Atentado na Praça dos Três Poderes muda o jogo com STF

Spread the love

As explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira (13 /11), resultando na morte de uma pessoa e na evacuação de ministros e servidores do Supremo Tribunal Federal (STF), devem reforçar a posição do ministro Alexandre de Moraes, que defende uma resposta firme e sem concessões a qualquer tentativa de subverter a ordem democrática.

Em um reflexo físico do clima de renovada apreensão que se abateu sobre a Esplanada, o STF será novamente cercado por gradis de segurança. Essas barreiras, presentes durante todo o ano de 2023, foram removidas no início do ano Judiciário de 2024, em uma cerimônia simbólica com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A volta dos gradis é um lembrete visível do clima de tensão que se seguiu após a eleição presidencial.

Conheça o JOTA PRO Poder, uma plataforma de monitoramento político e regulatório que oferece mais transparência e previsibilidade para empresas

As circunstâncias que precederam o episódio também podem ser levadas em conta pelos ministros e acabar tendo consequências para as plataformas digitais, que acompanham de perto o julgamento sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet, marcado para o próximo dia 27.

Pelo que foi apurado até agora, o homem responsável pelas explosões publicou com antecedência em uma rede social a intenção de fazer um ataque a bomba. Entre ameaças a políticos, ele citou o dia e também o horário aproximado em que aconteceram as explosões: “Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc. Início 17h48 horas do dia 13/11/2024… O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!!!”.

No julgamento sobre o artigo 19, os ministros decidirão sobre as regras de moderação de conteúdo e as condições em que um provedor de aplicações de internet pode ser responsabilizado civilmente por danos causados por conteúdo de terceiros. Este caso ganha ainda mais relevância depois deste episódio, sublinhando a importância de discutir a responsabilidade das plataformas na prevenção de atos violentos e na proteção da segurança pública.

O impacto do atentado também deve se estender ao cenário político, afetando especialmente o projeto de anistia atualmente em tramitação no Congresso. O ataque deve tornar ainda mais difícil a aprovação de qualquer medida que vise anistiar indivíduos envolvidos em atos antidemocráticos, como os que ocorreram em 8 de janeiro de 2023.

O plano de explosão do aeroporto de Brasília e os ataques a torres de energia após a eleição de 2022, que a direita tenta desvincular dos eventos de 8 de janeiro, ganham nova relevância após as explosões em frente ao STF. Este atentado, aparentemente premeditado e ligado a um ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em 2020, em Rio do Sul (SC), reforça a leitura de que a segurança e a estabilidade democrática devem ser priorizadas por todos os poderes.

O ocorrido cria duplo constrangimento internacional. O atentado acontece às vésperas de o Brasil receber 55 delegações com 26 líderes das maiores economias do mundo no Rio de Janeiro para a cúpula do G20 (18-19/11) e de o presidente Lula receber Xi Jinping em visita de Estado (20/11). O protocolo em encontro desta monta significa que o chefe de Estado visitante seja recebido pelos representantes dos três poderes, o que coloca em evidência a questão da segurança.

Independentemente de ser um ato isolado, a conexão com o ambiente de ataques retóricos à instituição sublinha a importância de uma resposta coordenada e firme para proteger a democracia e garantir que ameaças semelhantes sejam prevenidas e enfrentadas de maneira eficaz.

A reação às explosões nos grupos de direita e esquerda parece ter sido marcada por uma leitura política, com cada lado interpretando os eventos de acordo com suas próprias narrativas e interesses.

Nos grupos de direita, as explosões foram vistas como a “desculpa que Xandão queria” para perseguir Bolsonaro e os demais “patriotas”. Entre perfis de esquerda, a leitura foi semelhante, mas sem a mesma adjetivação: uma oportunidade para se contrapor à vitimização da direita, que seria a responsável pelos atos de violência contra a democracia.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *