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Diagnosticada aos 37 anos, Fabiana exibe em seus canais o dia a dia dos tratamentos. Conheça a doença, seus efeitos no corpo e relação com outros tipos de leucemia.

Milhões de pessoas têm acompanhado o drama que é receber um diagnóstico de leucemia por meio da história de Fabiana Justus, empresária do ramo da moda, influenciadora digital e filha do empresário Roberto Justus. Fabiana já soma mais de 03 milhões de seguidores no Instagram, e revela ali o dia a dia dos tratamentos contra a doença.

A leucemia surgiu de supetão em sua vida, no final do mês passado. Fabiana foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda (LMA) após sentir dores nas costas e apresentar febre.

“Fui diagnosticada com leucemia mieloide aguda. E o nome assusta, tudo assusta”, confessou Fabiana no primeiro vídeo após o diagnóstico. “As coisas foram muito rápidas, até pela característica da doença e a forma como tem que ser o tratamento”

“Vim para o pronto-socorro por conta de uma dor nas costas esquisita e febre e, desde então, não saí mais. (…) Já me internei, fiz o exame para entender o que era, coloquei o cateter e já comecei a quimioterapia”, explicou.

Estamos no mês Fevereiro Laranja, focado na discussão e na conscientização sobre a leucemia. Vamos conversar, hoje, sobre esta doença, com foco especial na LMA e no caso da Fabiana, que nos ajuda a compreender mais a fundo este impactante tipo de câncer.

Os tipos de leucemia

Leucemia é um tipo de câncer que afeta a medula óssea. Ali são produzidos componentes essenciais do sangue, como as células vermelhas (hemácias), as células brancas (glóbulos brancos, fundamentais para o sistema imune) e as plaquetas.

Na leucemia, ocorre uma multiplicação de células ‘anormais’, que não funcionam corretamente e que, com o passar do tempo, passam a ser encontradas em número maior do que as células vermelhas/brancas/plaquetas ‘normais’, o que compromete a saúde do corpo inteiro.

Para entender melhor o problema de saúde da Fabiana, vale conhecer os 04 tipos principais de leucemia:

Leucemia mieloide aguda (LMA)
Leucemia mieloide crônica (LMC)
Leucemia linfoide aguda (LLA)
Leucemia linfoide crônica (LLC)

Perceba que existem 02 ‘divisões’ principais entre os casos: os agudos/crônicos e os mieloides/linfoides. O tipo de leucemia da Fabiana é o LMA. Esta é a forma aguda da doença mais comum em adultos, correspondendo a cerca de 80% dos casos.

Leucemia aguda ou crônica

A diferença entre casos agudos e crônicos está relacionada à velocidade de multiplicação das células doentes.

Nos casos agudos, a doença progride rapidamente e há grande produção de células imaturas (chamadas ‘blastos’), incapazes de realizar as funções normais. Em pouco tempo, essas células defeituosas se encontram em número maior no sangue do que as células normais, o que debilita rapidamente o corpo e a saúde como um todo. Estes são os casos mais graves, que exigem tratamento imediato.

Já os casos crônicos progridem mais lentamente – é possível que sintomas sejam percebidos apenas anos depois do início da doença. Nessas situações, o paciente ainda possui um número razoável de células maduras saudáveis, que conseguem ‘contrabalancear’ os efeitos das células defeituosas. Nos casos crônicos, portanto, há células normais funcionando ao lado de células um pouco mais maduras do que nos casos agudos, mas ainda assim não completamente formadas. Por isso a progressão da doença é mais lenta.

Leucemia mieloide ou linfoide

Já a diferenciação entre mieloide ou linfoide tem a ver com o tipo de célula afetada.

As leucemias linfoides atingem células especializadas do sistema imune, que dão origem a linfócitos (T e B) ou células NK. Já as células mieloides dão origem a outra linhagem dos glóbulos brancos: os granulócitos e monócitos.

