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A reunião de cúpula do G20, com um relativo sucesso político e midiático, e o indiciamento de Jair Bolsonaro pela trama golpista ajudou o governo Lula, ao menos no campo retórico, a ganhar mais fôlego para se organizar no palanque pela reeleição.
Apesar de ainda muito distante no horizonte, o fato é que, após as eleições municipais e o acerto sobre a troca de guarda no comando da Câmara dos Deputados, tanto os movimentos políticos como econômicos já estão com foco direcionado para 2026.
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O pacote de gastos é parte dessa estratégia, ao mirar uma retomada da confiança dos mercados, uma descompressão do dólar e uma reversão do ciclo recente de alta da inflação e dos juros. O sucesso da estratégia proposta pelo ministro Fernando Haddad não é só fundamental para os destinos do governo, mas também para o posicionamento do chefe da economia na corrida para ser o nome de Lula para a sucessão presidencial, seja em 2026, seja em 2030.
Enquanto Haddad tenta recuperar terreno com o mercado e, a partir desse caminho, reforçar seu posicionamento na disputa pela benção de Lula, no entorno presidencial alternativas estão sendo pensadas, caso o presidente desista de concorrer.
Embora nem o PT e nem a esquerda de forma mais ampla tenham hoje alternativa à altura de Lula, o nome do ministro da Educação, Camilo Santana, passou a ganhar força entre interlocutores do governo depois da eleição municipal. A leitura é que Haddad tem acumulado desgastes e mostrado dificuldade de apresentar uma versão de maior apelo e que Camilo foi um dos poucos a sair maior da eleição municipal.
Além de ter sido o único integrante do partido capaz de eleger um aliado em capital, caso de Fortaleza, o ministro é também o único que até aqui, fora das atribuições da Fazenda, quem oferece ao governo uma marca nova e com potencial de legado para Lula 3, o programa Pé de Meia.
A influência crescente de Santana no PT, também percebida em conversas com integrantes do centrão no Congresso, fez com o que outro nome apontado na sucessão de Lula, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, passasse a sinalizar um caminho alternativo para o futuro, como disputar uma vaga ao Senado pela Bahia.
Apesar de a bolsa de apostas palaciana reduzir as chances de Costa, até então principal rival de Haddad na corte lulista, o chefe da Casa Civil também começa a mostrar uma movimentação mais nacional. Com o PAC sob a sua batuta, ele tem programado uma série de viagens na qual articula com governadores a apresentação de obras e projetos estruturantes.
A despeito de ganhar terreno na corrida interna do petismo, Santana ainda teria muito caminho a percorrer para se mostrar eleitoralmente viável. Uma pesquisa do Instituto França (IFP) com 1.654 eleitores de todo o país, realizada entre 4 e 13 deste mês, apresenta um retrato preliminar das intenções de voto para 2026, destacando alguns dos nomes que podem se consolidar no xadrez político.
Na pergunta espontânea — em que os entrevistados mencionam um nome sem serem estimulados por uma lista — Camilo Santana aparece com modestos 0,18% das intenções de voto. Embora o percentual seja numericamente baixo, coloca o ex-governador do Ceará no mesmo nível de figuras de maior projeção nacional, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino.
Apesar do empate com políticos de maior visibilidade, Santana precisaria expandir sua presença para além de sua base regional. Atualmente, ele é citado apenas por eleitores do Nordeste.
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Mais revelador, porém, é o que a pesquisa mostra quando os eleitores são questionados sobre quem deveria suceder o atual presidente. Nesse caso, Camilo Santana aparece nas últimas posições entre os possíveis sucessores, com 1,9% das menções. Aliás, esse levantamento é ruim para todos os ministros petistas, embora Haddad apareça como o melhor posicionado.
Nesse levantamento, o cenário é liderado por Geraldo Alckmin, que conta com 17,6% da preferência dos eleitores. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, que foi candidata à presidência em 2022 e aderiu a Lula no segundo turno, aparece com 11,1%, à frente de Fernando Haddad (10,3%) e Guilherme Boulos (3,4%), entre outros nomes. Rui Costa também está mal posicionado, mas apareceu à frente de Santana nesta pesquisa.