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O florianopolitano Phelipe José mora em Joinville há 56 anos e garante que nunca presenciou uma enchente tão grande como a que aconteceu na manhã de sábado (7). Ele saiu para fazer um trabalho e não conseguiu chegar até a filial da Havan na rua Procópio Gomes. Em um determinado local, ficou ilhado e seu carro só pode sair depois de três horas de espera. Quando a maré baixou um pouco, ele conseguiu voltar para casa depois de utilizar ruas em locais mais altos dos bairros América, Glória, Santo Antônio e Bom Retiro. Grande parte da cidade está ao nível do mar e, por isso, quando há a coincidência de maré alta e grande precipitação pluviométrica o Rio Cachoeira e seus afluentes transbordaram. Esta combinação atinge Joinville desde a sua fundação, conforme registra o historiador Carlos Ficker no principal livro sobre a história de Joinville.
Muita chuva na Serra do Mar
Rio Cachoeira é o escoadouro de vários afluentes que nascem na Serra do Mar. Quando a região do Piraí recebe um grande volume de chuva, como no último sábado, as águas se dirigem ao rio que divide a cidade. O principal termômetro do volume de água que desce da Serra é a cascata do Piraí. Quando se forma o “véu de noiva” – como sábado – é previsão de enchente. Sua intensidade vai ser medida pela coincidência ou não da maré.
Defesa Civil
Desde a manhã de sábado , quando aconteceu o pico de 120 mm de chuva que parou a cidade , o prefeito Adriano Silva ficou ao lado da Defesa Civil acompanhando a situação de emergência. Foram 37 ocorrências da Defesa Civil, como deslizamentos, alagamentos e erosão. Por prevenção, a Defesa Civil recomendou o cancelamento de todos os eventos no sábado. Mesmo assim, a organização do vestibular da UFSC decidiu manter as provas na cidade-sede. Apenas uma escola municipal do bairro Morro do Meio recebeu seis pessoas desabrigadas, todas indígenas (uma mulher, um homem e três crianças)
Previsão para segunda-feira
No meio da tarde de sábado o trânsito voltou ao normal no centro da cidade com a baixa da maré e a paralisação da chuva. No domingo choveu fraco o dia todo, mas sem alagamentos. A previsão indica que a chuva só vai parar nesta segunda-feira.
Frases
– “Obra do Rio Mathias parada, judicializada. (teve) problemas graves na sua execução. São 11 rios que fazem parte do Plano Municipal de Drenagem Urbana”, Ex-prefeito Carlito Merss
– “Ocupamos as margens dos rios, estreitamos a calha, aterramos onde as águas espraiam, impermeabilizamos os terrenos em que a chuva infiltra na terra e não sabemos por que a cada nova enchente a água atinge níveis mais altos…” Jordi Castan, ex-secretário municipal.
– “Sempre que coincidir a maré de lua com chuva intensa isso vai se repetir”, Norival Silva, ex-secretário municipal.
– “Triste. Será que os milhões enterrados nas galerias do Rio Mathias que provocaram a catástrofe”, pergunta o ex-vereador João Fachini (PT)
– “Joinville vem escapando de uma grande cheia, a combinação fatal ainda não ocorreu. Por exemplo, se tivermos os mesmos milímetros pluviométricos que houve no RS, poderemos aí sim ter uma grande tragédia”, disse o radialista e publicitário Aurélio Ramos.
Fale com o colunista Luiz Veríssimo pelo whatsapp 47) 99964‑4082