Do RN ao RS: Histórias, perdas e mobilização pelas vítimas da tragédia

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A tragédia avassaladora no sul do país está unindo brasileiros de todas as regiões e estreitou os laços entre dois Rios Grandes: o do Norte e o do Sul. Em meio ao caos, histórias de quem está desabrigado, outros mobilizam grupos para reerguer o que sobrou. Quem estava de passagem, registra o desespero de dias incertos, com ameaça de desabastecimento de alimentos, falta de energia elétrica e longas filas para conseguir água.

José Elikson é potiguar, natural de Macaíba, e morador de Canoas, na Grande Porto Alegre. A esposa Vitória Lisboa e as duas filhas do casal foram as primeiras a deixar a casa da família, na noite da última sexta-feira (03), assim que viram o alerta de risco de uma barragem romper nas proximidades. José ficou cuidando da casa, devido ao receio de saques, mas as duas da manhã ele percebeu que a água subia muito rapidamente dentro de casa e já batia na altura dos joelhos. Foi quando decidiu que era hora de também deixar o imóvel. “Não imaginávamos que as águas do Guaíba chegariam até nós”, desabafou José nas redes sociais, compartilhando imagens da casa tomada de água até o telhado.

Em entrevista ao Diário do RN, Vitória contou que agora a família está em segurança com relação ao nível das águas, mas relata um cenário de caos: “Nós estamos bem, estamos na casa da minha mãe, que é na ponta extrema da cidade, aqui é um caos completo, cenário de guerra, racionamento de água e de comida. A gente está conseguindo comprar um pão por CPF, itens básicos de comida não tem mais”.

Diante de tanta destruição e incertezas, a família começou a mobilizar uma campanha nas redes sociais. “Estamos vivos e começamos a pedir ajuda financeira na internet porque toda a nossa família, o meu irmão, as minhas avós, os meus tios, todos os nossos amigos de infância também perderam tudo e não tem como nos ajudar, por isso que nós começamos essa mobilização”, complementa a doula Vitória Lisboa. As doações para a família podem ser feitas via Pix 51982099658, em nome de Vitória Lisboa Correa.

Produtor potiguar registra filas em busca de alimento e água

O produtor e agente artístico Marcílio Amorim, chegou à capital gaúcha na semana passada com voo de volta para Natal previsto para o último domingo (05). No sábado, recebeu a informação do adiamento para a quarta-feira (08) e na sequência a viagem foi cancelada, sem previsão de uma nova data.

Nas redes sociais, em seu perfil no Instagram, Marcílio registrou a movimentação em um supermercado lotado “As pessoas estão fazendo estoque com medo de faltar alimentos”. No mesmo estabelecimento, chamava atenção a quantidade de celulares sendo recarregados já que a falta de energia elétrica é outro problema em muitos pontos da cidade. Do outro lado da rua, uma fila de pessoas para receber água em condição de consumo.

Na manhã desta terça-feira (07), Marcílio iniciou uma verdadeira jornada de volta para casa, partindo por via terrestre de Porto Alegre para Florianópolis, de onde embarcará de avião rumo a Natal. “Sensação é de alívio de começar a voltar para casa”, declarou em um vídeo compartilhado nos stories.

Diante de tanta vulnerabilidade, além das ações de governos e de forças de segurança, uma grande mobilização social também está sendo importante no auxílio às vítimas. Pessoas que ajudam nos resgates, no transporte, na distribuição de alimento e no que mais for necessário em uma verdadeira força tarefa para tentar amenizar os impactos da tragédia.

O potiguar Victor Fernandes, natural de Currais Novos, mora no RS e está liderando mutirões juntamente com outros nordestinos que residem no Sul, para ajudar a lidar com as consequências da tragédia climática. “Temos um grupo com mais ou menos 240 nordestinos, de todos os estados do Nordeste que moram na região de Gramado e Canela, que não foi afetado da mesma forma que as cidades vizinhas, então estamos ajudando as pessoas mais necessitadas, vamos avançando cidade por cidade”, declarou Victor em entrevista ao Diário do RN. Segundo ele, a água do rio nessa região chegou a subir seis metros, fazendo muitas casas ficarem com água até o telhado e as pessoas perderem tudo. O grupo realiza a distribuição de ração para animais, fralda e lenço umedecido, além de fazer a limpeza dos imóveis que ficaram tomados pela lama.

Arquidiocese promove campanha para vítimas das chuvas no RS

Até o início da noite desta terça-feira (07), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul contabilizava 95 mortos, além de outros 4 óbitos em investigação, 131 desaparecidos e 372 feridos. Quase 1 milhão e meio de pessoas foram atingidas pela enchente no Estado e, dos 497 municípios, 401 tem relatos de problemas causados pelos temporais.

Números que mobilizam o país em prol de doações sejam financeiras ou de todo tipo de ajuda – como água, alimento, roupas. A Arquidiocese de Natal iniciou uma campanha de apoio às inúmeras vítimas dessa tragédia. A doação de qualquer quantia, apenas em dinheiro, pode ser feita até a próxima segunda-feira, 13 de maio. “Nós que estamos no Rio Grande do Norte para o Rio Grande do Sul, que é outro extremo, vamos fazer essa campanha financeira porque assim facilita que o recurso chegue com rapidez até o seu destino e a sua colaboração é importante.

Vamos ser solidários com esses nossos irmãos, brasileiros como nós, gente como nós, que necessitam do nosso apoio”, convida o Arcebispo Metropolitano, Dom João Santos Cardoso.

O valor arrecadado será transferido para a conta da Regional Sul 3, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que compreende a todas as dioceses do Rio Grande do Sul, e que fará devida distribuição para atender as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade social.

As doações podem ser feitas através do PIX – 84996751414 (celular). E também através da conta bancária da Caixa econômica Federal, Agência 0035, Operação 1388, Conta Poupança 738990313-0.

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