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Por Raimundo Ribeiro
Há 50 anos, mais precisamente no dia 21/06/1970, uma seleção brasileira mostrou o encanto do futebol para o mundo.
Era uma seleção que desfilava em campo com um repertório de jogadas belíssimas que nunca mais ninguém conseguiu fazer. Começava com um Félix no gol que pouco aparecia, mas quando exigido lá estava.
O saudoso capita que fechou a copa com chave de ouro num maravilhoso gol, presente do rei; Brito e Piazza formavam uma impecável dupla de zaga mesclando raça e técnica tornavam a nossa área um terreno proibido aos adversários. E Everardo, discreto e eficiente completava a linha de defesa perfeita. O menino Clodoaldo, protegia a defesa, mas rebelde como todo menino se atrevia a ir ao ataque sempre que podia. O “lento” Gerson imprimia uma velocidade alucinante ao time com seus lançamentos perfeitos de 30/40/50 metros fazendo a bola sair da defesa ao ataque em fração de segundos.
Jairzinho e o Rei se fartavam. Era esse “monstro sagrado” fazendo jus a frase: a bola é quem tem de correr; o veloz Jairzinho que esbanjava técnica e não à toa, foi o artilheiro fazendo gols em todos os jogos; Tostão foi o mais perfeito jogador sem bola, abrindo espaços com seus deslocamentos que alucinavam os adversários; Pelé, não posso comentar pois o título de Rei diz tudo.
Apenas digo que existe o futebol e existe Pelé; Rivellino, o reizinho do parque que depois virou o curió das laranjeiras era um Gerson mais moço e esbanjava técnica e humildade feliz por estar naquele grupo encantado. Ninguém pagava ingresso para ver essa seleção; pagava-se couvert artístico, pois a magia que exalava daquela seleção soava como música.
Uma goleada de 4×1 contra a antiga Tchecoslováquia abriu as cortinas do espetáculo, seguida por um concerto perfeito contra a campeã Inglaterra que ganhamos de 1×0 e nos levou a cumprir tabela contra a Romênia que naturalmente ganhamos de 3×2; tivemos que encarar o Peru de Cubillas e treinado pelo nosso Didi e aí, num jogo de pura técnica vencemos por 4×2; o próximo adversário seria o temido Uruguai cujo fantasma de 1950 assombrava a todos; parecia que o encanto desaparecia, mas aí os nossos artistas transformam a técnica em raça e de virada, vencemos por 3×1 espantando o fantasma do maracanazzo de 50; ainda faltava um jogo, a grande final contra a poderosa Itália que num jogo épico tinha superado a extraordinária Alemanha do gigante Beckembauer.
O rei abriu o placar, mas os italianos empataram. Aí o “monstro” da camisa 8 (segundo melhor jogador do mundial, só superado por Pelé -também né) faz 2×1 num chutaço de fora da área; a partir daí o furacão faz o seu e o capita faz o último gol da melhor copa de todos os tempos. Acaba o maior espetáculo da terra, fecham-se as cortinas e o mundo se rende e reverencia ao melhor futebol do mundo em todos os tempos.
Regendo essa maravilha, uma formiguinha conhecida como Zagallo se firmando como um dos maiores treinadores do futebol brasileiro (substituiu o valente Saldanha que começou a montar essa máquina de jogar futebol) e que era auxiliado pelo eterno tricolor Parreira, saudoso Cláudio Coutinho, Admildo Chirol, Mário Américo, Nocaute Jack, Rogério (olheiro), todos liderados pelo saudoso João Havelange.
O espaço é pequeno para descrever tantas maravilhas produzidas naquela copa, mas como esquecer de Marco Antônio, de Paulo Cezar caju, Ado, Leão, Zé Maria, Baldocchi, Joel, Fontana, Roberto, Edu e Dario? Todos poderiam jogar em qualquer seleção do mundo, mas só 11 podiam entrar em campo. E como esquecer o divino, dirceu Lopes e tantos outros que tiveram o azar de competir com esses 11 artistas que foram escolhidos, mas ao mesmo tempo tiveram a sorte de integrar a maior e melhor geração do futebol.
Neste momento que nos aproximamos do cinquentenário do TRI, não poderia deixar de agradecer a esses artistas maravilhosos que me legaram uma paixão eterna pelo futebol.
E por falar em paixão, devo relembrar que após o apoteótico Tri, todos os jogadores retornaram ao Brasil e disputaram o maior campeonato do mundo apelidado na época de Robertão (Roberto Gomes Pedrosa), ÚNICO campeonato nacional em que estavam presentes TODOS os tricampeões mundiais.
Era o Santos de capita, joel, clodoaldo, Pelé e Edu(5), Cruzeiro de piazza, Fontana e Tostão (3), Botafogo de Paulo cesar caju, Jairzinho e Roberto(3), Fluminense de Félix e Marco Antônio (2), Corinthians de Ado e Rivellino(2), Palmeiras de Leão e Baldocchi (2), Portuguesa de Zé Maria(1), Grêmio de Everaldo(1), Flamengo de Brito (1), São Paulo de Gerson (1) e o Atlético Mineiro de Dario (1).
Mas esse é outro tema que será abordado noutro artigo.
Obrigado a esses extraordinários jogadores que não precisaram de nenhum big brother para se tornarem verdadeiros heróis.
Por Raimundo Ribeiro, apaixonado por Futebol e naturalmente pelo Fluminense
O post ARTIGO | O verdadeiro futebol apareceu primeiro em Portal É di Brasília.