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Uma forte turbulência em um voo de Londres para Cingapura causou a morte de um britânico de 73 anos e deixou mais de 30 feridos.
O avião sofreu uma queda de altitude repentina que lançou pessoas e objetos pela cabine. Ele fez um pouso de emergência em Bangkok, na Tailândia.
A suspeita é que o britânico tenha morrido de ataque cardíaco durante o incidente.
A companhia aérea Singapore Airlines diz que 211 passageiros e 18 tripulantes estavam a bordo.
O caso causou repercussão em todo o mundo e gerou debates sobre as turbulências em voos. Segundo pesquisadores, elas aumentaram à medida em que a mudança climática aqueceu o planeta.
Cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, estudaram a chamada turbulência de ar claro (quando a temperatura potencial aumenta com a altura), que é mais difícil para os pilotos evitarem.
Eles descobriram que a turbulência severa aumentou 55% entre 1979 e 2020 em uma rota tipicamente movimentada do Atlântico Norte.
Os pesquisadores atribuem o aumento às mudanças na velocidade do vento em grandes altitudes ao ar mais quente resultante das emissões de carbono.
“Após uma década de pesquisa mostrando que a mudança climática aumentará a turbulência de ar claro no futuro, agora temos evidências sugerindo que o aumento já começou”, disse o professor Paul Williams, cientista atmosférico da Universidade de Reading, coautor do estudo.
“Devemos investir em sistemas aprimorados de previsão e detecção de turbulência para evitar que o ar mais agitado se traduza em voos mais irregulares nas próximas décadas”.
As rotas de voo nos EUA e no Atlântico Norte tiveram os maiores aumentos, mas Europa, o Oriente Médio e o Atlântico Sul também tiveram aumentos significativos na turbulência, segundo os pesquisadores.
O estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.
O professor Williams disse que o aumento da turbulência se deve ao maior cisalhamento do vento — ou diferenças na velocidade do vento — na corrente de jato, um forte sistema de vento que sopra de oeste para leste, cerca de cinco a sete milhas acima da superfície da Terra. Isso existe, em grande parte, devido a uma diferença de temperatura entre o equador e os polos.
Embora os satélites não possam ver a turbulência, eles podem ver a estrutura e a forma da corrente de jato, permitindo que ela seja analisada.
O radar pode captar a turbulência das tempestades, mas a turbulência do ar claro é quase invisível e difícil de detectar.
Cintos apertados
Voos turbulentos não são apenas desconfortáveis, mas também podem causar ferimentos aos passageiros. A turbulência severa como a do voo de Londres para Cingapura é muito rara, mas a turbulência de ar claro pode surgir do nada, quando os passageiros não estão com o cinto de segurança.
“Ninguém deve parar de voar porque tem medo de turbulência, mas é sensato manter o cinto de segurança apertado o tempo todo, a menos que você esteja se movendo, que é o que os pilotos fazem”, disse o professor Williams. “Isso é quase uma garantia de que você estará seguro mesmo nas piores turbulências.”
Há também consequências financeiras.
A indústria da aviação perde anualmente entre US$ 150 milhões (R$ 728 milhões) e US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) apenas nos EUA devido aos efeitos da turbulência, incluindo o desgaste das aeronaves, disseram os pesquisadores.
Também tem um custo ambiental, pois os pilotos queimam combustível evitando a turbulência.
(*)Com informação do Jornal CB