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O Brasil enfrenta uma crescente polarização política marcada por episódios de extremismo que ameaçam as bases democráticas, como a invasão às sedes dos Três Poderes em janeiro de 2023 e o ataque ao Supremo Tribunal Federal em novembro de 2024.
Esses eventos, mobilizados por narrativas antidemocráticas alimentadas por desinformação e polarização digital, revelam como discursos extremistas podem evoluir para ações violentas. Tais episódios evidenciam a urgência de análises criminológicas que investiguem as causas estruturais e contextuais da radicalização, além de estratégias eficazes de prevenção e repressão.
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A radicalização política é um fenômeno multifatorial que se desenvolve através de interações entre fatores individuais, sociais, culturais e tecnológicos. Borum (2011) e McCauley e Moskalenko (2008) descrevem-na como um processo multifásico em que crenças extremistas gradualmente se transformam em ações violentas, sem que haja um único perfil para indivíduos radicalizados.
Redes sociais desempenham papel crucial nesse processo, amplificando discursos polarizadores e estimulando respostas emocionais como raiva e indignação, segundo Aagaard (2020). O uso intensivo dessas plataformas, associado a mecanismos dopaminérgicos, reforça comportamentos compulsivos, como destacam Wise e Jordan (2021) e Montag e Becker (2018).
O sentimento de exclusão social e a percepção de injustiça também são fatores críticos para a radicalização, ao levar indivíduos marginalizados a buscar validação em grupos extremistas. Borum (2011) aponta que a polarização exacerba narrativas de “nós contra eles”, ampliando o alcance dessas ideologias.
A criminologia cultural, como proposto por Siena (2024), analisa a construção simbólica de inimigos e a ressignificação de valores, elementos centrais para justificar ações violentas em contextos de extrema polarização.
Plataformas digitais não apenas disseminam conteúdos extremistas, mas criam espaços de baixa responsabilização, permitindo a proliferação de discursos de ódio, conforme argumentam Conway (2012) e Neumann (2013). Certos grupos, como idosos, são especialmente vulneráveis à radicalização devido ao isolamento social e ao consumo acrítico de informações nas redes.
Estudos de Lima-Costa et al. (2018) e Silva et al. (2019) destacam que essas condições favorecem a adoção de posições radicais, muitas vezes alinhadas a narrativas que prometem restaurar uma ordem percebida como perdida.
Aspectos psicológicos, como medo, raiva e humilhação, também desempenham papel central na radicalização, interagindo com crenças ideológicas para intensificar o ciclo de extremismo. Koomen e van der Pligt (2015) exploram como essas emoções podem levar indivíduos a buscar soluções extremas para conflitos internos. A criminologia, nesse sentido, oferece ferramentas essenciais para compreender como esses fatores convergem e resultam em atos de violência.
Diversos países têm implementado estratégias para prevenir a radicalização política, combinando esforços legislativos, comunitários e educacionais. No Reino Unido, o programa Prevent capacita profissionais de saúde e educação para identificar sinais de radicalização e oferecer suporte a indivíduos em risco (HM Government, 2011).
Apesar das críticas sobre possíveis impactos nas liberdades civis, o programa destaca a relevância de envolver atores não policiais na mitigação do extremismo. Já a União Europeia promove a troca de boas práticas por meio da Rede de Sensibilização para a Radicalização (RAN), que incentiva intervenções específicas em contextos como escolas e comunidades vulneráveis (European Union, 2011).
Na Dinamarca, o modelo Aarhus adota uma abordagem multifatorial, integrando aconselhamento psicológico, suporte educacional e reintegração social para desradicalizar indivíduos. Bertelsen (2015) ressalta a eficácia da colaboração entre autoridades locais, policiais e serviços sociais, abordando a radicalização além da repressão penal.
Na Austrália, a legislação antiterrorismo alia medidas preventivas, como ordens de controle, a campanhas de coesão social e programas comunitários de desradicalização, apresentando resultados positivos na contenção de discursos extremistas (Australian Government, 2015).
Essas iniciativas internacionais mostram que a prevenção da radicalização requer abordagens interdisciplinares e integradas. Fortalecer comunidades, educar sobre os riscos do extremismo e implementar regulamentações digitais são elementos-chave para reduzir o impacto de narrativas radicais e promover coesão social. Esses exemplos oferecem lições valiosas que podem ser adaptadas ao contexto brasileiro para enfrentar os desafios impostos pela polarização e extremismo político.
A prevenção de ataques às instituições democráticas brasileiras exige estratégias específicas, baseadas em análises interdisciplinares e adaptadas ao contexto nacional. Uma prioridade é o desenvolvimento de um programa nacional de monitoramento de discursos de ódio e conteúdos extremistas nas plataformas digitais, liderado por uma agência independente.
Como observado por Conway (2012), o ambiente digital é central para a radicalização contemporânea, exigindo parcerias entre governo e empresas de tecnologia para regulamentação e educação digital. Esses esforços devem incluir mecanismos de denúncia, controle de algoritmos e capacitação de usuários, com foco especial nos mais vulneráveis, para reconhecerem e rejeitarem narrativas extremistas.
