10 dicas para evitar que as cigarrinhas se tornem um prejuízo milionário às lavouras de milho

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As cigarrinhas do milho (Dalbulus maidis), responsáveis por transmitir as doenças do Complexo de Enfezamento, estão em alta no país, mesmo antes da segunda safra da cultura estar completamente semeada.

Dados do levantamento realizado pelo Esquadrão de Combate à Cigarrinha, iniciativa da Bayer em parceria com a agtech SIMA, mostram que a incidência da praga está 280% maior nestes primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período de 2023.

Com o intuito de contribuir com uma melhor rentabilidade para a safrinha deste ano, a multinacional destacou algumas dicas para minimizar o problema, que engloba os enfezamentos vermelho, amarelo ou pálido e o raiado fino (vírus da risca).

“Estes agentes possuem a capacidade de provocar grande impacto no metabolismo e perda do potencial produtivo. E o clima está favorecendo o aumento de incidência nos campos”, afirma o agrônomo de desenvolvimento de mercado da Bayer, Mateus Torrezan.

Pré-plantio

Semeadura da soja sobre palhada de milho consorciado com Braquiária

1. Eliminação do milho voluntário (tiguera ou guaxo): o produtor deve eliminar as plantas não cultivadas do cereal, oriundas de grãos perdidos no processo de colheita e transporte, que acabam germinando não só nas áreas agrícolas, como nos acostamentos e canteiros das estradas e cidades.

“Esse milho voluntário acaba servindo de ponte verde entre uma safra e outra, abrigando tanto o inseto quanto os agentes causais das doenças. Ao se alimentar de uma planta contaminada, a cigarrinha pode se infectar e transmitir os três agentes juntos. Por isso, é importante controlar o milho tiguera assim que ele surgir, usando herbicidas graminicidas”, comenta

2. Escolha de híbridos: esta é uma das estratégias mais importantes dentro do manejo do enfezamento do milho. A escolha de híbridos com maior grau de tolerância ao complexo de enfezamento ajuda nos casos de maior pressão da doença no decorrer do desenvolvimento da cultura. Vale ainda destacar a importância de optar sempre pelo uso de sementes certificadas e de qualidade.

“Entre 2020 e 2023, estimamos que os híbridos lançados com este propósito [tolerância à praga] evitaram perdas de aproximadamente 3,67 milhões de toneladas de milho, que representam US$ 350 milhões”, afirma Pierre Spolti, diretor de fitopatologia e sistemas de reprodução da Bayer.

Semeadura

Foto: Gilson Abreu/AEN

3. Tratamento de sementes: tratar o principal insumo da lavoura é uma prática de manejo que pode ser determinante para manter longe os insetos adultos das cigarrinhas da lavoura recém implantada de milho. Esse manejo pode trazer uma eficiência de até 90% no início da semeadura, diminuindo sensivelmente a incidência da praga, além de facilitar o manejo contra ela mais adiante.

“O tratamento feito com máquinas industriais garante que cada semente receba a quantidade exata do ingrediente ativo, de maneira homogênea e com maior aderência. No tratamento feito na fazenda, o produtor terá que dividir o tempo que já é corrido durante a semeadura para fazer o processo e não conseguirá se dedicar como deveria. Além disso, o ingrediente ativo é colocado no tanque de mistura e não há garantia de que cada semente receberá a quantidade certa, gerando imperfeições que podem comprometer a proteção individual das plantas, além de aumentar a chance de travar a distribuição da plantadeira”, comenta.

4. Distância de plantas já infectadas: manter uma distância segura de uma lavoura já infectada é de extrema importância. A cigarrinha é uma praga altamente migratória e tende a ir de áreas com estádio de desenvolvimento mais avançado para as mais novas. Com isso, a infecção tende a ocorrer de maneira mais precoce, o que torna seu potencial de dano mais severo.

5. Seguir as recomendações sobre janela de plantio e sincronização: cada empresa, por meio de seus estudos e pesquisas para o desenvolvimento de híbridos, determina o melhor período de plantio de cada material para cada região, com o intuito de maximizar a expressão do potencial produtivo.

Seguir este posicionamento, assim como o zoneamento agroclimático estabelecido para a cultura na região, são práticas fundamentais para uma melhor sincronização de plantio e redução da migração de cigarrinhas de áreas mais antigas para as mais novas. Isso também torna as estratégias de manejo mais eficientes, justamente por trabalharem de maneira mais condensada em curto período.

6. Monitoramento: após a emergência do milho, o monitoramento das lavouras deve ser contínuo. Ao detectar a presença da cigarrinha, o manejo populacional deve ser iniciado por meio do uso de inseticidas registrados.

7. Manejo populacional: após o milho emergir e o produtor já notar a presença de cigarrinhas assim que abrir as duas primeiras folhas, é o momento de aplicar um produto de contato que sirva para o combate de percevejos e adultos de cigarrinha. O agroquímico também deve ter uma segunda aplicação, com um intervalo de no mínimo sete dias da primeira aplicação, após as duas folhas iniciais estarem expandidas (estádio V2).

As ninfas das cigarrinhas são pragas que conseguem se esconder dos inseticidas convencionais e podem gerar uma explosão populacional se não forem controladas.

“É preciso ficar atento à indicação da bula, pois os defensivos de contato, de maneira geral, só devem ser aplicados duas vezes por ciclo da cultura, enquanto os neonicotinóides, que matam as ninfas, só podem ser aplicados três vezes por safra”, diz Torrezan.

Colheita e pós-colheita

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

8. Atenção durante a colheita: na operação de colheita é importante que o milho esteja na umidade ideal e que os equipamentos estejam devidamente regulados. Estes fatores contribuem para que haja menos perdas de espigas e grãos no processo de corte pela colhedora.

9. Transporte dos grãos: é importante o produtor se certificar se as carrocerias dos caminhões estão vedadas e devidamente enlonadas durante o transporte, evitando assim perdas de grãos no trajeto que possam se tornar plantas voluntárias, hospedeiras de cigarrinhas.

“Isso pode afetar propriedades vizinhas, em um primeiro instante, e logo se tornarão uma ponte verde para o produtor que perdeu seus grãos no transporte”, afirma.

10. Rotação de cultivos: no planejamento do ano safra da propriedade, o sistema de rotação de cultura é essencial, evitando a sucessão de culturas, principalmente milho sobre milho. A chamada ponte verde de milho favorece a sobrevivência dos patógenos e do vetor, que permanecem sempre em populações elevadas, dificultando o controle, diminuindo a produtividade e elevando os custos.

“Por fim, vale relembrar que como notado acima, não há uma solução única e definitiva para o desafio do complexo de enfezamento do milho. O manejo integrado de pragas, considerando as boas práticas, realizadas de forma conjunta, são fundamentais para promover um manejo satisfatório, mantendo as lavouras de milho produtivas e viabilizando esta cultura tão importante para a agricultura brasileira”, finaliza o agrônomo.

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