Governo quer levar consensos sobre comércio e investimentos do G20 para a COP30

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Os consensos alcançados pelo grupo de Ministros do Comércio e Investimentos do G20 vão reverberar na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, afirmou a secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Tatiana Prazeres, em entrevista ao JOTA. O MDIC estuda, agora, consolidar os princípios sustentáveis alcançados no encontro de líderes na Cúpula do Clima do Brasil.

“Estamos com todas as energias voltadas para esse resultado do G20, que é uma plataforma importante para construir a nossa agenda na COP30”, disse a secretaria. “Nesse momento, buscamos conceber o que faz sentido, quais são as nossas prioridades e como pretendemos levar a interconexão entre desenvolvimento sustentável, mulheres e comércio para a COP do Brasil”, continuou.

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Durante o encontro de representantes do Comércio, liderado pelo vice-presidente e chefe do MDIC, Geraldo Alckmin, na última quinta-feira (24/10), o Brasil conseguiu avançar em três eixos inéditos e prioritários para o país: comércio e desenvolvimento sustentável, mulheres no comércio internacional e desenvolvimento sustentável em acordos de investimento.

Com frentes inéditas e ambiciosas, as expectativas em torno do resultado do encontro eram acompanhadas pelo receio da impossibilidade de acordo. Finalizados os trabalhos, o saldo, segundo Tatiana Prazeres, é “histórico”. A secretária quer, agora, expandi-lo para além do encontro de líderes.

“Comércio e desenvolvimento sustentável têm uma relação evidente cada vez mais importante. Nós queremos aproveitar a oportunidade [da COP] para justamente valorizar essa conquista importante que obtivemos para fortalecer e promover esses resultados para além do G20”, afirmou ao JOTA.

Consensos dos líderes de Comércio do G20

Entre as novidades trazidas pelo governo brasileiro no encontro, há uma lista com nove princípios orientadores para a elaboração de medidas de comércio internacional que considerem as dimensões econômicas, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável. Na lista, por exemplo, está a adoção de medidas com base em ciência e evidências de qualidade. O princípio, segundo os negociadores, garantir um equilíbrio e evitar iniciativas restritivas e protecionistas que causem inadequações às trocas comerciais.

O encontro resultou também em um compêndio de boas práticas que deve ser adotado pelos país do G20 para aumentar a participação das mulheres no comércio internacional. O documento lista recomendações de como cada país que integra o Grupo dos 20 pode lidar com obstáculos em relação ao tema.

Além disso, o grupo de líderes do comércio concordou em usar como referência o estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) que mapeia cláusulas de desenvolvimento sustentável e a facilitação de investimentos em acordos de investimento internacional  (IIAs).

O conjunto de documentos será anexado à declaração de líderes do G20. A cúpula é realizada em 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

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Risco Trump

A secretária de Comércio Exterior do MDIC também falou com o JOTA sobre as eleições presidenciais norte-americanas. O Brasil acompanha o pleito com “neutralidade” e “muita atenção”, segundo Tatiana Prazeres. Os Estados Unidos vão escolher entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump na próxima terça-feira (5/11).

O republicano já afirmou que, se reeleito, quer aumentar de 10% a 20% a margem das tarifas de importação em produtos de todos os países. Para os chineses, prometeu aumento de 60%.

A declaração provocou uma reação temerosa da União Europeia. O bloco prepara uma lista de produtos norte-americanos que serão taxados em retaliação a Trump, caso ele vença o pleito e altere as tarifas aduaneiras.

O exemplo da União Europeia não deve ser seguido pelo Brasil, que confia no histórico sólido de relações com os Estados Unidos. “Foi possível a construção de vários entendimentos inclusive na administração Trump. Não vou antecipar que políticas o novo governo americano poderá tomar e o que o governo brasileiro poderá responder. Não é o momento de especular”, afirmou a secretária de Comércio Exterior.

“Sob o ponto de vista de comércio, há ideias sendo aventadas e algumas preocupam, mas aguardamos o resultado para nos engajarmos com quem vier ser eleito”, completou

50 anos Brasil-China

No ano que marca o cinquentenário das relações diplomáticas entre o Brasil e a China, o MDIC tem anunciado medidas para fortalecer o comércio bilateral e participado de encontros com representantes do governo chinês. Em junho, o vice-presidente esteve no país para a sétima edição da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) e falou em “aprofundamento de parceria”.

O gigante da Ásia Oriental é o principal parceiro comercial brasileiro. O consolidado das trocas econômicas entre os países no ano passado finalizou em US$ 160 bilhões.

As discussões sobre o futuro das relações sino-brasileiros passam pela adesão à Nova Rota da Seda. O governo sinaliza que, por ora, não deve haver uma adesão formal à iniciativa chinesa.

Sobre o tema, Tatiana Prazeres comenta: “para o Brasil, interessa ter vínculos econômicos fortes com a China. Mas isso não é um prejuízo ao relacionamento com outros parceiros. O Brasil historicamente tem sido capaz de estabelecer vínculos fortes com diferentes países e não será diferente”.

Neste mês, Alckmin se reuniu com o vice-ministro de Comércio da China, Wang Shouwen. No encontro, se comprometeram na reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). O tema foi também um dos eixos prioritários do país no grupo de trabalho de Comércio e Investimentos do G20.

Brasil e China também trabalham para a integração do Portal Único de Comércio Exterior e seu equivalente chinês. Os países estão em busca de ferramentas e protocolos junto à Receita Federal brasileira e a agência aduaneira chinesa.

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