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A indicação de Magda Chambriard para a presidência na Petrobras no lugar de Jean Paul Prates reforça a linha de uso da empresa para o projeto de desenvolvimento econômico do governo federal.
É preciso salientar que esse processo já vinha sendo tocado por Prates, ainda que em ritmo moderado perto do que já se praticou nas administrações petistas e sem as liturgias políticas esperadas pelo presidente Lula, como ficou claro pelo balanço da empresa divulgado ontem. Os números mostraram queda no lucro, perda de receita e aumento nos investimentos.
Esta análise foi antecipada na noite de 14/5 para os assinantes JOTA PRO Poder, serviço de monitoramento político dos Três Poderes e informação de bastidores para empresas. Conheça!
Mas o governo, com a mudança, indica querer maior velocidade nesse processo no qual a estatal volta a ser grande investidora e peça importante na engrenagem do PAC. Ainda não é possível prever o tamanho da aceleração na direção que vem sendo sinalizada pelo governo desde a transição, mas o sinal é esse.
A despeito de a crise no início do mês passado ter esfriado o debate público, Prates não conseguiu se viabilizar com Lula. Com a troca, todos os olhos se voltam para o nome de Chambriard, que foi funcionária da Petrobras, diretora-geral da ANP e ultimamente atuava como consultora da área de petróleo, gás e biocombustíveis.
O nome é muito ligado ao PT. Chambriard se mostra favorável a investimentos em refino, em exploração inclusive em locais ambientalmente controversos, como a margem equatorial. Ela também contaria com o apoio da primeira-dama, Janja da Silva.
Vale lembrar que ela participou do Grupo de Trabalho de Minas e Energia no governo de transição no fim de 2022. Na ocasião, o GT foi crítico às medidas de abertura e às constantes mudanças de política na indústria de petróleo, gás e biocombustíveis que teriam gerado “uma série de distorções”. “De modo geral, tais medidas caminharam no sentido de reduzir a participação da Petrobras no abastecimento e no mercado de gás natural, bem como de reduzir a previsibilidade em relação às ações de descarbonização”, dizia o relatório da época.
Alexandre Silveira, o ministro de Minas e Energia (MME) que foi no mês passado para o confronto aberto com Prates, não a indicou. Fontes apontam que ele preferia o nome de Bruno Moretti — outro ligado ao PT e que já está no conselho da estatal, como indicado do Planalto (ele é secretário especial de análise governamental) —, mas que considerou a indicação de Chambriard positiva, diante do risco de ter que lidar com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que quase foi nomeado para o cargo na crise de um mês e meio atrás.
Os mercados nas sessões reduzidas após fechamento deram sinais ruins sobre a mudança, com forte queda nos ADRs da estatal. O governo, com a troca, assume o risco de reforçar as crescentes desconfianças sobre a moderação como tônica da administração lulista e dos riscos de “Dilmar”.
A cada solavanco desse tipo, ainda que a Petrobras tenha sido alvo de ingerência política nos governos de centro-direita de Michel Temer e de extrema-direita de Jair Bolsonaro, os temores de que o governo vai partir para o desenvolvimentismo sem moderação se reacendem. O tamanho da interrogação só tem feito crescer em 2024.