No mundo atual, a percepção das dificuldades não pode mais se dissociar do remanejamento dos quadros funcionais.
Pensando mais a longo prazo, a percepção das dificuldades possibilita uma melhor visão global dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

pensamento do dia

Assim mesmo, a complexidade dos estudos efetuados ainda não demonstrou convincentemente que vai participar na mudança dos métodos utilizados na avaliação de resultados.

Artista capixaba é atração principal de exposição no Rio de Janeiro

Spread the love

Teve início no último dia 30 de novembro, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (@cma.heliooiticica) uma reunião de trabalhos de artistas que apresentam suas obras numa grande coletânea. A mostra reúne 12 artistas selecionados na 2ª edição da HO Chamada, promovida pelo Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica em parceria com o Projeto Hélio Oiticica. O programa busca ativar e atualizar as proposições originais do artista Hélio Oiticica, transformando-as em organismos vivos da arte em constante diálogo com a cidade. Dentre esses artistas com envergadura nacional, um único capixaba conseguiu furar a bolha e apresentar sua obra, sendo o único artista, fora do Rio de Janeiro escolhido para participar do evento, trata-se de João Cóser. A Obra SIX DEGREES OF FREEDOM: Para uma Realidade Alterada.

Os OPPELT são voltados para um público diverso, que busca experimentar performances interativas e explorar a percepção e a corporeidade de maneira acessível. Ideal para pessoas interessadas em arte contemporânea, intervenções tecnológicas simples e interações que estimulam a criatividade e a participação ativa. A mostra é para todos os públicos. Como o manipulável contém lentes e espelhos, é aconselhável, no caso de turmas de crianças, um cuidado especial com a utilização do objeto.

A acessibilidade dos OPPELT é garantida pela interação direta e sensorial, permitindo que os visitantes toquem e manipulem os objetos livremente. Esse formato inclusivo possibilita que pessoas com diferentes capacidades participem ativamente da experiência, explorando a percepção e a corporeidade de maneira intuitiva e colaborativa, sem barreiras tecnológicas complexas.

OPPELT

Os OPPELT são Objetos para Performances em Experimentações Low Tech, concebidos através de dispositivos tecnológicos simples, acessíveis ao público em geral. Eles exploram novos horizontes ao habitar o mundo e provocar alterações na percepção da realidade, do olhar, do caminhar e da corporeidade. A ativação pelo “participador” é essencial para que os OPPELT adquiram novos significados, revelando-se como camadas de subjetividade, novos autores e narrativas a cada interação. Esses objetos performativos demandam um entendimento básico de “novas tecnologias”, e se revelam com cada nova ativação.

Os OPPELT exploram novos horizontes de percepção e corporeidade, ganhando novos significados com a interação do “participador”. A cada ativação, revelam camadas de subjetividade e novas narrativas.

A seguir, uma breve conversa com Cóser, direto do Rio de Janeiro:

 

Fale um pouco sobre sua trajetória e trabalho.

JC: Formado em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), onde atualmente estou cursando o Doutorado em Artes, minha formação me permitiu explorar diversas linguagens artísticas, com foco em vídeo, fotografia e performance, conectando essas práticas às questões da imagem e do corpo na arte contemporânea. Desde a infância, fui encantado pelo cinema, mesmo sem tê-lo como uma prática familiar cotidiana. Esse fascínio por contar histórias e criar narrativas visuais guiou minha formação em Artes e influenciou minha prática artística. Como artista LGBTQAP+, minha trajetória explora temas de corporeidade, memória e identidade, refletindo experiências pessoais e sociais. Durante a graduação, experimentei formas de integrar fotografia e vídeo às performances, estabelecendo uma poética que questiona esses temas. Minha trajetória inclui projetos como participações em exposições “A.FLOR.DA.PELE” [Anpap Sudeste, 2024 – RJ], “O QUE SE CONSTRÓI NESSE SABER VIVER JUNTOS” [Seminário Ibero-Americano (internacional), 2022 – ES], “Videografias do Meio” [SECULT, 2020 – ES], “Múltiplo Comum – obras do acervo fotográfico” [Galeria de Arte Espaço Universitário/GAEU, 2018 – ES] e “Territórios Internos” [Prêmio Funcultura, 2018]. Tenho obra em acervo na Galeria de Arte Espaço Universitário (GAEU) – Universidade Federal do Espírito Santo. Além disso, desenvolvo uma pesquisa aprofundada sobre o uso do vermelho como elemento simbólico, que remete à visceralidade, ao sangue e às relações entre o corpo e a memória. Meu trabalho artístico transita entre performance, vídeo e objetos interativos, com o objetivo de investigar a relação entre corpo, carne e tecnologia na arte contemporânea, questionando as fronteiras entre o real e o simbólico. As obras envolvem frequentemente a participação ativa do público, seja por meio da manipulação de objetos, como no trabalho SIX DEGREES OF FREEDOM, exposto no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, ou pela interação com os elementos expositivos que integram as instalações. Além disso, exploro narrativas visuais que dialogam com temas como memória, identidade e natureza, sempre buscando propor reflexões sensoriais e conceituais.

