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Os jogos tem o poder de nos levar para outras culturas e ainda vivenciarmos experiências de vida sob o olhar de outros personagens. Nos últimos anos, tivemos inúmeros jogos de países diferentes, visto que os indies ajudaram desenvolvedores de pequeno porte a ganhar uma chance em um mercado cheio de AAAs. O selo EA Originals entra nesse mérito, trazendo sempre uma grata surpresa, que nos apresenta a projetos bem diferenciados, que muitas vezes poderiam ficar escondidos em meio a avalanche de lançamentos, mas com a força do selo, ganham notoriedade.
Tales of Kenzera: Zau é um desses jogos, que me chamou mais atenção inicialmente por ser embasado pelo EA Originals e depois por trazer algo sobre a cultura africana. Pra quem não conhece o jogo, ele é um metroidvania de ação, que conta a história de Zau, um xamã que busca encontrar seu pai, que está sob os cuidados da divindade da morte.
Será que Tales of Kenzera: Zau possui algum diferencial para outros metroidvanias, ou teremos mais do mesmo? Descubra em nossa análise a seguir.
UMA HISTÓRIA DE CONEXÃO
O principal triunfo da história de Tales of Kenzera: Zau é a sua conexão com a dor de seu protagonista, afinal perder alguém é uma dor muito comum para o ser-humano, principalmente um ente querido tão próximo. Me senti altamente representado ao vivenciar novamente a dor de um luto ou tudo que antecede essa sensação e após passar por tudo aquilo. Todas as dúvidas, os arrependimentos e os momentos únicos que guardamos em nossa memória, são perfeitamente proporcionados por nossa jornada.
Começamos a aventura com o protagonista Zuberi, que está sofrendo com a perda de seu pai, e para se reconectar começa a ler seu livro, que o transporta direto para a aventura de Zau, que é um xamã, cujo pai foi levado pela entidade da Morte, chamada de Kalunga. Cabe a você salvar seu pai desse destino terrível.
Nossa jornada gira em torno dessa situação, nos levando por toda a Kenzera, com uma missão bem simples, mas que levará a muitos desdobramentos. Devemos encontrar os três grandes espíritos para a morte, para ai então podermos ver o pai de Zau. O mais interessante da história, é que os três grandes espíritos possuem assuntos inacabados, que como resultado afetaram o mundo de Kenzera, então ao resolver essas situações, também ajudamos todo esse mundo.
Se você já jogou a franquia Ori, ficou claro que o diretor se inspirou nessa amada franquia. O jogador vai se emocionar com várias situações da história, que nos fazem refletir sobre as situações da vida, então prepare seu coração para momentos bem emocionantes.
UMA CULTURA ÚNICA
Tales of Kenzera: Zau também é um marco cultural, pois vemos uma África bem representada com cores, personagens místicos e suas canções. Como disse no começo dessa análise, trazer culturas diferentes é algo incrível, pois saímos da mesmice de sempre. Até mesmo para entendermos as suas dores, sonhos e tudo o que tem de incrível nessa África tão viva.
Esse choque cultural é necessário para que os jogos consigam trazer algo que o cinema tem menos tempo para fazer, então realmente foi um jogo marcante, assim como outros jogos da Índia ou mesmo da China marcam também a nossa trajetória como ser humano.
O SOL E A LUA
Tales of Kenzera: Zau funciona muito bem como um metroidvania de ação, não tendo somente o foco na história. Para começar, temos nosso protagonista com o poder de usar as máscaras do Sol e da Lua, que fornecem poderes para que possamos lutar contra os inimigos e ainda vencer desafios.
Como todo bom metroidvania, devemos avançar no terreno, resolver quebra cabeças simples e ativar novas habilidades, que abrem novas possibilidades de caminho, algo bem corriqueiro para esse gênero. Um dos grandes problemas que encontrei foi a pouca quantidade de pontos de viagem rápida, fazendo com que o jogador repita algumas localizações, sem muito sentido, caso você queira completar alguns desafios secundários ou mesmo pegar coletáveis, terá que andar pelos mesmo locais e sim, Tales of Kenzera: Zau possui um mapa gigante e, as vezes, cansativo.
Os poderes das máscaras são muito legais, com uma usabilidade muito boa, tanto para atacar e ainda passar por adversidades. Elas podem inclusive ser melhoradas com pontos de upgrades, que trazem novas ações para os poderes, como mais golpes ou projéteis mais fortes.
Lembra que falei dos três espíritos? Em algum momento iremos confrontá-los, dai teremos algumas batalhas que irão colocar nossas habilidades a prova, com o uso rápido dos poderes, inclusive com a troca rápida de máscaras. Os inimigos mais simples também exigem que essa troca seja usada constantemente, pois possuem elementos que só serão derrotados se usar a mascara certa.
O combate é divertido e desafiador, mas algumas vezes me fazia passar raiva, principalmente na hora de exigir fluidez nos comandos, inclusive com paredes invisíveis, que travavam o protagonista no meio do caminho, só por entrar no menu ou algo do tipo.
SOM E GRÁFICOS
Tales of Kenzera: Zau capricha nos seus gráficos, com uso e abuso de muitas cores, para mostrar toda uma cultura rica. O design de alguns inimigos não combina muito com os cenários, então faltou um pouco de capricho nisso ou foi uma escolha que não me agradou tanto assim.
A parte técnica flui bem no geral, mas existem algumas quedas de frames, mesmo no Xbox Series X, algo que achei estranho, visto que não é um jogo tão pesado em suas texturas.
A trilha sonora é incrível, com músicas que tocam lá no fundo do seu coração, passando a emoção na hora certa. Existem legendas em Português do Brasil, algo que ajuda no entendimento da história.
OPINIÃO
Tales of Kenzera: Zau é mais uma prova, que devemos abraçar todas as culturas, e um dos melhores lugares para se fazer isso são os jogos, pois possuem muitos artifícios para isso. A história é um dos pontos mais fortes, principalmente se você já passou ou passa por uma grande perda na vida, algo que mexe com nossos sentimentos. Toda nossa jornada vai de encontro com esse sentimento de perda, luto e aceitação de que a vida tem que seguir.
O jogo possui uma jogabilidade boa, com vários artifícios para se locomover nos cenários e lutar contra os inimigos, mas aposta em algo mais simples, enjoando em alguns momentos. Sinto que faltou mais qualidade nos upgrades de habilidades ou mesmo na variedade de inimigos. O design de ambientes e som mandou bem demais, trazendo algo marcante, combinando com cada situação que o protagonista está vivendo.
Tales of Kenzera: Zau é um bom metroidvania, com ideias cativantes, mas que pode ser ofuscado por um gênero um tanto populoso nos dias de hoje, então faltou ser mais ousado para se tornar inesquecível. Quem sabe em alguma sequência? Vamos torcer, pois o autor tem potencial.
Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: Electronic Arts
Desenvolvido por: Surgent Studios
Data de lançamento: 23/04/2024
Opções de compra: Microsoft Store
*O jogo foi cedido gentilmente pela Electronic Arts para a realização desta análise.
O post Análise – Tales of Kenzera: Zau apareceu primeiro em Xbox Power.