O diagnóstico da Fabiana Justus, como vimos, é de LMA, ou leucemia mieloide aguda. Nesses casos, as células mieloides (isto é, que produzem glóbulos brancos) ficam ‘estacionadas’ na fase de blasto de seu desenvolvimento, e passam a não funcionar da maneira como deveriam. Em outras palavras, as células mieloides não conseguem se formar por completo, ficando ‘imaturas’, e se multiplicam rapidamente, em detrimento de células normais e saudáveis.

O diagnóstico de LMA requer a identificação de ao menos 20% de blastos dentre as células do sangue periférico ou da medula óssea.

Sintomas da leucemia

Os sintomas mais comuns de leucemia envolvem fadiga/cansaço e problemas constantes com infecções. Os primeiros são decorrentes do mau funcionamento das células vermelhas do sangue, e as infecções têm tudo a ver com um sistema imune comprometido.

Sintomas associados à anemia

Fraqueza constante / exaustão
Palidez
Falta de ar ao realizar atividades físicas
Tonturas
Desmaios
Dores de cabeça

Sintomas associados ao sistema imune comprometido

Infecções frequentes
Febre
Dores no corpo, em especial nas pernas
Manchas arroxeadas ou vermelhas pelo corpo (é comum a pessoa ver as manchas roxas e achar que ‘bateu’ em algum lugar, mas não se lembrar do fato)
Sangramentos (bastante comuns nas gengivas)
Gânglios aumentados (também dor e aumento no lado esquerdo do corpo, na região do baço)

Outro sintoma comum é a perde de apetite, acompanhada de perda de peso.

Qual a faixa etária mais atingida?

As leucemias no geral, assim como a LMA, ainda são cercadas de mistérios. Não se sabe, com total certeza, quais são os fatores de risco para a doença. Tanto que ela pode aparecer em qualquer idade, sendo um pouco mais comum em adultos acima dos 60 anos.

A LMA é o tipo de leucemia aguda mais comum em adultos. Todavia, a doença é, no geral, considerada rara: a probabilidade de um adulto desenvolvê-la é de apenas 1%

Há correlações entre o surgimento de leucemia e fatores como consumo de cigarros, exposição a produtos químicos (especialmente o benzeno, presente em produtos industriais e em combustíveis), exposição a altas doses de radiação, certas mutações genéticas (pessoas que nascem com algumas síndromes genéticas, como as de Klinefelter, Wiskott-Aldrich e Shwachman-Diamond, têm chances relativamente maiores de desenvolver LMA) e histórico de outros tipos de câncer do sangue.

Como funciona o tratamento da leucemia?

É importante notar que o câncer é uma doença complexa. A LMA não é uma exceção: existem diversos subtipos da doença, e identificá-los faz toda a diferença na hora de escolher o tratamento mais adequado à pessoa.

Os tratamentos envolvem estratégias utilizando quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e transplante de medula.

Na LMA, que é uma das leucemias ‘agudas’ (rápidas), o objetivo primordial do tratamento é destruir as células que se multiplicam rapidamente. É justamente por esse procedimento que a Fabiana está passando. Assim que foi diagnosticada, Fabiana iniciou um tratamento quimioterápico, realizado via administração de medicamentos injetados nas veias. Esses medicamentos atingem diretamente as células do sangue. Tanto as células cancerosas quanto células normais são destruídas no processo, por isso a imunidade fica baixíssima durante o tratamento, exigindo internação.

Amamentação

E é por isso, também, que Fabiana não pode amamentar seu pequeno filho Luigi, de 06 meses. Um dos vídeos mais emocionantes que a influenciadora postou mostra a última amamentação logo antes do início da quimioterapia.

Durante o tratamento quimioterápico, a medicação pode ser encontrada no leite materno. Como o tratamento afeta diretamente as células do sangue, e como bebês já possuem imunidade baixa (ainda em fase de ‘amadurecimento’), a amamentação deve ser suspensa nesse período.

Busca-se com a quimioterapia a remissão da doença, isto é, a evidência de que a medula óssea não está mais produzindo células anormais (espera-se encontrar menos de 5% de blastos na medula óssea após o tratamento) e que a contagem de células saudáveis retornou aos níveis normais.

