Brasil no G20: liderança global em sustentabilidade ou mais do mesmo?

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O Brasil se encontra em uma posição única no cenário internacional com a realização do G20 neste mês, no Rio de Janeiro, e a responsabilidade de sediar a COP 30 em Belém, no Pará, em 2025. Ambos os eventos colocam o país sob os holofotes do mundo e oferecem uma chance inédita de assumir o protagonismo na agenda ambiental global. No entanto, para aproveitar essa oportunidade histórica, o Brasil precisa urgentemente mostrar que leva a sustentabilidade a sério – e não apenas em discursos.

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A presidência do G20 traz rara possibilidade de colocar a sustentabilidade como tema central entre as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. Mais que isso, é a oportunidade de demonstrar um compromisso genuíno, com políticas que vão além da retórica, enfrentando problemas como o desmatamento descontrolado e a exploração predatória dos recursos naturais. É uma escolha crucial que se impõe ao Brasil: seguir um caminho de desenvolvimento responsável, que valorize o meio ambiente e proteja as futuras gerações, ou continuar cedendo aos interesses de setores econômicos que priorizam o lucro a curto prazo.

Mas o verdadeiro teste para o Brasil virá no ano que vem. Sediar a conferência das Nações Unidas em plena Amazônia coloca o país em uma posição de liderança natural para discutir e promover a preservação do bioma. No entanto, a escolha de Belém (PA) como sede levanta uma série de questões. O Pará, que carece de infraestrutura básica, tem rede hoteleira de qualidade, segurança pública suficiente e serviços locais para atender à demanda de um evento desse porte, com mais de 60 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, diplomatas, empresários, investidores, ativistas e delegações dos 193 países membros da ONU?

O governo precisa mostrar o planejamento, os investimentos concretos e as ações a serem feitas para que o nosso País e o anfitrião Pará recebam muito bem a COP 30. É inevitável a lembrança dos escândalos de superfaturamento e das obras inacabadas da Copa do Mundo de 2014, quando o Brasil mostrou ao mundo um exemplo de má gestão pública e falta de compromisso com a transparência. Não podemos repetir os mesmos erros em um evento dessa magnitude.

Ao sediar o G20 e a COP 30, o Brasil tem nas mãos a chance de transformar a sua imagem global e demonstrar um compromisso sério com o desenvolvimento sustentável. Contudo, essa mudança de imagem não acontecerá apenas com declarações bem-elaboradas e discursos inspiradores. O mundo está atento às ações, e o Brasil precisa demonstrar, com políticas efetivas e investimentos reais, que está disposto a enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável.

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O protagonismo ambiental que o Brasil pode – e deve – assumir não se limita ao governo federal. Governadores, prefeitos, empresas e a sociedade como um todo precisam estar envolvidos nesse processo. A Amazônia não pode mais ser vista como um território explorável a qualquer custo, mas sim como um patrimônio a ser preservado para o bem das futuras gerações e do clima global. Se o Brasil quer realmente assumir uma posição de liderança ambiental, esse compromisso precisa ser refletido em cada decisão, em cada projeto, em cada política pública.

Neste momento, o País tem diante de si uma escolha que definirá seu papel no cenário ambiental global. Podemos decidir entre sermos um modelo de sustentabilidade para o mundo ou apenas mais um país a falar sobre preservação enquanto age de forma oposta. Que o G20 e a COP 30 não sejam apenas eventos marcados no calendário, mas sim marcos de uma transformação real e duradoura. Afinal, o mundo está observando, e cabe ao Brasil escolher o caminho certo.

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