuneração, que são mais automatizados, talvez sintam mais. A gente quis reforçar a transparência dentro do desenvolvimento da IA nos países. A IA tem muitos benefícios, e longe de nós recomendar que o desenvolvimento seja desacelerado. Para nós é muito mais dar transparência e clareza para o que está sendo aplicado por trás dessa IA para que todas as pessoas tenham a consciência de como serão impactadas.

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Ou seja, aí estamos falando também da necessidade da responsabilidade das plataformas digitais, ponto de consenso dos países do G20 na declaração conjunta do GT de economia digital. Transparência em que sentido?

Quando você gera transparência, você gera questionamentos. Quando não tem, as pessoas nem sabem o que está sendo utilizado. Que dados meus você está usando? Como estão sendo utilizados? Para quê? Eu volto para temas super positivos: automação de leitura de mamografia. Você consegue hoje, pela IA, ter uma produtividade na interpretação das imagens, muito maior do que qualquer médico, com grau de assertividade igual ou maior. Então, eu forneço para a empresa que está fazendo isso a minha mamografia, para que ela possa criar esse banco de dados. Aí sabe o que acontece? Ela fica milionária. Agora, gera um benefício, a gente volta sempre na história do benefício coletivo, para mulher que mora no Sertão nordestino, que vai ter acesso a um diagnóstico mamográfico, por conta da da imagem que eu cedi. Vou deixar de fazer com que ela tenha esse benefício? Não. Você tem que garantir o benefício público, que ela vai ter acesso e que não vai ser só um cara que vai ficar milionário.

É preciso cobrar das gigantes de tecnologia essa transparência?

Exatamente. E eu acho que assim elas também serão beneficiadas. Tudo bem que eles estão colocando dinheiro, investimento, esforço e inteligência por trás disso. Agora, a distribuição desse benefício tem que ficar clara. E aí eu, como usuária, tenho que ter o direito de decidir se eu quero fazer parte disso, ou não. Por isso que a nossa última recomendação é promover a adoção de metodologias internacionais para que todos os sistemas de IA que estão sendo usados tenham transparência e comunicação clara para o usuário final. Essa é a recomendação mais inovadora, pois traz o ser humano para o centro.

O B20 entregou suas recomendações ao G20. O que você consideraria um resultado positivo para o B20? Tem alguma sinalização do que pode ser adotado no comunicado final?

A nossa percepção é que o trabalho foi feito muito de mãos dadas com a CGU para alinhar que esses temas são relevantes para o Brasil e com os outros países também. A gente está trabalhando no que se chama advocacy, participando de eventos nos países, não só como B20. Tivemos muitos sócios de inteligência, que a gente chama de knowledge partners, que ajudaram a gente na construção desse paper, e que estão ajudando num escopo global a disseminar essas recomendações, para garantir que, não só essas entidades e essas organizações validem a relevância das nossas recomendações, mas que os governos, através dessas entidades, enxerguem que faz sentido adotar essas políticas. Estar refletido no paper do G20 vai ser uma vitória imediata. Mas se você perguntar para o grupo qual será nossa maior vitória é garantir que as métricas que a gente colocou ali, de acompanhamento, sejam efetivamente adotadas de forma sustentável.

Até porque o G20 não é vinculante e não cria leis. Não quer dizer que, se estiver no papel, será implementado amanhã? O B20 terá mais meios de promover sobrevida à agenda?

A gente espera que esses caminhos se complementem. O G20 tem algum poder de persuasão com os países do grupo. Os vários participantes da cadeia de valor global, entidades públicas, entidades privadas, think thanks, agências que estão ajudando a formar o pensamento coletivo no mundo ajudam a elevar esse nível de compromisso para que a gente consiga manter relevância desses acordos e fazer com que esses temas fiquem presentes na discussão, no Zeitgeist, porque, no final das contas, quem vai decidir o que quer consumir, que empresa patrocinar, onde quer trabalhar, onde quer colocar os seus dados para que a IA avance são as pessoas.

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