China aumenta venda de farelo de soja em 5 vezes. Brasil deve se preocupar?

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A China é a maior compradora de soja do mundo. De acordo com o relatório de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as importações do país na safra 2023/24 são estimadas em 105 milhões de toneladas. Para a temporada 2024/25, a previsão é de aumento de 3,8% nessas aquisições, chegando a 109 milhões de toneladas.

No entanto, ao menos por enquanto, a realidade tem se mostrado outra. Isso porque os produtores de porcos do gigante asiático estão vendendo farelo de soja a níveis nunca antes vistos. Nos primeiros quatro meses de 2024, a comercialização do produto chegou a 600 mil toneladas, índice quase cinco vezes superior ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Alfândega da China.

Os motivos para o fenômeno são dois: queda no consumo de carne suína nos últimos meses pela redução do poder de compra dos habitantes e a diminuição do rebanho por conta dos preços mais baixos. As informações partem de reportagem da Bloomberg.

Maior rebanho

Os chineses possuem o maior rebanho suíno do mundo, com 39 milhões de cabeças. No entanto, o número ultrapassava 41 milhões há cerca de um ano.

Para a consultoria JC Intelligence, as importações de soja no ano comercial que se inicia em outubro devem cair 1,3% para 99,5 milhões de toneladas. Já o consumo total de ração tende a ser reduzido em 1,5% neste ano.

Soja brasileira ameaçada?

Foto: Pixabay/Montagem: Canal Rural

Brasil e Estados Unidos são os maiores fornecedores do grão para a China. Com isso, sinais de menor apetite dos asiáticos podem gerar preocupação.

Porém, especialistas não enxergam, por enquanto, motivo para apreensão. “A demanda chinesa continua firme e deve permanecer assim até o final do ano”, acredita o analista da consultoria Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque.

“Além disso, esse ano tem eleição presidencial nos Estados Unidos, com um possível retorno do ex-presidente Donald Trump. A China pode querer se preparar para isso aumentando estoques, já que há risco de uma nova guerra comercial entre os dois países”, pontua.

O consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, por sua vez, ressalta que o movimento de venda acentuada de farelo da China é pontual. “Eles estão se desfazendo de estoques. Essa ação não altera as projeções para 2024/2025, ou seja, por enquanto, não há impactos para o Brasil”, finaliza.

Nesta linha, também entra em cena as preocupações internacionais por abastecimento pela redução de soja no Rio Grande do Sul, tradicionalmente um dos três estados que mais produzem a commodity no país. O estado já tem enfrentado carência de ração para suprir a demanda de seus próprios animais.

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