Chances de cura

A boa notícia é que as estatísticas de sobrevida pós-diagnóstico da leucemia crescem a cada década, fruto de novos tratamentos e tecnologias médicas. Recebendo cuidado adequado, com diagnóstico preciso e rápido, assim como tratamento focado na saúde do paciente e em seu problema exato, é possível derrotar a doença e viver muitos e muitos anos de vida saudável.

Atualmente, por exemplo, crianças com leucemia linfoide aguda (o tipo mais comum nessa faixa etária) apresentam chances de sobrevivência de 90% cinco anos após os tratamentos. Considerando todos os casos de leucemia, essa taxa de sobrevivência está, atualmente, em cerca de 65% (tais dados vêm de análises populacionais nos EUA e podem variar aqui para o Brasil).

No geral, as probabilidades de sucesso no tratamento da doença são altas, mas começam a cair com a idade, especialmente a partir dos 55 anos. Taxas de mortalidade no grupo de 75 a 84 anos são as mais altas, na casa dos 30%. Aqui no Brasil, um levantamento realizado pelo Observatório de Oncologia revelou que, no período 2008 a 2017, houve 63 mil mortes por leucemias, sendo 36% delas causadas pela LMA. Nesse período, o número de novos diagnósticos anuais da doença esteve na casa dos 10 mil.

O tratamento quimioterápico nos casos de LMA, como o da Fabiana, possui chances de funcionar bem. E, uma vez vencida a fase inicial, há intenso acompanhamento médico, que tanto monitorará o organismo em busca de células anormais remanescentes quanto ajudará o paciente a recuperar a imunidade

O tratamento da LMA pelo qual a Fabiana está passando é o de primeira fase, de indução. Após a remissão, ele seguirá para a fase de consolidação, seja com quimioterapia e/ou transplante de medula óssea alogênico (neste caso, o paciente passa por uma intensa quimio ou radioterapia prévia, a fim de destruir por completo a medula óssea, que então é ‘substituída’ por uma saudável oriunda de doador compatível).

Prognósticos médicos positivos – ainda mais com o suporte das pessoas ao redor!

Para todos os tipos de leucemia, mesmo aqueles crônicos (cujos sintomas levam mais tempo para aparecer), receber o diagnóstico e iniciar os tratamentos adequados o quanto antes são passos essenciais para uma cura mais rápida e segura.

Como a doença é perigosa e impacta bastante a saúde do corpo inteiro, é importantíssimo, além de um acompanhamento médico multiprofissional, o apoio integral da família e dos amigos, a fim de aliviar a carga emocional que o diagnóstico da doença traz. Nesse ponto, os relatos atuais de Fabiana são de enorme valor.

“Minha vida virou de cabeça pra baixo, mas tenho certeza de que ela vai virar de volta”, contou Fabiana em vídeo recente. “[…] Estou nas mãos de um super médico, estou sendo muito bem assistida. […] Sei que não vai ser fácil, mas estou muito positiva, confiante, minha família também, meus amigos e, principalmente, os meus médicos. (Eles) me deram muita confiança. Falaram que são altas as chances de cura. Peguei muito no começo”, contou.

Com todo esse apoio, certamente a empresária se recuperará rapidamente da doença. E poderá contar, aos seus milhões de seguidores, sobre a importância de ter esperança e seguir em frente com coragem, mesmo quando o diagnóstico é preocupante como o de uma leucemia.

Para saber mais:

https://seer.cancer.gov/statfacts/html/leuks.html
https://www.pfizer.com.br/sua-saude/oncologia/leucemia-mieloide-aguda-e-o-tipo-mais-comum-e-agressivo-em-adultos
https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lma/diagnostico/
https://www.pennmedicine.org/cancer/types-of-cancer/leukemia/types-of-leukemia/acute-myeloid-leukemia
https://www.mskcc.org/cancer-care/types/leukemias/types/acute-myeloid-leukemia-aml

O post Conheça a leucemia mieloide aguda, doença que acomete a influencer Fabiana Justus apareceu primeiro em Blog – Hospital Vera Cruz.