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A floresta amazônica brasileira passa por um processo contínuo de ocupação desde a colonização do país, em que a floresta foi sendo substituída por outros usos, como agricultura e pastagem. Esses processos de ocupação foram intensificados nas décadas de 1970 e 1980 e continuam de forma constante até os dias de hoje.
Saber que estes processos ocorrem, onde ocorrem, o tamanho e outras informações só é possível graças aos sistemas de monitoramento do desmatamento e a evolução dessas tecnologias.
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Em 1988 foi criado o PRODES (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), projeto do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A partir dele, foi possível monitorar por satélite as taxas anuais de desmatamento na Amazônia Legal até os dias atuais.
Na época, as imagens eram produzidas no papel e os resultados eram entregues dois anos depois. Essa fase analógica vai até o início do ano 2000, quando se iniciou a evolução do sistema de monitoramento.
Atualmente, os programas de monitoramento do INPE utilizam o sistema de informação geográfica Terra Amazon, baseado em uma biblioteca de funções e que está disponível em código aberto. As imagens utilizadas são oriundas dos satélites LANDSAT 8/OLI, CBERS 4 e IRS-2 e as estimativas do PRODES são consideradas confiáveis pelos cientistas nacionais e internacionais, com nível de precisão próximo a 95%.
Em 2004 entra em cena o DETER (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), desenvolvido para suporte na fiscalização. Ele detectava alterações na cobertura florestal em áreas maiores que 25 hectares. Em 2015, sua nova versão passou a mapear desmatamento e alterações com área mínima de três hectares. As imagens são de sensores dos satélites CBERS-4 e IRS. O DETER envia dados diários ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para direcionar ações efetivas de combate ao desmatamento.
Conhecer a evolução desses sistemas é importante para entendermos o impacto direto nas ações do governo, por exemplo, a criação em 2004 do PPCDAm (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal), quando a desflorestação escalava severamente, com o ápice em 2004 de mais de 27 mil km² de vegetação suprimida. A partir daí, se inicia um processo de queda, atingindo em 2012 uma área de 4.600 km² – o menor registrado na história.
Monitorar desmatamento é também monitorar carbono, possibilitando que o Brasil assumisse compromissos internacionais para a redução das emissões de gases de efeito estufa – sendo o desmatamento a maior fonte de emissão do país.
A sociedade civil também tem suas iniciativas, como a rede Mapbiomas, da qual o IPAM faz parte, que faz mapeamento anual da cobertura e uso da terra, além do monitoramento mensal da superfície de água e das cicatrizes de fogo com dados desde 1985, através de processamento automatizado de dados e inteligência artificial em parceria com o Google Earth Engine.
Todos os dados produzidos pelo Mapbiomas, assim como os do INPE, são públicos, podendo ser consultados pela sociedade e utilizados para produzir inúmeras pesquisas. Ambas são tecnologias confiáveis, construídas sob uma base científica.
No ano da criação do PRODES (1988), detectou-se mais de 21 mil km² de desmatamento. Em 1995, mais de 29 mil e, em 2004, o desmatamento alcançou quase 28 mil km². Devido a novas ações de combate ao desmatamento feitas pelo governo federal guiadas pelo monitoramento, em 2023 a taxa foi de 9.000 km². Ou seja, arriscaria a dizer que a Amazônia estaria bem próxima do fim se não houvesse uma maneira de saber o que está acontecendo no território.
O combate às mudanças climáticas é uma reunião de várias frentes: comando e controle para coibir o desmatamento, incentivos às atividades de menor impacto, investimento em novas cadeias produtivas, políticas públicas mais eficazes na conservação e garantia e proteção de territórios tradicionais. Em todas elas, fazem-se necessários os sistemas de monitoramento e sua constante evolução.