Investigações da PF confirmam denúncia de Ruy sobre esquema paralelo para atender aliados de Cícero na Secretaria de Saúde de João Pessoa

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A Polícia Federal confirmou, através de investigações, o esquema paralelo montado na Secretaria de Saúde de João Pessoa, para atender exclusivamente pacientes indicados por vereadores e aliados do prefeito Cícero Lucena. O escândalo foi denunciado recentemente pelo deputado federal Ruy Carneiro e é um dos principais motivos pelos quais os pacientes da capital sofrem tanto tempo esperando pela realização de consultas, exames e cirurgias.

Em um dos trechos do inquérito, a PF denomina um subtítulo como “regulação paralela na secretária de saúde da Prefeitura Municipal de João Pessoa”. Na descrição inicial do material, os agentes relatam:

“A análise de conversas demonstra um esquema ilegal elaborado para permitir que candidatos a vereadores façam indicações de pessoas com exames e consultas pendentes de marcação na Secretária Municipal de Saúde de João Pessoa, passando na frente de outras pessoas que estariam na fila regular de agendamentos. Essa espécie de regulação paralela de exames e consultas teria o intuito de ser moeda de troca para angariar votos e apoio político na campanha eleitoral dos candidatos apoiados pela gestão municipal atual. A seguir veremos diálogos que mostram como esse sistema é operacionalizado”, descreve a autoridade policial.

Os novos elementos que confirmam o sistema “fura-fila” foram encontrados em aplicativo de troca de mensagens no celular da primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena. O equipamento foi apreendido no dia da prisão da esposa do prefeito Cícero, durante a terceira fase da Operação Território Livre.

Entre os diversos diálogos de Lauremília, o contato com a Diretora de Atenção à Saúde da capital, Alline Grisi, chamou atenção dos investigadores. Em determinado momento da conversa, Alline encaminha áudio de uma de suas subordinadas na secretaria para a primeira-dama, tratando sobre uma exigência do candidato a vereador Beto Pirulito, aliado do prefeito Cícero Lucena.

“Chefe, acabei de receber uma ligação de Beto Pirulito. Eu sempre gosto de alertar a senhora, já alertei Aline Melo [servidora municipal] também. Ele me pedindo algumas demandas pelo celular, aí eu disse: Beto, tu não vai mandar por Matias não? No envelope. Ele disse: não, que eu quero isso rápido. Inclusive eu soube que vocês só tão marcando um dia, vou conversar com tia Lauremilia sobre isso. Janine tá vindo aqui em casa”, afirmou a diretora.  

Ela continua o áudio detalhando a tentativa de solucionar a solicitação do aliado do prefeito. “Eu disse: ô Beto, você pode mandar pra mim pelo celular, amanhã eu observo as demandas. Mas a gente não tá marcando só um dia não, a gente tá marcando mais de um dia e só semana passada seu gabinete levou 30 (trinta) marcações no envelope de Matias. Ele disse: não, porque uma reta final dessa ia conversar com tia Laura como é que podia, só tá marcando um dia”, acrescentou.

Em outra conversa entre Lauremilia e Alline Grisi, a própria PF destacou que a diretora presta contas a respeito da marcação de exames e consultas solicitados por pacientes em uma caminhada de cunho político, realizada na comunidade do Aratu, no bairro de Mangabeira, no dia 25 de setembro de 2024. “241 exames e consultas marcadas. Marcado do Aratu – Caminhada de Hoje”, descreve a mensagem. 

A atuação direta da primeira-dama da capital nas negociações da regulação paralela também foi evidenciada em troca de mensagens com o secretário do Proteção e Defesa do Consumidor de João Pessoa, Rougger Guerra. No recorte exposto pelo inquérito, o Rougger presta contas a Lauremilia sobre o andamento da campanha eleitoral. Ele também pede o contato de alguém que resolva questões de saúde e nesse momento a esposa de Cícero passa o telefone de Alline Grisi e um áudio: 

“Rougger, Alline. Corra com isso aí. Raiane não lhe acompanhou não, lá? Uma equipe de saúde. Janine disse que ia lutar por você. Qualquer coisa leva logo para Janine ou Alline. Eles resolvem pessoalmente”, garante a primeira-dama.

O inquérito detalha que “o contexto sugere que as questões de saúde seriam marcações de exames e consultas de pessoas visitadas por Dr. Rougger em troca do apoio político”. 

A conclusão do inquérito da Polícia Federal aponta para uma espécie de regulação paralela na marcação de exames pela secretária de saúde da Prefeitura de João Pessoa, comandada por Lauremilia Lucena. A estrutura tem o objetivo de atender demandas de candidatos a vereadores durante campanha eleitoral em troca de votos e apoio político dos eleitores.

A PF acredita que o esquema seria realizado da seguinte maneira: “O candidato a vereador promete resolver questões relacionadas a marcação de exames durante visita na casa dos eleitores em troca de voto e apoio político; Então, o candidato, ou alguém de sua confiança, levaria os pedidos em um envelope até a equipe de servidores da PMJP destacada para atender essas demandas, que seria chefiada por Alline Grisi; Em seguida, esses pedidos furam a fila ordinária e são marcados de imediato”, finaliza o documento.

Com Assessoria

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