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Eu jamais saberei dizer ao certo quanto tempo passei diante da TV enfrentando as mais fantásticas batalhas por turnos em RPGs. Porém, o gênero mudou bastante desde os primórdios e ultimamente não tenho encontrado muita paciência para esse tipo de combate. Quer dizer, não tinha, até conhecer o Chained Echoes.
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Idealizado por Matthias Linda há sete anos, Chained Echoes seria um RPG fortemente inspirado nos títulos lançados para o Super Nintendo e que misturaria mechs com dragões. Porém, para fazer com que o seu sonho saísse do papel, o alemão precisaria recorrer ao financiamento coletivo e após uma bem-sucedida campanha no Kickstarter em 2019, ele finalmente pode se dedicar plenamente ao projeto.
No jogo conheceremos o continente de Valandis, um lugar dividido em três reinos e que vem sofrendo há muito tempo com uma enorme guerra. O conflito resulta na detonação do equivalente a uma bomba atômica, causando a morte de dezenas de milhares de pessoas e levando as aquelas nações a um acordo, com a paz sendo finalmente selada. Para comemorar a ocasião, em evento é marcado para acontecer no reino de Fonset e será a partir deste momento que começaremos nossa aventura.
Como acontece em quase todos os títulos do gênero, Chained Echoes também nos colocará no controle de um time formado por vários heróis, com suas características, especialidades e personalidades variando bastante. O que o tira do lugar-comum é a ênfase do enredo ser posto sobre a equipe e não em um protagonista.
Ao fazer isso, Linda conseguiu evitar a ideia de um grande salvador do mundo e ainda tornar mais interessante o relacionamento entre os personagens. Conforme avançamos pela história fica claro a importância de todos que nos acompanham e como eles podem acrescentar ao enredo, fazendo com que o jogo conte com um dos times mais interessantes já criados para um RPG.
Contudo, por mais que a história sirva como um excelente fio condutor para continuarmos explorando o vasto mundo de Valandis, as batalhas poderiam tornar tudo muito entediante, mas felizmente não é isso o que acontece. Sem querer reinventar a roda, mas adicionando bons elementos à fórmula consagrada pelos jogos dos anos 90, entrar em confrontos no Chained Echoes nunca se torna algo cansativo.
Aqui você também terá acesso aos mais variados golpes, magias e especiais, com as ações ocorrendo de acordo com a posição dos personagens numa fila. Isso não é muito diferente do alicerce fundado há algumas décadas por empresas como a Square ou Namco e se não fosse por um elemento chamado Overdrive, o jogo seria provavelmente criticado por não passar de mais do mesmo.
Funcionando como uma barra localizada no topo da tela, um marcador se moverá conforme realizarmos nossas ações. Partindo de um status neutro, quando o medidor chegar na parte verde estaremos em Overdrive, o que significa que nossos ataques serão mais poderosos, os golpes recebidos causarão menos danos e os especiais consumirão menos pontos para serem disparados.
O problema é que o tal marcador continuará aumentando e se ele chegar à parte vermelha da barra, entraremos em Overheat. Neste caso, nossos ataques e os especiais até voltarão ao normal, mas os danos sofridos pela nossa equipe serão muito maiores. Para evitar isso teremos que tentar reduzir o nível do Overdrive, o que poderá ser feito utilizando certas habilidades, defendendo ou trocando os personagens que estiverem em combate.
Num primeiro momento esse sistema pode ser um tanto intimidador e até passar a sensação de que nossas ações estão sendo limitadas. Porém, quanto mais evoluirmos e mais habilidades forem destravadas, mais interessantes as batalhas se tornarão, com a necessidade de nos mantermos na zona verde da barra tornando as lutas mais dinâmicas e adicionando uma camada de estratégia muito legal aos confrontos.
Outra escolha de design feita por Matthias Linda e que chama a atenção é o fato de os personagens não evoluírem através de níveis. Em Chained Echoes nos tornaremos mais fortes conforme adquirirmos novas habilidades e itens, o que poderá ser feito simplesmente ao participarmos das batalhas ou usando pontos que acelerarão o processo. A vantagem aqui é que isso praticamente elimina uma das maiores reclamações em relação aos RPGs antigos, o grinding.
Já na parte dos equipamentos teremos um sistema de criação que poderá adicionar algumas vantagens a armas e armaduras. O sistema funciona usando slots, o que nos obrigará a encontrar melhorias que se encaixem no espaço disponível ou evoluir o equipamento para liberar mais espaço. Contudo, eles também poderão ser facilmente encontrados pelos cenários ou obtidos em lojas, assim como acontece em quase qualquer jogo do gênero.
Outro elemento do jogo que merece muitos elogios é na parte técnica, pois tanto a trilha sonora (composta por Eddie Marianukroh) quanto a parte visual são belíssimas. Com uma quantidade de detalhes impressionante, os cenários e personagens contam com uma das pixel arts mais bonitas que já vi, remetendo diretamente à era de ouro dos JRPGs, mas aproveitando o poderio das máquinas atuais para nos oferecer um nível de qualidade que não era possível num Super Nintendo.
Com versões disponíveis para PlayStation 4, Xbox One, PC e Switch, estou jogando o Chained Echoes no videogame da Nintendo e não tive nenhum problema de desempenho.
Por tudo isso e por ter me mostrado que os RPGs com batalhas por turnos ainda podem ser muito legais, a criação de Matthias Linda se mostrou uma grata surpresa e um título imprescindível para quem gosta do gênero. Só é uma pena que ele não esteja localizado para português, o que impedirá que muitas pessoas conheçam esse ótimo jogo.
O post Chained Echoes — Por só mais um turno apareceu primeiro em Vida de Gamer.