Quais as dificuldades em ser artista no Espírito Santo?

JC: A maior dificuldade é a competição por espaços e recursos em um cenário onde os editais frequentemente focam em políticas afirmativas muito específicas. Embora essas políticas sejam indispensáveis para reparar desigualdades históricas e garantir representatividade, acredito que, em alguns casos, elas podem limitar a diversidade de projetos contemplados. Isso cria um desafio para artistas com propostas que abordem outros temas igualmente relevantes, mas que acabam ficando à margem por não se enquadrarem nos recortes prioritários dos editais.

Acredito que o ideal seria um equilíbrio: manter o compromisso com políticas afirmativas para continuar promovendo a inclusão e a representatividade, mas também ampliar os critérios de seleção dos editais para contemplar uma diversidade maior de projetos e poéticas. Além disso, é essencial criar novos espaços e iniciativas que favoreçam artistas emergentes com diferentes perspectivas, fortalecendo o cenário artístico local e possibilitando que mais vozes sejam ouvidas, sem a necessidade de buscar oportunidades fora do estado.

Recentemente você apresentou um trabalho em Florianópolis com muita repercussão, fale sobre ele.

JC: Fazer a comunicação de Atlântico Vermelho: a instauração de um campo simbólico no Congresso GEAP, em Florianópolis, foi uma oportunidade valiosa para ampliar o alcance dessa discussão e inserir o trabalho em um novo contexto cultural. Ainda em processo de criação, a proposta consiste em uma instalação composta por sete redes vermelhas de descanso, apoiadas em troncos de madeira e dispostas em círculo dentro do mar, dialogando com a paisagem da Prainha de Vila Velha. A configuração das redes cria um espaço de interação, trocas e reflexões sobre pertencimento e identidade, enquanto o vermelho, elemento central da obra, evoca visceralidade e memória. Levar essa intervenção ao sul do país, com sua rica diversidade paisagística e histórica, proporcionou um diálogo singular entre o trabalho e as experiências do público local. Além disso, participar de um evento de relevância nacional fortaleceu a visibilidade do meu trabalho fora do Espírito Santo, promovendo conexões com outros artistas, pesquisadores e públicos que compartilham interesses semelhantes. Essa troca de perspectivas enriquece tanto o trabalho quanto a minha prática artística, enquanto a intervenção poética e simbólica no ambiente natural convida os participantes a se envolverem de forma sensorial e coletiva.

 

O que o Doutourado acadêmico agrega a práxis de um artista como você que tem inclusive uma produção a nível nacional?

JC: Participei de diversas exposições ao longo da minha trajetória, tanto no Espírito Santo quanto fora do estado. Algumas das mais importantes fora do Espírito Santo incluem o Programa Hélio Oiticica (2ª edição), no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, e o Á.FLOR.DA.PELE: Encontro ANPAP Sudeste de Jovens Pesquisadores 2024, no Centro Cultural Justiça Federal, ambos no Rio de Janeiro. Também participei do Projeto Percursos 2024, no GAIA Campo Aberto das Artes, em Niterói. Esses momentos foram fundamentais para ampliar a visibilidade do meu trabalho em outros contextos culturais e estabelecer conexões com artistas e públicos diversos.

Minha participação no IV Encontro Internacional da Rede Todas as Artes | Todos os Nomes, em Portugal, com o artigo ‘Peles Macias e Peles Ásperas: As cinco peles de Hundertwasser em conversa com a poética pessoal’, foi um marco importante no meu envolvimento com o cenário artístico global. Esse evento estreitou ainda mais minha conexão com outros artistas e pesquisadores internacionais, promovendo um intercâmbio valioso de ideias. Nesse contexto, uma das experiências marcantes foi também a exposição O que se construiu nesse saber viver juntos, apresentada no Congresso Internacional Poéticas. Embora tenha ocorrido no Espírito Santo, o evento possibilitou um diálogo enriquecedor com participantes de outros países, ampliando significativamente minha prática.

Vejo uma convergência muito clara entre minha produção artística e acadêmica. O doutorado tem sido uma oportunidade valiosa para aprofundar as reflexões em torno da minha poética, permitindo que minha prática artística dialogue com referenciais teóricos importantes, como Merleau-Ponty e Didi-Huberman. Além disso, o doutorado possibilita a sistematização dos meus processos criativos e a articulação de minhas obras dentro de um discurso mais amplo, fortalecendo minha presença no campo da arte contemporânea.

