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O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira (19/11) que é muito difícil no Brasil fazer uma linha de argumento onde se consiga a queda dos juros e mantê-los estruturalmente mais baixos sem uma disciplina ou choque positivo no fiscal.
Em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na capital paulista, Campos Neto disse que se percebe no país que as curvas de juros longos subiram muito e estão em um nível bem mais alto em comparação com um passado recente. Segundo ele, há inclusive um questionamento do mercado em relação à estabilidade do fiscal no longo prazo.
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“Se a gente voltasse para trás, seria a mesma coisa. A gente tem inclusive o exemplo do começo do governo Lula, onde a gente viu também que os superávits começaram a subir e depois conseguiu ter uma queda de juros”, ilustrou Campos Neto.
A longo prazo, Campos Neto pondera que há alguns desafios de custos pela frente no cenário econômico, a exemplo do maior endividamento global, uma transição energética cara, fragmentação do comércio mundial com geopolítica, custo de defesa maior e uma população que está envelhecendo muito mais rápido. “Então, a gente tem um conjunto de variáveis que a gente precisa, de fato, de mais reformas para ganhar produtividade”, afirmou.
Em relação à inflação brasileira, o presidente do Banco Central destacou que existe no país um cenário desafiador no ponto de vista global, desencadeado muitas vezes por seus desafios locais e indicadores antecedentes, principalmente em relação à parte de serviços. Além disso, ressaltou que a expectativa de piora da inflação no Brasil não é uma perspectiva apenas dos “malvados” da Faria Lima, mas também do “mundo real”.
Por outro lado, considerou que a atividade econômica é uma boa notícia para o país, visto que ocorreu um crescimento bem maior do que ele esperava, principalmente em relação ao mercado de trabalho. “Aqui [na queda do desemprego do Brasil], eu acho que tem um efeito da Reforma Trabalhista, assim como da desburocratização, porque quando você consegue abrir e fechar a empresa mais rápido, você fomenta o emprego. Isso já foi demonstrado em outros lugares também”, disse.
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Em outro momento de sua fala, Campos Neto mencionou que as taxas de juros reais do Brasil são mais altas se comparadas com outros países, mas que em parte isso se deve pelo fato de a dívida bruta do país ser bem acima da de outros países. Outro fator mencionado por ele foi a carga tributária do país, que também é mais alta, desencadeando “menos espaço de atuação”.
“Eu acho que isso explica em parte porque o prêmio de risco no Brasil está maior. E se o prêmio de risco estiver muito elevado, se o evento tiver um entendimento de que o fiscal está desequilibrado, você pode ter um efeito reverso”, afirmou.