No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

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Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Dezembro Vermelho: como está a situação da AIDS no Brasil – e como são os tratamentos?

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A campanha Dezembro Vermelho traz informações sobre o HIV/AIDS e outras ISTs. Conheça um painel dessas doenças no Brasil.

HVC - Blog - Capa - Dezembro Vermelho AIDS HIV e ISTs

Se você observar locais públicos e monumentos iluminados com uma coloração diferente ao longo do mês de dezembro, agora você já sabe o motivo: trata-se da campanha Dezembro Vermelho, de conscientização sobre a AIDS/HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)!

A data foi criada em 2017 pela Lei nº 13.504, mas desde o final dos anos 1980 o mês de dezembro é vinculado à conscientização sobre a AIDS. Naquele ano, o Ministério da Saúde, seguindo orientações da ONU, definiu o dia 1º como o Dia Mundial de Luta contra a AIDS.

 

Um rápido panorama sobre a AIDS no Brasil – como estamos em relação ao restante do mundo?

De acordo com o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, com dados de 2022, havia cerca de 1 milhão de pessoas convivendo com o HIV no país. Dessas, 90% foram diagnosticadas. Das que haviam recebido o diagnóstico, 81% já estavam em tratamento, com 95% delas em fase de supressão viral (isto é, quanto a contagem de vírus é considerada não detectável e a infecção não é transmissível).

A meta global para eliminação da AIDS e da transmissão do HIV como problema de saúde pública, aplicada também ao Brasil, é de, até 2030, ter 95% das pessoas que vivem com HIV diagnosticadas, ter 95% destas pessoas em tratamento antiretroviral, e, dessas em tratamento, ter 95% em supressão viral, ou seja, com HIV intransmissível.

O Ministério da Saúde estima que, dos 1 milhão de pessoas com HIV, 650 mil são homens e 350 mil mulheres. O Brasil registra aumento de 4.5% nos casos de HIV, mas a taxa de mortalidade por AIDS é a menor desde 2013.

O Brasil é um dos países reconhecidos no mundo todo por oferecer uma boa cobertura pública de saúde para casos de HIV/AIDS. As estimativas do governo com relação ao diagnóstico, por exemplo, estão muito próximas às metas internacionais. É interessante notar que o número de novos casos tem se mantido relativamente estável pelo menos desde 2015 (apresentando uma queda somente em 2020, por motivos óbvios). São cerca de 45 mil novas notificações todos os anos. Com mais informação, conhecimento e proteção, é possível reduzir esses valores. Em 2022, 63.6% dos novos casos foram na faixa etária dos 20 aos 39 anos – uma população com rico volume de informações sobre como se proteger da doença.

Relatório global da ONU estima que, em 2023, havia cerca de 40 milhões de pessoas com HIV – destas, cerca de 31 milhões estavam em terapia antirretroviral. O número de novos casos anuais estava na casa de 1 milhão. O número de mortes foi de aproximadamente 630 mil por ano.

 

HIV/AIDS: o que é PrEP e PEP?

O HIV já foi uma das doenças mais ‘assustadoras’ e perigosas conhecidas. Afinal, até o início dos anos 1980, ainda não se sabia qual era sua causa ou como exatamente era transmitida. Com isso, não havia ainda tratamentos eficientes, o número de casos aumentava a cada ano e os índices de mortalidade eram altíssimos. O panorama moderno, todavia, é muito diferente.

Hoje, existem maneiras de se proteger contra o HIV , associando prática sexual segura com uso de preservativos , o tratamento antiviral para pessoas convivendo com HIV/AIDS   (indetectável = intransmissível) , o diagnóstico e tratamento de outras ISTs, e o uso de medicações antivirais profiláticas. Alguns termos comuns nesse sentido são PrEP e PEP. O primeiro é a “profilaxia pré-exposição” e o segundo a “profilaxia pós-exposição” ao vírus. Ambas são estratégias fundamentais de combate ao HIV. Vamos conhecê-las em detalhes.

 

PrEP

A PrEP é a profilaxia ‘prévia‘ ao contato com o vírus HIV. Trata-se de um tratamento profilático indicado para pessoas sob risco de atividade sexuais desprotegidas e com potencial contato com o vírus – por exemplo, casais sorodiferentes, ou com histórico de ISTs recorrentes.

A PrEP pode ser utilizada de duas maneiras: a primeira é a tomada diária da medicação antiviral (Tenofovir + Entricitamina), continuamente. A segunda, chamada “On demand”, deve ser realizada de 02h a 24h antes do sexo (2 comprimidos), e mantida por mais 2 dias, com 1 comprimido ao dia.

A PrEP é altamente eficiente se tomada de forma correta.

Atualmente  já está disponível a PrEP injetável, e em breve estará disponível, com realização de uma medicação injetável a cada 2 meses.

Há ainda um medicamento, o Lenacapavir, chamado “vacina” popularmente, mas trata-se de um medicamento antiviral injetável profilático a ser usado a cada 06 meses, ainda sem perspectivas de chegar ao país.

Reforça-se que o uso de PrEP  deve sempre ser realizado sob orientação médica. A concentração dos medicamentos no corpo é um fator essencial para o bom funcionamento do tratamento, e apenas o médico poderá orientar corretamente sobre quando, quanto e como utilizar essa proteção.

Segundo o Ministério da Saúde, em 2023 havia mais de 73 mil pessoas no Brasil em PrEP – um aumento de 45% em relação a 2022. Isso é importante e o governo estuda a revisão e ampliação do projeto para contemplar uma população ainda maior, colaborando com o projeto de redução da incidência de pessoas vivendo com HIV/AIDS .