Acredito que o curso de doutorado é essencial para artistas que, como eu, buscam expandir os limites da criação, conectando a prática artística à pesquisa acadêmica. Ele legitima a produção artística, amplia redes de diálogo e colaboração e oferece ferramentas para refletir criticamente sobre as próprias práticas. Além disso, o doutorado contribui para a formação de outros artistas, permitindo que minha experiência seja compartilhada e multiplicada, o que também é uma forma de transformar a arte e a academia em espaços de renovação e troca.

Quais são as influências do artista João Cóser.

JC: Minhas influências dentro do Espírito Santo são numerosas e extremamente significativas para a construção da minha prática artística. Tenho profunda admiração por artistas como Cláudia França, que também é minha orientadora, Rosana Paste, MV Marcos Vinícius, Rubiane Maia, Hilal Sami Hilal, Lou Sky e Elisa Queiroz, entre tantos outros. Cada um deles contribuiu, direta ou indiretamente, para o meu olhar artístico e para a maneira como me relaciono com a arte.

Um marco importante nesse processo foi minha experiência como estagiário na Galeria de Arte Espaço Universitário (GAEU). Esse período foi transformador, pois a galeria me permitiu acessar um amplo repertório de artistas e obras que continuam a alimentar minha prática até hoje. A GAEU desempenha um papel essencial na valorização da produção artística do estado, criando um espaço de visibilidade para múltiplas linguagens e fomentando trocas significativas entre artistas, estudantes e o público.

Como fazer o produtor de Arte do Estado “enxergar” e investir nos jovens artistas capixabas?

JC: Atualmente, estou aqui “para ser fisgado”, como quem joga a rede no mar esperando por uma oportunidade de representação em uma galeria. Brincadeiras à parte, acredito que essa parceria é essencial para potencializar minha trajetória artística e ampliar os diálogos sobre o meu trabalho. No entanto, sei que o circuito artístico e a lógica de mercado muitas vezes exigem que o artista conquiste reconhecimento prévio para depois acessar esses espaços. Isso cria um caminho desafiador, onde a visibilidade e a validação inicial tornam-se barreiras para muitos jovens artistas. Para inverter esse processo, é importante que as galerias apostem mais em jovens artistas, criando programas específicos de incentivo, como editais, residências e exposições voltadas para nós. Esses espaços poderiam funcionar como verdadeiras plataformas de descoberta, possibilitando que o reconhecimento aconteça a partir do próprio ambiente expositivo.

Como é ser o único capixaba expondo no espaço Hélio Oiticica?

JC: Participar da segunda edição do Programa Hélio Oiticica, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro, como o único capixaba entre os 12 artistas selecionados deste ciclo, tem sido uma experiência extremamente enriquecedora e desafiadora. A mostra ainda está em andamento, e estar nesse espaço de visibilidade é uma grande oportunidade de expandir o alcance do meu trabalho. Estar inserido em um contexto com artistas do Rio de Janeiro, um estado com uma cena artística muito consolidada, me permite estar em contato com outras linguagens, histórias e práticas, além de proporcionar uma troca intensa com profissionais que compartilham produções singulares. Essa visibilidade é fundamental, pois me coloca ao lado de artistas consagrados, como o próprio Hélio Oiticica, e de jovens artistas em consolidação de carreira, desafiando-me a repensar minha trajetória enquanto artista capixaba, especialmente ao considerar os desafios e as oportunidades de expor em outro estado. Os desafios logísticos dessa experiência são uma realidade: o transporte das obras, o processo de embalagem e o cuidado com as obras e montagens exige tempo, atenção e recursos. Esses aspectos podem ser complicados quando se expõe fora do nosso estado, mas acabam se tornando um aprendizado constante, forçando-me a pensar em soluções criativas para apresentar minha obra de forma eficaz.

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) tem sido um pilar essencial nesse processo. Não só por ser o local onde estou realizando meu doutorado, mas também por ser a instituição que possibilita a reflexão e a experimentação necessárias para a minha prática artística. O doutorado em Artes na UFES, sendo o primeiro do estado, é um marco não apenas para mim, mas para toda a cena artística capixaba, pois estreita a conexão entre a pesquisa acadêmica e a produção artística. Ter uma linha de pesquisa focada na poética e na produção de artistas, especialmente dentro de um programa pioneiro no estado, tem sido uma experiência formativa incrível. Isso me enriquece profundamente, pois me permite abordar minha produção a partir de uma base teórica sólida, ao mesmo tempo em que me possibilita participar ativamente de eventos, exposições e intercâmbios com outros estados, ampliando o alcance da minha prática.

Serviço:

🗓 Abertura: Sábado, 30 de novembro de 2024, 14h-18h

📍 Local: Rua Luís de Camões, 68, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, RJ

⏰ Horários de visitação: Segunda a sábado, das 10h às 18h

📅 Período: 30 de novembro de 2024 a 4 de janeiro de 2025

🎟 Entrada gratuita

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *