Como Vilson Kleinubing se elegeu Prefeito de Blumenau. Capítulo 6.

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Na coluna anterior, abordei o desenrolar da campanha eleitoral, propriamente dita, para Prefeito de Blumenau, em 1988. Lembrei o estilo e algumas frases de Kleinubing no palanque, tratei das estratégias para afastar a possibilidade de rejeição a ele por ser, de certa forma, um candidato “importado” – ele transferiu seu título eleitoral para Blumenau já quase no limite do prazo e mudou-se para lá, com sua família, no próprio ano da eleição. Com jeito, com graça, com os conselhos de seu marqueteiro Hiram Pessoa de Mello e de sua equipe de coordenadores de campanha, Kleinubing contornou as possíveis dificuldades de aceitação por parte dos eleitores.

Fotógrafo não identificado.

Aplicando a vacina anti-crítica

Percebendo que a simples referência ao fato de Kleinubing ser um estranho no ninho não estava “pegando”, seu até então principal adversário, Renato Vianna, resolveu bater mais forte. Foi além das pancadas naturais de campanha eleitoral. Ele disse que Vilson Kleinubing era um “quinta-coluna”, expressão muito usada durante a segunda guerra mundial para designar alguém, por exemplo, de origem alemã, que ajudava o inimigo, no caso, a Alemanha. Era o equivalente a um espião traidor. Exagerou na dose. Deve ter se arrependido depois, mas, já era tarde. Seu pronunciamento tinha ido ao ar. A reação dos blumenauenses foi de espanto e repúdio. É provável que este fato tenha sido decisivo para Renato ter ficado, ao final, na terceira posição.

A assessoria de campanha de Vianna também não foi feliz ao contestar as constantes críticas de Vilson à notória falta de saneamento básico na cidade. Após Vilson ter tocado duas ou três vezes no assunto, Renato o chamou, na TV, de “boca de esgoto”. Não houve resposta direta do nosso candidato, mas o programa botou no ar a imagem de Vianna, copiada de seu próprio programa, falando “boca de esgoto”, com a imagem e o som em velocidade reduzida. Ao final, aparecia sua fisionomia congelada, em uma posição estranha, enquanto o som cavernoso da distorção do som repetia ao fundo a frase “boca de esgoto”. A intenção foi tratar do assunto pelo lado do humor e o efeito foi positivo. Uma maldade, mas merecida.

Todavia, cabe uma observação: aparentemente Renato aprendeu com seus erros. Quatro anos mais tarde, ele voltou a disputar a Prefeitura, com Vilson Souza de Vice, contra o candidato apoiado por Kleinubing e Sasse, o ex-Prefeito Félix Theiss, e ganhou a eleição.

A importância da informação bem aproveitada

Aqueles êxitos engenhosos nos programas eleitorais repercutiram muito porque, naquele momento, a propaganda na TV atingia alto nível de audiência. E eles resultaram, em grande parte, de uma estratégia criativa: logo após o horário de transmissão dos programas, fazíamos uma pesquisa meticulosa por telefone. Perguntávamos a um grande número de eleitores o que eles haviam gostado na apresentação de cada candidato. E também o que os havia desagradado. Logo que recebíamos os resultados, já tarde da noite, reunia-se o grupo de coordenação do qual eu fazia parte, juntamente com Luiz Mário Villar, Carlos Wachholz, Mércio Felski, entre outros, mais o marqueteiro Hiram. Fazíamos então a avaliação do nosso programa à luz daquelas informações. E com base nessa análise projetávamos o programa seguinte já com a rota eventualmente corrigida, sabendo quais eram nossos melhores e nossos piores momentos, e também onde se localizava o calcanhar de Aquiles de cada adversário. Não tinha erro.

As trilhas sonoras e as imagens criadas especialmente para a campanha de Vilson eram lindas. Uma ou duas delas grudaram na memória das pessoas. Era comum ouvir crianças cantando elas pela cidade. O material impresso, bem-produzido, era impactante, e com propostas claras e que tocavam os pontos mais sensíveis das preocupações dos blumenauenses.

Enquetes nas ruas revelam uma provável goleada de Vilson

O resultado inevitável da soma desses ingredientes todos foi o aumento expressivo das intenções de voto em Kleinubing. E tão logo tivemos a comprovação dessa onda através das pesquisas, começamos a fazer e filmar enquetes, de maneira aleatória, com pessoas que passavam nas ruas, que embarcavam ou desembarcavam dos ônibus urbanos, saindo ou entrando do trabalho. Na TV eram mostradas todas as respostas – a favor de Vilson e também a favor de outros candidatos. Ao final, era apresentado o placar do dia, invariavelmente com grande vantagem para Kleinubing. Essas amostragens faziam muito sucesso e aumentavam nossa confiança numa vitória expressiva. Tinha sido superada a conversa sobre a” importação” do candidato, não existia mais na mente dos eleitores a associação da imagem de Vilson com a condição de “forasteiro”.

Próximo capítulo: uma vitória histórica

Na próxima coluna, que será postada segunda feira que vem, completarei a jornada de Vilson Kleinubing, desde a situação de “forasteiro” e “aventureiro” até a posse como Prefeito de Blumenau. Uma jornada que ele percorreu nos ombros do povo blumenauense.

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