 

PEP

Já a PEP, como o nome indica, é uma medida profilática que ocorre após o potencial contato com o vírus HIV. É indicada, por exemplo, em casos de sexo inseguro, não-planejado (inclusive violência sexual), quando há problemas com preservativos (a camisinha ‘se rompe’) ou quando há acidentes com materiais perfurocortantes que contenham material biológico. Aqui, o fator tempo é essencial: é fundamental que o tratamento se inicie até 72 horas após a exposição ao vírus – idealmente, o quanto antes, melhor (a indicação é iniciar o tratamento 02h após o contato com o vírus). O tratamento é feito à base de antirretrovirais, que são usados por 28 dias, com constante acompanhamento médico por pelo menos 90 dias.

A PEP é, portanto, um tratamento considerado de urgência, longo (dura um mês, mais dois meses adicionais de acompanhamento) e que precisa de constante acompanhamento médico. É altamente eficiente se utilizado de forma correta.

PEP é um termo também utilizado para terapias profiláticas pós exposição contra outras ISTs, como a “DoxyPEP”, feita com antimicrobiano Doxiciclina, para prevenção de sífilis, clamídia, entre outras.

 

O que significa IST?

Dezembro Vermelho é uma campanha de conscientização da AIDS e também das ISTs. Mas o que exatamente são elas?

A sigla IST refere-se às infecções sexualmente transmissíveis. Trata-se de uma ‘atualização’ de um termo anterior bastante difundido, o ‘DST’ (doença sexualmente transmissível). A mudança de terminologia ocorreu porque era muito comum uma pessoa ter uma infecção, ainda sem sinais ou sintomas que caracterizassem uma doença, mas que necessitava de tratamento, tanto para evitar sua piora quanto para prevenir a disseminação para outras pessoas.

As IST são problemas de saúde cuja principal forma de transmissão se dá pelo contato sexual. Usualmente, há transmissão dessas infecções via contato com mucosas ou fluidos corpóreos, o que é muito mais comum de acontecer em situações de contato íntimo.

As IST podem evoluir  para problemas graves de saúde. Por serem transmitidas por vias sexuais, e por muitas vezes terem sintomas visíveis na região genital, é comum causarem sentimentos de ‘vergonha’ ou ‘culpa’ em muitas pessoas, que acabam atrasando a visita ao médico e transmitindo a infecção a outros por mais tempo.

Conhecer mais sobre as IST ajuda não apenas a proteger a própria saúde, como também interrompe a cadeia de transmissão. Vale lembrar que, hoje em dia, existe tratamento eficiente para todas as ISTs – alguns extremamente rápidos, inclusive -, que podem ser obtidos tanto no sistema privado quanto público de saúde.

 

Quais são as principais ISTs?

    • Herpes genital
    • HPV
    • Gonorreia
    • Clamídia
    • Sífilis
    • Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
    • Cancro mole
    • Donovanose
    • Linfogranuloma venéreo (LGV)

 

Quais são os sintomas comuns de ISTs?

Apesar de sinais e sintomas de ISTs aparecerem também em outras partes do corpo (como olhos, língua e nas mãos), é muito mais comum que eles surjam na região genital. Por isso, qualquer alteração perceptível nessa área deve ser acompanhada com atenção, valendo uma visita ao médico o quanto antes.

Sintomas comuns de ISTs incluem:

  • dor na região pélvica
  • ardência ao urinar
  • lesões de pele nos órgãos genitais ou na região próxima a eles
  • presença de ferimentos nos órgãos sexuais
  • verrugas no ânus ou nos órgãos sexuais (ou regiões próximas)
  • corrimentos

É importante lembrar que muitas ISTs podem levar anos até resultarem em sintomas aparentes – ainda assim, podem gerar complicações graves, como infertilidade e câncer. Testes diagnósticos são capazes de detectá-las com confiabilidade e de maneira precoce. Para quem apresenta alguma exposição, realizá-los periodicamente é uma forma de se proteger e de garantir a saúde também das pessoas próximas.

Se ocorrer o diagnóstico de uma IST, dois fatores são muito importantes. O paciente deve seguir o tratamento indicado com cautela – afinal, muitas delas envolvem infecções por vírus ou bactérias difíceis de tratar, por isso a aderência à medicação é fundamental, mesmo que o tratamento seja longo. E é importante a comunicação da IST a parceiros/parceiras anteriores. Como vimos, em boa parte dos casos, é difícil determinar com exatidão quando ou como uma IST foi adquirida, e o paciente pode, inadvertidamente, ter contaminado outras pessoas. Como há a possibilidade de os sintomas surgirem tempos após a infecção, avisar os parceiros dessa possibilidade, para que possam realizar testes diagnósticos, é uma atitude que pode salvar vidas – ou, no mínimo, permitir o tratamento precoce e evitar complicações desagradáveis.

 

Dezembro representa o início do verão, das férias, de tempos em que o contato íntimo com novos parceiros ou parceiras pode ser potencializado. Por isso mesmo, a importância e relevância da campanha Dezembro Vermelho se tornam ainda maiores. Com conscientização e informação, é possível ter uma vida sexual ativa e segura. Proteger a saúde – de si próprio e das pessoas próximas – talvez seja um dos melhores presentes de final de ano que possamos oferecer.

HVC - Perfis de Medicos - Dra. Vera Rufeisen

 

Para saber mais:

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