A dor de uma família ao perder o filho de 22 anos, morto com um tiro na barriga disparado por um policial

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A dor marca a vida de uma família que sepultou o filho de 22 anos de idade, morto, com um tiro na barriga, disparado por um policial militar de São Paulo. O jovem Marco Aurélio Cardenas Acosta, que cursava o quinta ano de medicina na Universidade Anhembi, foi assassinado na Vila Mariana, na cidade de São Paulo, em uma abordagem policial. Marco tinha feito uma música e gravado um trecho da letra música sobre um amigo que também teria sido morto devido à violência policial.

Além da carreira de médico, a qual além dos pais os dois irmãos também seguem, Marco era MC. Sob o nome artístico MC Boy da VM, Marco canta em canção publicada no YouTube em 2021: “Inevitavelmente, o que aconteceu: tremenda injustiça com um amigo meu; morto a tiros pela polícia na porta de casa, ele era trabalhador e nem mexia em fita errada”.

A letra da música retrata o sofrimento da família do amigo assassinado. Dor e sofrimento que passam a fazer parte, também, da família do próprio estudante de medicina morto brutalmente. “Eles (policiais) não quis (sic.) nem saber; (o amigo) virou estatística, enquanto na sua casa sofre toda a sua família, sentindo a falta de um parente, um ente querido; eu também sofro muito (de) saudades, meu amigo.”

Ao SBT, a mãe disse que “nada justifica” a violência policial: “Meu filho não está armado, meu filho está dando para ver que está até sem camiseta”. Ela ainda diz que, mesmo que se a pessoa abordada pelos policiais fosse um “ladrão”, o que não era o caso, “não era para a polícia atirar desse jeito”. Imigrante e funcionária do Estado, ela questiona: “O que tenho que fazer neste país para ganhar meus direitos”.

Irmão de Marco Aurélio, Frank agradeceu mensagens de conforto que a família está recebendo e não escondeu a dor pela partida precoce do jovem. “Tá muito difícil, a gente tá sofrendo muito, nossa alegria foi embora”, diz, em vídeo. “Meu melhor amigo foi embora (…). Eu nunca mais vou ver o meu irmão, com quem eu cresci junto, a gente brincava junto (…). Eu nunca vou ver ele se formar, nunca vou ver ele ser pai, nunca vou poder ir no casamento dele, ele não vai poder ir no meu.”

Câmeras de segurança de um hotel da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, registraram o momento em que Marco Aurélio foi baleado pela Polícia Militar (PM), por volta das 2h50. Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP/SP) divulgada na quarta-feira, o estudante teria golpeado uma viatura policial e tentado fugir. “Ao ser abordado, ele investiu contra os policiais, sendo ferido. O rapaz foi prontamente socorrido ao hospital Ipiranga, mas não resistiu ao ferimento. A arma do policial responsável pelo disparo foi apreendida e encaminhada à perícia.”

Em nova nota, a SSP informou que “os policiais envolvidos na ocorrência prestaram depoimento, foram indiciados e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações”. Segundo a instituição, “toda a conduta dos agentes é investigada”, e “as imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”.

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