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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entra no ano de seu octogésimo aniversário diante de uma grande questão: candidatar-se ou não a um quarto mandato em 2026?
Embora seja o incumbente, Lula não terá vida fácil naquela que muito provavelmente será sua última campanha política. Sob nova direção, o Congresso Nacional parece encaminhar-se para reforçar os vícios de um centrão sedento por comandar ainda mais partes do orçamento. As pesquisas de opinião, por sua vez, não são nada alvissareiras, pois o presidente perdeu popularidade entre os mais pobres e o Nordeste, duas de suas principais bases.
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Diante dessas condições difíceis, Lula talvez tenha encontrado o caminho para sobreviver a uma conjuntura político-econômica: investir num discurso nacionalista para expor as contradições da principal alternativa de poder ao lulismo que hoje se apresenta.
Afinal, dentre os populismos de direita ao redor do mundo, o bolsonarismo possui uma singularidade: a defesa de uma identidade nacional fundamentada numa leitura religiosa exógena à experiência histórica do país em que o movimento está presente — ou seja, o Brasil.
Há lugar entre os brasileiros para a absorção acrítica do conservadorismo e, portanto, do puritanismo tal como desenvolvido no universo anglo-saxão? Não se faz aqui uma defesa do catolicismo ibérico e do sincretismo com religiões de matriz africana que moldaram não apenas a relação do brasileiro com o transcendental, mas também estão na raiz das estruturas sociais, inclusive o modo de relações interpessoais e um estilo de vida nada ascético ainda que esteja assaz distante da imagem autodepreciativa de povo supostamente avesso a quase tudo que exige foco.
O ponto é outro: por que a extrema direita brasileira não fomenta uma identidade cristã com raízes verdadeiramente nacionais? Isso implicaria em fazer com que os evangélicos, em particular, não sejam vistos à imagem e semelhança de suas contrapartes americanas, em particular aquelas do Sul dos EUA, o grande bastião da guerra cultural que combate tudo aquilo que é profano. No Brasil ideal da extrema direita, não haverá lugar, por exemplo, para o Carnaval, que, aliás, já vem sendo substituído por festivais gospel.
Enquanto esse Brasil não chega, os bolsonaristas ficam — perdoem-me a informalidade — “babando o ovo” de Donald Trump et caterva. Assim, o boné ironicamente azul, com a frase “O Brasil é dos Brasileiros”, representa um acerto da comunicação oficial.
Os primeiros modelos foram usados por governistas que circularam nas eleições para as mesas diretoras da Câmara dos e do Senado, no último fim de semana. A iniciativa tem tudo para ter apelo popular, pois contrasta de modo simples e direto com o uso do boné trumpista vermelho “Make America Great Again”. No Canadá — que sofre com o tarifaço imposto por Trump e ameaças de anexação —, faz sucesso o boné azul com a frase “Canada is not for sale” (O Canadá não está à venda).
Ou seja, como pode alguém verdadeiramente preocupado com o Brasil — como os bolsonaristas dizem ser — apoiar políticos aliados a alguém que, como Trump, investe em políticas nacionalistas que desconsideram em absoluto outros países, inclusive aliados históricos como o Canadá — uma das primeiras vítimas da guerra comercial iniciada em 1º de fevereiro — e os membros da União Europeia — que deve ser tarifada em breve pela Casa Branca?
O apoio da direita, manifestado em redes sociais, às políticas de deportação de Trump, porém, indica que investir no slogan “o Brasil é dos Brasileiros” também tem seus riscos numa era em que parece prevalecer o desejo de manter-se fiel a um grupo identitário em vez de abrir-se à razão política.
De toda forma, a sorte está lançada. Diz-se que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas. Mas, numa era em que o nacionalismo prevalece sobre tendências globalizantes, canalhas são aqueles que prestam continência a bandeiras estrangeiras. Depois de flertar com o identitarismo importado do Norte Global, em particular do Partido Democrata dos EUA, a centro-esquerda brasileira volta às raízes do que, aos trancos e barrancos, deu origem ao Brasil de hoje: um nacionalismo que combina soberania econômica e aversão ao viralatismo.
Cristãos e “gentios” haverão de captar a mensagem, a não ser que o bolsonarismo abandone o trumpismo. Nesse estágio, porém, o primeiro não sobrevive sem o último. Afinal, é exatamente pelo seu entreguismo cultural e econômico que a extrema direita brasileira atrai apoios externos e internos vinculados ao grande capital. Se o bonezinho vermelho sair das cabeças, as “verdinhas” deixam de entrar nos bolsos daqueles que já foram mais eficazes em seu simulacro de patriotismo ao se apropriarem da camisa da Seleção.