A crise climática e seus impactos na economia brasileira

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Nos últimos tempos, tem-se falado muito sobre os impactos da crise climática na economia. Enquanto o Hemisfério Norte enfrenta calor extremo, queimadas e enchentes, o Hemisfério Sul registra temperaturas anormalmente altas, superiores até às típicas do auge do verão.

No entanto, o inverno deste ano também foi particularmente alarmante em várias regiões no Brasil. São Paulo, por exemplo, que há alguns anos era conhecida como “terra da garoa”, teve apenas cinco ou seis dias de frio durante todo o inverno.

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Em maio de 2023, algumas cidades do Rio Grande do Sul registraram chuvas de até 300 mm em apenas 24 horas. O que parecia ser a pior enchente dos últimos 75 anos foi superada em 2024, quando, entre abril e maio, algumas regiões registraram volumes de 300 a 700 mm em poucos dias, causando a pior enchente já registrada em Porto Alegre, além de grandes danos em mais de 140 municípios.

Para efeito de comparação, chuvas típicas de verão costumam acumular entre 300 e 450 mm ao longo de três meses, o que ilustra o impacto devastador dos recentes acontecimentos no Rio Grande do Sul.

O Brasil enfrenta atualmente a maior seca de sua história, com uma estiagem sem precedentes que afeta o país inteiro, sendo especialmente grave na região Norte. No Amazonas, mais de 300 mil pessoas estão sofrendo com a falta de água potável e de alimentos. O sistema de transporte fluvial, amplamente utilizado na região, foi drasticamente impactado pela seca dos rios, impedindo a navegação dos barcos e agravando o desabastecimento.

Impactos na economia

Em 2024, o Brasil registrou, até setembro, 189 mil focos de incêndio. No entanto, o mês de setembro foi particularmente crítico, com mais de 61 mil focos, em diversas regiões. No estado de São Paulo, cerca de 10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar foram queimadas, o que impactará a oferta de açúcar, álcool e etanol, com possíveis reflexos nos preços desses produtos.

O Pantanal e a Chapada dos Veadeiros, dois dos principais destinos turísticos do Brasil, foram severamente atingidos pelo fogo, o que causará prejuízos significativos para a receita gerada pelo turismo nessas regiões.

A Zona Franca de Manaus enfrenta dificuldades para receber matéria-prima e escoar sua produção de eletrônicos, devido à dependência histórica de logística fluvial. A estiagem extrema que afeta a região Norte do país também compromete o transporte de produtos agrícolas, intensificando os problemas logísticos e econômicos da área.

No Rio Grande do Sul, a colheita da soja já havia sido finalizada quando as piores chuvas chegaram, mas a pecuária e o cultivo de outros produtos agrícolas foram duramente afetados. Além disso, os custos para a reconstrução da infraestrutura danificada, cujo valor total ainda não foi completamente estimado, deverão gerar um impacto significativo na economia do estado e do país.

Os estados precisam intensificar investimentos em ações de prevenção a desastres climáticos, que, ao que tudo indica, se tornarão ainda mais frequentes nos próximos anos. Os custos com remediação tendem a ser imensamente superiores aos de prevenção, tornando essencial a adoção de medidas proativas para mitigar os danos e evitar tragédias futuras.

As empresas também devem investir em ações de prevenção a desastres climáticos, implementando planos estratégicos bem elaborados, mapas de riscos eficientes e estratégias de mitigação que exigirão orçamentos significativos e investimentos robustos.

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