Outra proposta crucial é a criação de Centros de Prevenção à Radicalização (CPR), inspirados no modelo Aarhus da Dinamarca, que ofereçam apoio psicológico, mediação de conflitos, reintegração social e inclusão digital em comunidades vulneráveis. Estudos de Lima-Costa et al. (2018) e Silva et al. (2019) destacam a vulnerabilidade dos idosos ao isolamento e à desinformação, sugerindo iniciativas intergeracionais e atividades culturais para mitigar esses riscos.
Além disso, profissionais como professores e agentes comunitários devem ser capacitados para identificar e intervir em estágios iniciais de radicalização, com base em modelos como o Prevent, adaptando-os à realidade brasileira.
Por fim, combater a desconfiança nas instituições e promover a justiça social são passos indispensáveis para a prevenção do extremismo. Canais de diálogo permanentes entre sociedade e instituições, além de campanhas educativas, são fundamentais para reforçar os valores democráticos e mostrar os benefícios da participação política.
Políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades, como investimentos em educação, empregabilidade e infraestrutura, são essenciais para enfrentar as raízes sociais da radicalização. Essas medidas estruturais e educativas buscam transformar o ambiente que favorece o extremismo, fortalecendo a democracia e promovendo a coesão social no Brasil.
Aagaard, Jesper. Beyond the rhetoric of tech addiction: why we should be discussing tech habits instead (and how). Phenomenology and the Cognitive Sciences, v. 20, p. 559–572, 2021. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11097-020-09669-z. Acesso em: 27 nov. 2024.
Australian Government. Counter-Terrorism Strategy. Canberra: Australian Government, 2015.
Bertelsen, P. Danish preventive measures and de-radicalization strategies: The Aarhus Model. Terrorism and Political Violence, v. 27, n. 3, p. 399-420, 2015.
Borum, R. Radicalization into Violent Extremism I: A Review of Social Science Theories. Journal of Strategic Security, v. 4, n. 4, p. 7-36, 2011.
Conway, M. Radicalization: The Role of the Internet. In: Lombardi, M.; Ragab, E.; Chin, V.; Dandurand, Y.; de Divitiis, V. (Eds.). Countering Radicalisation and Violent Extremism Among Youth to Prevent Terrorism. Amsterdam: IOS Press, 2012. p. 79-94.
European Union. Radicalisation Awareness Network (RAN). Brussels: European Commission, 2011.
HM Government. Prevent Strategy. London: The Stationery Office, 2011.
Horgan, J. From Profiles to Pathways and Roots to Routes: Perspectives from Psychology on Radicalization into Terrorism. The ANNALS of the American Academy of Political and Social Science, v. 618, n. 1, p. 80-94, 2008.
Koomen, W.; van der Pligt, J. The Psychology of Radicalization and Terrorism. New York: Routledge, 2015.
Krueger, A. B.; Malečková, J. The Roots of Radicalization: It’s Not Poverty and Education. The New Republic, v. 229, n. 24, p. 27-33, 2003.
Lima-Costa, M. F.; Barreto, S. M.; Giatti, L.; Camarano, A. A.; Drumond-Andrade, F. C.; Horta, B. L. Redes sociais e funcionalidade em pessoas idosas: evidências do estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 21, n. 2, p. 1-10, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/vSRrDzmZCvQyVQCJ463WhBp/. Acesso em: 15 nov. 2024.
McCauley, C.; Moskalenko, S. Mechanisms of Political Radicalization: Pathways Toward Terrorism. Terrorism and Political Violence, v. 20, n. 3, p. 415-433, 2008.
McCauley, C.; Moskalenko, S. Radicalization and Political Violence: A Pathway Approach. New York: Routledge, 2011.
Montag, Christian; Becker, Benjamin. Psychological and neuroscientific advances to understand Internet Use Disorder. Nervenheilkunde, v. 37, n. 5, p. 297-304, 2018. Disponível em: https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/nf-2018-0026/pdf. Acesso em: 27 nov. 2024.
Neumann, P. R. The Trouble with Radicalization. International Affairs, v. 89, n. 4, p. 873-893, 2013.
Siena, David Pimentel Barbosa de. Criminologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2024.
Silva, A. L.; Santos, M. E.; Pereira, F. L. A importância das redes sociais digitais na vida do idoso: revisão de literatura. International Journal of Development Research, v. 9, n. 6, p. 28220-28225, 2019. Disponível em: https://www.journalijdr.com/sites/default/files/issue-pdf/17290.pdf. Acesso em: 15 nov. 2024.
UNESCO. Preventing violent extremism through education: A guide for policymakers. Paris: UNESCO, 2017.
Wise, Roy A.; Jordan, Chloe J. Dopamine, behavior, and addiction. Journal of Biomedical Science, v. 28, art. 83, 2021. Disponível em: https://jbiomedsci.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12929-021-00779-7. Acesso em: 27 nov. 2024.